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Tw!
Tentativa de suicídio

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O tempo passou como um borrão para Oda. Os últimos dois anos foram permeados de incertezas quanto ao garoto que continuava ligando para a linha de prevenção ao suicídio de tempos em tempos. Ele tentou procurar por Dazai, mas suas pesquisas foram infrutíferas, quase como se ele fosse um fantasma. Oda havia tentado de tudo: desde pesquisas onlines até visitar pontes de Yokohama - que eram o único local que ele tinha certeza que o garoto frequentava, talvez com frequência. Mesmo assim, não houveram resultados.

O ruivo havia começado sua pós-graduação em psicologia há pouco mais de um ano e estava prestes a terminá-la, o que ele lamentava, já que era isso que o mantinha distraído das preocupações diárias, além de seus filhos. As crianças eram, realmente, uma dádiva de Deus quando se tratava de distraí-los, mas não é como se pudesse passar o tempo todo com eles, afinal de contas, eles precisavam estudar e Oda precisava trabalhar.

Ango também vinha sendo uma boa distração às suas angústias interiores. Seu amigo, após perceber o estresse que vinha sendo acumulado em Oda, o chamou para beber no mesmo bar que sempre visitavam e eles conversaram muito. Sempre que eles tinham essas pequenas sessões de bebedeira e bate-papo era como se um peso fosse retirado dos ombros do ruivo - era terapêutico, de certa forma - e ele também não estava preocupado em ficar viciado em álcool, já que essas saídas eram montadas cuidadosamente para que não houvesse espaço para criar dependência.

Mesmo assim, pensamentos sobre Dazai ainda permaneciam em sua mente de vez em quando.

Ele não entendia o porquê daquele garoto em específico ter alugado um triplex em sua mente. Talvez era seu desejo incessante de morrer, ou a forma como ele se desumanizava completamente, ou era simplesmente porque Oda tinha um fraco por crianças e gostaria de ajudá-las o máximo possível.

'Ele não é mais uma criança' – Sua mente forneceu inutilmente. Se ele ainda estava vivo, o garoto deve ter cerca de dezoito anos, estando na porta da vida adulta. Esperançosamente, isso significava que ele havia, de alguma forma, saído de seu lar supostamente abusivo.

O ruivo esperava que Dazai estivesse em um ambiente melhor, no geral. Ou, no mínimo, vivo.

A culpa parecia o corroer por dentro, embora Oda estivesse ciente de que ele não era culpado de nada, e nem Dazai era. Ele sentia como se tivesse falhado em seu trabalho, mesmo que nem sequer soubesse se o garoto realmente havia se matado ou não. O homem sabia, porém, que não deveria se deixar ser atolado por esse sentimento, era apenas seu cérebro pregando peças nele.

Ah, como ele desejava que existisse um botão de desligar no cérebro. Seria encantador.

Antes que Oda pudesse ser sugado ainda mais fundo em seus pensamentos, o barulho estridente do telefone encheu a sala. Ah sim, ele ainda estava em seu trabalho. Ele deveria parar de ficar tão distraído durante o expediente.

Sem mais delongas, ele atendeu o telefone e disse a frase costumeira. Entretanto, a linha permaneceu em silêncio, o que fez com que sua testa se franzisse. Por um momento, pensou que havia ouvido errado e ninguém tinha ligado, mas logo descartou a possibilidade, pois conseguia ouvir sons de carros em movimento, água agitada e, ocasionalmente, o vento uivante. Uma sensação de nostalgia quase se apossou de seu ser, mas ele a expulsou rapidamente.

— Alô? Está tudo bem? – Oda insistiu, tentando arrancar alguma resposta de quem quer que tenha o ligado às... Ele olhou para o relógio. Quase onze horas da noite. Mais especificamente, dez e meia.

Isso era muito familiar para o seu gosto.

O silêncio durou por mais um momento, antes que uma voz hesitante pudesse ser ouvida. — Oi. – É o que foi dito, e Oda reconheceu imediatamente a voz, apesar de notar que ela estava um pouco mais profunda do que anteriormente.

você está me ouvindo? ; bsd ficOnde histórias criam vida. Descubra agora