Talvez

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—Vou pro meu quarto.

—Tá...—Ele concorda sem desviar o olhar e eu então saio pra me vestir no quarto.

Não sei o que deu em mim, mas sai sem pensar e muito menos checar o corredor, então ele estava lá, bem próximo a escada, parado como se soubesse que a qualquer momento eu pudesse sair de lá e quando me viu e seu rosto ficou pálido, parecia não ter colocado fé o suficiente em sua intuição.

Eu fui pro quarto e tranquei a porta, sabia que Oñoro não faria nenhum escândalo, mas com certeza voltaria a conversar com Carlos outra vez e agora eu queria estar realmente longe.

Me joguei na cama e respirei bem fundo, tudo que acabou de acontecer foi muito intenso pra mim e eu me pergunto se fiz a decisão certa. Eu sei que não dá pra esperar muito romance com Carlos, afinal nós não somos nada e pelas suas próprias palavras nunca seremos, mas acreditava que um momento como este talvez pudesse receber um pouco mais de delicadeza, até porque ele mesmo sabe que essa foi minha primeira vez em algo tão íntimo com alguém.

Eu gosto dele, mas será que é suficiente pra permitir tais carícias?

A pergunta pairou por um tempo, até eu me sentir levemente mal por ter deixado aquilo acontecer, eu esperava ser tratada de outra forma e ele não fez a menor questão de disfarçar que seu primo tinha uma certa razão. Mas e agora? O que eu iria fazer? Descer lá e fingir que nada aconteceu? Ficar aqui e me comportar como a garota inocente que ele acha que sou?

Essa era a segunda vez que questionava minhas atitudes com relação a Carlos, ele sempre me deixava insegura e eu definitivamente nunca me imaginei numa situação tão vulnerável com um homem, principalmente um que acabei de conhecer. Não era assim nos livros e não vai ser assim na minha vida.

Desci de cabeça erguida, sentei-me a mesa com outros convidados que conversaram gentilmente comigo durante o jantar. Eu me permitir ser contaminada pelo bom humor daqueles turistas que estão aproveitando ao máximo tudo que podem aqui no campo e aproveitei para contar um pouco sobre os meus planos para a faculdade.

—Tenho uma sobrinha que vai para Madrid também, ela vai estudar literatura, eu quero te apresentar a ela se possível. Vocês se dariam bem e até onde sei ela também estava buscando um apartamento para ficar. —Tony, um empresário aposentado comentou comigo. —Hoje mesmo vou na recepção tentar dar uma ligadinha pra ela, não custa nada e seria legal que você tivesse alguém como ela pra te ajudar... Ela é muito bacana, é tranquila e gosta de sair pra explorar um pouco a cidade, é o seu perfil.

—Ah! A Amanda seria perfeita, Catherine, vocês se dariam muito bem, eu tenho certeza. —Dalva, a esposa de Tony concorda.

—Bom, se conseguirem contacta-la por favor me avisem, o que eu mais preciso é de alguém por lá pra viver tudo comigo... Se ela estiver buscando uma colega pra dividir apartamento melhor ainda.

—Assim que eu terminar de jantar vou ligar pra ela, você não vai se arrepender.

Eu tive uma noite agradável, desde que ele chegou eu pouco interagia com os demais hospedes e poder fazer isso foi uma ótima forma de ocupar a mente.

Acabei indo dormir cedo e no outro dia fui direto pra cozinha preparar alguns molhos que havíamos combinado a uns duas atrás.

—Esse seu molho eu uso em todo tipo de receita, sabia? Adoro temperar com ele. —Lexa, uma das mais novas aqui na cozinha me conta.

—Eu tenho notado ele com certa frequência na comida. —Admito e nós rimos juntas.

—Catherine, o Tony tava atrás de você ali na recepção. —Betina entra na cozinha.

Palácio Blanco - Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora