Morangos frescos

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—Me procurou?

—Não... É que você sumiu rapidamente, pensei que fosse voltar.

—Fiquei com a impressão de que tivesse me procurado. —Brinco e mordo propositalmente o lábio inferior.

—Você... Você já tomou café?—Ele observa meus lábios e desce o olhar muito rapidamente para os meus seios, então arranha a garganta e volta a olhar pros meus olhos.

—Gosto de tomar longe das pessoas. Vou juntar umas coisas e... acho que devo tomar no campo.

—Parece interessante.

—Não tenho costume de levar hospedes lá...

—Mas se um hospede acabar caminhando lá por perto, isso seria um problema?

—Eu acho que não...

—Talvez eu dê uma volta no campo antes de tomar café.

—Então talvez você me encontre por lá.

Eu o solto e entro no meu quarto, olho pro corredor e fecho a porta com um sorriso no rosto sabendo que ele ainda está me olhando e que agora sabe exatamente onde fica o meu quarto.

Encarei o guarda roupa e tentei ser rápida, mas sinceramente tinha duvidas quanto ao que usar. Revirei o armário até encontrar um vestido que gosto muito, todo branquinho com detalhes em flores vermelhas bem pequenas.

Eu desci e montei uma cesta com a ajuda de Betina e pedi total discrição dela, já que não tinha a menor das intenções que isso chegasse nos meus pais ou em qualquer outro hóspede e funcionários.

Eu peguei o caminho sabendo que Carlos ia conseguir me ver se prestasse atenção, e segui caminhando por quase dez minutos até a área do riacho onde fui mais cedo. Sinceramente não tinha ideia do que estava acontecendo comigo, mas se ele me deu abertura pra uma conversa, eu sentia que o melhor seria aproveitar, pra não correr o risco de me arrepender depois.

—A gente consegue medir o tamanho das intenções de acordo com a distancia que a pessoa toma pra não ser vista... Sabia disso?—Ele finalmente aparece.

—Eu venho quase sempre aqui, não é longe pra mim.

—Não estava falando de você. —Ele se senta do meu lado e olha em volta. —É, vale a pena.

Desfaço a cesta e ofereço uma torrada com patê pra ele provar.

—Você veio super preparada. —Ele come e faz sinal com a cabeça aprovando a comida. —Isso tá incrível, você que fez?

—Sim, gosto de experimentar algumas coisas, esse patê eu fiz e passei a receita para as meninas da cozinha, elas sempre fazem.

—Você tem um talento mesmo.

—Tá falando isso por conta de um patê?

—Estou ansioso pra provar o resto... —Ele pega um dos morangos e passa pelos meus lábios. Eu mordo e seu olhar fica me avaliando atentamente.

—Eu adoro morango.

—Eu também—Ele concorda.

—Você quer provar? —Pego outro e ele assente com a cabeça.

—Quantos anos tem?—Ele pergunta depois de comer o morango que coloquei em sua boca.

—Você sabe que eu tenho dezoito.

—Você é muito nova...

—Fala como se você tivesse setenta anos...

—Por que você fica me provocando?

Nos encaramos por um tempo calados, eu olho bem em seus olhos e sei que ele está confuso, acho que exatamente como estou me sentindo agora, mas também sei o que eu quero e talvez no fundo ele também saiba.

Em um único movimento ele me segura e eu passo por cima do seu colo, ficamos muito próximo, sinto sua mão grande nas minhas costas, ele me acaricia suavemente e eu toco seu rosto.

—Eu só posso estar maluco...—Ele me beija suavemente e eu fecho os olhos.

Segui seus movimentos, eu já tinha visto beijos nos filmes, mas sabia que eram pura fantasia e sempre me imaginei fazendo o mesmo, só que de verdade como agora, e era muito bom. As minhas amigas já beijaram, eu só selei os lábios de um único garoto nos meus quinze anos e pronto, cheguei a achar que houvesse algo de muito errado comigo, mas pelo visto eu só não tinha conhecido Carlos ainda.

Senti sensações diferentes, todas as vezes que ele me apertava um pouco mais ou descia a mão pra minha cintura, era como um calor lá e isso me deixou um pouco confusa e até constrangida, será que eu estava realmente ficando excitada?! Quando me mexo um pouco em seu colo tenho certeza de que o que estou sentindo é excitação e paro de uma vez.

—O que foi?

—Nada... Não foi nada.

—Tem certeza? Foi algo que eu fiz?—Ele retira as mãos de mim.

—Não...

—Me fala, Catherine.

—É meu primeiro beijo.

—Oi?!

—Esse é meu primeiro beijo.

Ele deita no cobertor e coloca as mãos no rosto respirando fundo.

—Catherine... Isso é complicado. —Finalmente volta a me olhar e se senta colocando a mão novamente nas minhas costas.

—Foi ruim?

—Não, lógico que não... É que você é muito nova, eu tenho dez anos a mais que você, não é muito comum esse tipo de coisa, ainda mais vendo agora que você...

—Que eu o que?

—Que você não tem experiência de nada ainda.

—Isso é um problema pra você? Ninguém nasce sabendo, Carlos...

—Eu não posso correr o risco, entende? Eu nem terminei oficialmente meu namoro.

—Rebecca é sua namorada?

—Mais ou menos, estamos indo... mas brigamos muito, é difícil dizer.

—Você sabia que eu tinha dezoito anos...—Saio do seu colo.

—Sim, eu sabia sim, mas eu não imaginava que você teria tão pouca experiência assim, o seu olhar provocativo, seu jeito de morder o lábio, por algum motivo não passou pela minha cabeça que você fosse uma menina praticamente...

Engulo o seco e concordo, sentindo um nó na garganta.

—Vou voltar pra lá, o pessoal daqui a pouco vai notar que estou demorando.

—Certo...

Ele beija o meu rosto e sai, sem nem olhar pra trás, apenas com semblante de preocupado, parecendo que está levando 100kg nos ombros.

Por teimosia as minhas lágrimas escorrem pelo rosto e eu me sinto completamente idiota por isso. É lógico que um cara como ele não seria inteiramente perfeito, era pedir demais um príncipe encantado.

Palácio Blanco - Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora