O Carlos de verdade.

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CARLOS SAINZ

Quando a Aria saiu de casa eu encarei todo aquele silêncio e fiquei me indagando se teria feito uma boa escolha colocar as duas pra conviver desta forma e com certeza não foi. A Rebecca não mora oficialmente comigo, mas passa boa parte do meu lado por conta das nossas agendas e a pedido meu no início do nosso relacionamento, a Tete de certa forma foi obrigada a invadir este espaço a pedido dos meus pais, que embora queiram evitar a exposição da Tete, não sabem bem como isso afetaria minha namorada.

De qualquer forma tudo estava feito e eu não sei se tinha disposição o suficiente pra reverter as coisas, afinal de contas esta foi a primeira semana que a Tete esteve conosco e mandá-la embora pode me trazer arrependimentos futuros, principalmente no meu relacionamento com minha filha. Era difícil estar nessa situação, porque eu me sentia constantemente observado, todos os funcionários têm uma curiosidade secreta de saber como tudo aconteceu e principalmente como será minha relação com as duas daqui pra frente, e eu não tenho a menor ideia do que fazer.

Eu magoei a Rebecca, fiz ela passar por constrangimentos e engolir muita coisa calada, o que não me deixava nenhum pouco confortável em tomar qualquer atitude com relação a ela, nosso relacionamento hoje tá inteiramente nas mãos dela e ela sabe disso. Com a Tete eu já fiz tanta merda que nem sei, e era extremamente difícil saber que ela está tão perto assim de mim, mas que agora não podemos nos tocar ou qualquer coisa parecida.

Dias atrás se a Tete tivesse me pedido pra tentar fazer as coisas diferentes, eu teria aceitado e talvez tudo por aqui estivesse bem, sem brigas, sem ameaças, mas ela não me pediu, pelo contrário, deixou tudo na minha mão e eu tomei a decisão mais fácil possível. Talvez por covardia.

Eu dei um tempo nos pensamentos, porque parecia automático, toda vez que pensava nisso meu cérebro viaja pra o quanto tudo seria melhor se a Catherine tivesse me permitido estar com ela e eu não podia mais dar cabimento pra esse tipo de pensamento. Fui até seu quarto e abri sem bater, estava tão quieto que eu entrei devagar evitando fazer qualquer barulho possível.

Vi seus cabelos cumpridos entre os lençóis e me aproximei, sentei na cama e observei aquele rosto sereno.

–Aria? –Ela se mexe um pouco e eu levanto.

–Sou eu.

–Carlos... Pensei que não fosse voltar... –Ela coça os olhos e se espreguiça.

–A corrida não era longe, finalizei tudo por lá e resolvi voltar pra casa... Desde que horas está dormindo.

–Acho que desde duas da tarde... –Ela se senta e olha em volta. –São que horas?

–Oito.

–Nossa...

–A Aria também saiu com as meninas, estamos só nós dois, o que quer jantar.

–Tanto faz, nossa, eu dormi tanto que minha cabeça tá doendo agora. –Ela vai saindo da coberta e eu vou observando seu corpo.

O short era curto mas eu me obriguei a não pensar em nada porque minha filha estava entre nós e o sutiã que ela estava usando tinha um tecido fino, que marcavam seus seios, por um segundo eu tentei pensar no que dizer mas não me veio nada na cabeça.

–A Aria topou se encontrar com elas?

–Sim, ela estava na cozinha lendo o livro que você deu... Estava tudo tão quieto e eu precisei perguntar o porquê, então ela me contou e eu achei melhor que ela fosse encontrar com as meninas e o namorado.

–Claro.

–Se não tiver problemas pra você...

–Não, tá tudo bem, até queria que ela fosse, imaginei que fosse acabar dormindo o dia todo e ela não ia ter o que fazer aqui. 

Palácio Blanco - Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora