— Muniz, na minha sala agora!! — meu chefe me chama e eu imediatamente fico em pé. Abaixo minha saia escura que tinha subido quando eu cruzei as pernas mais cedo e me apresso para alcançar o senhor Bóris que já estava uns bons passos na minha frente.
Ainda bem que estava de sapatilhas nesse momento, se aquilo fosse um salto, eu teria estourado pelo menos um dedo meu. Não sei como uma pessoa com pelo menos um palmo de perna a menos do que eu conseguia andar tão rápido. Ele era veloz como uma bala quando usava aquele tom imperativo comigo.
Não que eu me incomodasse com o tom que ele usava, mas é que muitas vezes ele aparecia do nada, gritava e acabava me assustando um pouco. Perdi as contas de quantas roupas eu já tinha estragado quando ele me chamava e eu estava segurando um copo de chá gelado nas minhas mãos — aprendi a gostar de chá gelado, depois de me queimar algumas vezes com o café.
Se eu for ser bem sincera, eu gostava e muito do meu chefe. Ele tem um ritmo bem acelerado e parece uma criança hiperativa, mas ninguém pode negar que é um bom homem. Muito exigente claro, mas com razão.
Ele não chegou no patamar que está hoje sem exigir o melhor não apenas dele, mas de todos ao seu redor. E por isso que sou muito feliz por ser a principal assistente dele. Ralei muito para chegar até aqui, e estava constantemente vivendo um sonho. Noites em claro estudando e pensando. Telefonemas, emails e tudo o que estava ao meu alcance para conhecer as pessoas certas e nos melhores momentos.
Quando recebi a ligação que tinha conseguido o emprego, um pouco mais de um ano atrás, fiquei tão feliz que pensei que fosse desmaiar. Não era o emprego dos meus sonhos, ainda, mas estava cada dia mais perto. Só de ter a oportunidade de aprender e estar bem perto de uma das pessoas mais competentes do ramo, fez todo o esforço valer a pena.
Eu só podia esperar alcançar o que ele tinha e mais... Me processem por sonhar alto.
Muito rápido eu me acostumei com o ritmo acelerado das notícias, com a quantidade de celebridades que passavam pelos corredores todos os dias, com as reuniões que eram quase uma feira com as pessoas gritando para ver quem tinha a sua ideia comprada mais rápido, com as pessoas que achavam que tudo pode ser comprado.
Era uma sandice, mas eu tinha sonhado com ela todos os dias da minha vida. Desde pequena em vez de sonhar em ser uma grande apresentadora de televisão, eu sempre quis ajudar a montar esse grande programa.
E sabia que não estava tão distante disso, ou pelo menos é o que eu espero.
— Feche a porta — Bóris fala apressado e vai logo sentando em sua grande cadeira preta fazendo com que as rodinhas trabalhassem e rangessem de leve sob o seu peso.
— Sim senhor — faço o que ele pede rapidamente e em dois tempos já estou de pé em frente a mesa dele. Aprendi a ser eficiente, não fazer perguntas estúpidas, anotar quase tudo o que ele falava e sempre ter um sorriso inteligente no rosto.
— Senta Catarina, quero falar uma coisa séria com você. Precisamos conversar — me chamou pelo primeiro nome. Vem coisa grande por aí...
Merda! Isso não poderia ser uma coisa muito boa. Sento na cadeira um pouco menor na frente da sua grande mesa e aperto minhas mãos em meu colo, amassando um pouco caderneta que eu tenho em mãos e segurando com força a caneta, bem nervosa.
'Precisamos conversar' devem ser as duas palavras que mais antecedem más notícias no mundo!
Tento buscar na memória alguma coisa que eu possa ter feito de errado, mas não consigo pensar em nada. Droga! Será que ele vai me mandar embora por uma porcaria errada que eu fiz e que nem lembro?
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O que Acontece nos Bastidores
Romance♥ História completa ♥ Você já teve a curiosidade de saber o que acontece quando as câmeras do seu programa favorito não estão gravando? Catarina Muniz sabe muito bem o que acontece entre um programa e outro, e a vida por trás dessas câmeras é a que...