Episódio 12 - Finalmente!

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Ao abrir a porta, vejo diversas emoções cruzarem o olhar de Chuck, e me dou tapinhas nas costas mentalmente por não desviar o olhar do dele.

— Oi... Posso entrar? — ele pergunta meio perdido, olhando para os corredores.

Sei bem do risco que ele está correndo por estar ali, então apenas viro o corpo e aponto para o quarto.

— Sente onde quiser... — digo. Ele passa por mim e não sei se ele tomou um banho, mas ele trocou de roupa. Usava uma camisa coral com pequenas conchas desenhadas e uma bermuda clara. Não sei se isso é uma coisa boa ou ruim.

Chuck não senta, e fica perto da janela. Ele olha para cima, para a noite, que ainda está molha a terra com firmeza, mas então me encara.

— Catarina eu... — ele começa a falar, mas então percebo como está tendo dificuldade com as suas palavras. Passando as mãos pelo cabelo, vejo quando seus dedos fazem uma pressão no couro cabeludo, puxando as raízes — Vou começar com o principal. Eu sinto muito.

— Não precisa pedir desculpas... — claro que eu estava com uma mágoa enorme e não sabia se me livraria dela, mas eu não tinha os pensamentos tão nublados a ponto de pensar que em algum momento dessa noite ele tinha planejado isso.

Com uma clareza que não queria ter, é fácil lembrar que foi a Diana que deu o primeiro passo.

— Preciso sim, eu... Percebi o que aconteceria, mas mesmo assim deixei as coisas acontecerem. Eu poderia ter dado uma desculpa, eu...

— Você não faria isso Chuck. Que desculpa plausível você daria? Diana é boa e você sabe bem disso. Foi até melhor assim — as palavras pesaram na minha língua. Acho que pela verdade que elas carregavam.

— Claro que não foi melhor. Não diga uma coisa dessas... — ele parece preocupado e vejo quando dá um pequeno passo na minha direção, mas então para.

— Eu preciso escutar isso... Senão não sei como vou ficar Chuck. O fato é que aquele beijo aconteceu. Ponto.

— Contanto que esse ponto não seja o final entre a gente, posso viver com isso — só de imaginar um fim, o ar aperta na minha garganta e balanço a cabeça com ferocidade.

— Não pode ser. Não quero que seja — dou um passo em sua direção.

— Ainda bem Catarina. Quando percebi que você tinha sumido das gravações logo depois... Bem você sabe. Eu pensei que tinha estragado as coisas de vez... Mas eu disse que viria te ver, eu só fiquei rezando para que você quisesse me ver também... Nem que fosse pra gritar e talvez arremessar algo em mim.

— Chuck... — quase ri do modo como ele falou a última frase. — Ok, aconteceu, vamos deixar isso para lá? — digo não querendo ficar mais relembrando.

— É tudo o que eu mais quero...

Os ombros de Chuck parecem relaxar um pouco, mas não muito.

— Sabe, se eu for ser bem sincera, estou bem chateada com o que eu presenciei hoje. Mas o sentimento maior é de inveja...

— Inveja?

— Sim... Quando olhei para a chuva batendo no telhado, eu queria muito compartilhar ela com você...  Teria sido maravilhoso deitar ali ao seu lado e ficar pensar que estavam chovendo estrelas sobre nós.

— Ainda podemos fazer isso... Ainda podemos ir lá, se você quiser... — então ele percebe que talvez aquele não seja o momento mais propício, nem o local que eu queira ir novamente, e começa a falar. — Quer dizer, sem pressão, não precisa ir... Já que... Quer saber? Acho que vou parar de falar um pouco, pra não piorar as coisas.

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