Episódio 10 - E Restam Apenas 3

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Eu tinha razão ao desconfiar que eu seria o assunto do dia no set. Quando voltei para o dormitório, não encontrei com ninguém, mas bastou eu colocar o pé na produção para que as pessoas começassem a cochichar.

Sério que elas achavam que eu não percebia quando elas tentavam discretamente na minha direção?

Só que como ninguém veio falar diretamente comigo, está ficando bem difícil descobrir o quão intensa é a fofoca. A única coisa que dava para ter a certeza é que eu era um dos centros da fofoca, isso não tem como negar.

Estava ajudando um dos rapazes que é responsável por arrumar a iluminação, quando uma das produtoras mais velhas, praticamente brota do meu lado, e sem nem me dar um bom dia ou um oi, já vai logo perguntando.

— O que o Charles Keller queria com você ontem tarde da noite? — direta é pouco pra o que ela fez agora.

— Hã? — digo mais para ganhar tempo do que perdida, eu escutei bem da primeira vez. Sabia que essa pergunta eventualmente chegaria até mim, só que não esperei que ela fosse falar tão na lata assim...

— Não precisamos disso Muniz... Você sabe muito bem quem é. Te viram saindo do dormitório com ele, e então... O que ele foi fazer lá?

— Ele precisava de algumas coisas para hoje cedo, e então me pediu para ajudar... — digo com a voz bem séria, nem tremi.

— E que tipo de coisas? — deu pra sentir a desconfiança na sua pergunta. Só que ela não me conhece bem ao ponto de saber que estou mentindo.

— Não que você precise saber, mas aparentemente um dos seus instrumentos deu problema e ele me pediu para contatar o conserto.

— E isso não poderia esperar até hoje de manhã?

— E eu que vou saber disso? Se quiser saber o motivo para tamanha pressa, você pode perguntar diretamente pra ele... — dou de ombros e sei que ela nunca que vai levar uma fofoca dessa para o Chuck, então tá tudo tranquilo.

— Pra ele não é... E foi somente isso? — a mulher espreme um pouco os olhos, como se aquilo fosse ajudá-la a ler as minhas expressões e atitudes. Como se eu fosse me deixar intimidar por apenas isso.

— Claro — e eu me mantive calma.

Mesmo assim estava claro que ela não acreditou muito em mim quando começou a se afastar. Do mesmo jeito brusco que ela chegou, foi embora também.

Solto uma longa respiração que nem sabia que segurava e quando percebi, o rapaz que estava em cima da escada já está ao meu lado.

— É impressionante como as pessoas parecem mais agitadas por causa de uma fofoca do que com o próprio trabalho... — o rapaz fala. Fiquei mal por não conseguir lembrar do primeiro nome dele, mas no seu crachá tinha seu sobrenome.

— Concordo Moura, parece que todo mundo fica mais atento quando tem uma conversinha dessas acontecendo.

— Com certeza, mas isso é em todo lugar... Só que parece quando envolve um pouco de fama, as pessoas parecem querer cruzar limites... — ele diz arrumando a escada.

— Não sabem nem o que é limites muitas vezes...

— E o pior é quando começam a assumir coisas sobre conduta, ética e personalidade de uma pessoa quando claramente não a conhecem, apenas vão tirando conclusões por causa de um disse-me-disse que escutam pela metade...

— Definitivamente é o que acontece. É um saco isso. Quando se é o alvo então...

— É a primeira vez que eu vejo ela falar com você, e dava pra ver que ela já tinha um julgamento todo pronto na cabeça dela antes mesmo de escutar a sua voz. E o pior é que mesmo sabendo como é ser o alvo da situação, ainda sim não param.

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