Capítulo 2

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˜ I'll wait for your love ˜

Nunca pensei muito em me tornar escritora, passei a vida criando mundos imaginários em minha mente, sempre vagando pelas criações. Quando decidi passar as ideias para o papel fui desmotivada por aqueles que se diziam família, não esperei que me apoissem. Era complicado viver ao redor do narcisismo descontrolado de minha mãe, os abusos de meu padrasto e o meu irmão mimado que tinha tudo o que queria, continua sendo deste mesmo modo, mesmo que tenha se passado anos.
No ensino fundamental surgiu minha primeira grande oportunidade de conseguir apoio das pessoas, nada importava mais do que escutar opiniões de pessoas desconhecidas com um olhar que me desse esperança, mesmo se fosse criticada, ao menos saberia que alguém havia se importado o suficiente comigo para ler o que escrevi.
— Olive, seu conto de terror é um indício forte de que seguirá um caminho de escrita — a mulher de cabelos loiros como o ouro dá um sorriso sutil, diziam que a professora era norte americana que vivia em alguma parte da ásia, fugiu com seu filho após seu marido a ameaçar, aqui ela encontrou amor na educação — espero poder ler o que escreverá no futuro, sei que será maravilhoso os mundos que construirá.
— Obrigada professora! — ela se retira dando lugar aos demais professores —
— Devo discordar da professora de artes — o homem barrigudo que fedia a nojo, ganhava bem como diretor, mas nunca conseguiria anular seu cheiro sorriu em deboche — uma garota que escreveu atrocidades, assusta qualquer um que lesse suas historinhas — seu odor azedo inunda minhas narinas atiçando meu estômago para um possível vômito —
Os demais professores concordaram com as críticas do diretor, isso não me entristeceu. Jamais me deixaria triste com críticas, pelo menos haviam lido e prestado atenção em mim.
— Por qual motivo mesmo que deveríamos continuar aqui? — Xavier, o homem que minha mãe decidira passar o resto de sua vida e teve um filho, reclama novamente. Ele cheirava a graxa devido seu trabalho como mecânico, comecei a odiar o cheiro forte da graxa quando aquilo aconteceu —
— Se não viéssemos, a escola iria atrás para saber o que houve com os pais de Olive que não comparecem nos eventos escolares — a mulher de cabelos ruivos com leves rugas dando sinal de que sua velhice se aproximava, o terror de minha mãe, cochicha baixo para que apenas meu padrasto conseguisse escutar, o que não foi o caso —
O rosto natural de minha mãe era belo, admirava sempre sua beleza contrastando com o ruivo de suas madeixas. Isso sumiu quando decidi ir embora daquela casa, ela ligava implorando por dinheiro ou jogando na minha cara que me criou, eu a devia por longos dezoito anos. Foi difícil tomar atitude da situação, controlar as rédeas de minha vida. Mas consegui, e isso deixou minha mãe furiosa por não poder mais fazer procedimentos em seu corpo e impedir que a velhice lhe atingisse.
— Se tirássemos-a da escola, não precisaríamos mais participar dessas palhaçadas — ele cochichou de volta —
— Os professores se foram, não precisam mais se obrigar a continuar aqui — pego as folhas que costurei para simular um livro, folheando orgulhosa do que conclui —
Olho de volta para os meus responsáveis e não os encontro mais. A única coisa que afirmo após o fim do evento escolar é ter passado horas no banheiro chorando. É tão difícil assim de ser amada? Pedir o mínimo é pedir muito? Chorei tudo que podia, jogando para fora a dor presa em meu interior. Ali coloquei em minha mente que nunca esperaria pelo amor de ninguém.

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