Falhar e uma xícara de chá

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Arackniss abriu seus olhos enquanto um bocejo preguiçoso deixava sua garganta, com uma das mãos o moreno coçou o olho esquerdo na tentativa de espantar seu sono. O mesmo encarou onde estava apesar da sonolência, com a cabeça maquinando pra tentar saber em que lugar estranho ele foi se enfiar, não era nada parecido com seu apartamento moribundo ou com a sede luxuosa da máfia, na realidade não parecia com nada que ele conhecia!
   Havia uma grande lareira a sua frente, que queimava de forma a deixar o cômodo mais aconchegante, o lugar aonde estava adormecido era uma cama luxuosa talvez king size, mais dada ao seu tamanho corporal ele não saberia afirmar se a cama que era grande ou ele que era pequeno. Havia um guarda roupa de madeira escura que a pequena aranha julgou ser caro demais pra ele bancar com seu mísero salário de 500 dólares mensais, virando o rosto a aranha encontrou seu chapéu, jogado junto a sua pistola. Seu rosto se contorceu em uma carranca irritada não sabendo ao certo onde estava, sua mente vagava tentando buscar algum sentido naquilo tudo enquanto suas mãos esfregavam cada vez mais seu próprio rosto.

Antes que o italiano chegasse a uma conclusão de fato, houve então um barulho da porta sendo destrancada e logo a maçaneta girou e o chiar da porta fez presença, a aranha quase pulou da cama pelo susto das ações repentinas. Porém pra sua sorte, ou azar, era apenas um pequeno ser ovóide que andava com uma bandeja de prata sobre sua cabeça enquanto cantarolava uma canção infantil

-London Bridge is falling down
Falling down, falling down~ - o pequeno ser parecia não ter notado que era observado, enquanto isso Arackniss fazia uma anotação mental de que possivelmente o dono daquele lugar era britânico. A música era bem conhecida sendo talvez do início ou do fim da era de reinado da rainha vitória. - My fair lady! - o ser continuou e logo após levar a bandeja até o criado mudo ele enfim abriu seus olhos notando que enfim a pessoa a quem era hospedada estava de pé. O pequeno ovo deu um grito e logo saiu correndo desesperado.

- espera! - a aranha tentou o chamar mais foi em vão, o homúnculo já havia partido aos berros. Arackniss levou a mão até o rosto e apertou a ponta do nariz na tentativa de aliviar seu estresse, o italiano estralou a língua no céu da boca antes de enfim tomar a decisão de se levantar. O mesmo logo catou seu chapéu e o pós apressadamente, o couter em sua cintura parecia intocado e o canivete suíço escondido sobre o falso bolso em seu casaco também não foi retirado. Parecia que ao mesmo tempo que tinham tomado cuidado pra move-lo durante o sono também haviam se certificado de não mexer demais no seu corpo, sinceramente ele agradecia por isso, depois da experiência péssima de Valentino tentando colocar as mãos dentro de suas calças a todo custo durante uma reunião de negócios ele não precisava lidar com mais um ninfomaníaco daquele tipo.

Com cautela o mafioso andou apoiando-se na parede da mansão, seu corpo parecia gelatina e sinceramente não seria surpresa se em algum momento ele caísse com a cara no chão. Suas pernas estavam bambas talvez pelos ferimentos recentes... Ele definitivamente não devia ter quebrado aquele espelho, não é atoa que dizem que dá 7 anos de azar.

...

1917. Foi o ano que os gêmeos nasceram.

- Nicolas! Eu já mandei você não tocar os bebês com as mãos sujas! - a mulher de cabelos loiros gritava irritada com seu filho mais velho, ele só tinha 5 anos a mais que os irmãos. O pequeno se assustou com o grito de repreensão e logo se afastou do berço erguendo as mãos como se estivesse sendo pego em um assalto. - Hora essa, você tem que ser mais cuidadoso menino! Vem cá anda! Mostre as mãos!- a mesma logo pegou uma colher de pau e assim estapeou as mãos do filho. - e se chorar vou bater de novo!

- ... - a criança mordeu a própria língua como forma de ficar calado, ele sabia as regras e mesmo assim as quebrou, estava tudo bem ser punido por isso, afinal era justo. Ele tinha falhado de certa forma, e falhar não era bom.

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⏰ Última atualização: Aug 26 ⏰

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Amargo veneno - Pentniss Onde histórias criam vida. Descubra agora