Capítulo 6

1 1 0
                                    

Mais uma vez confiei, mais uma vez entreguei-me, todos os que passam por mim dizem que me entrego demasiado. Desta vez sinto que nem consigo pôr em palavras tudo o que estou a sentir. Não consigo falar com ninguém, não consigo admitir que aconteceu tudo o que eu mais temia.

Eu digo a mim própria e mesmo a todos os outros que não interessa, porque de que me vale dizer que estou destroçada, não vai mudar nada por isso... Por vezes excluo as poucas pessoas que se preocupam comigo pois não sou capaz de me abrir. 

A única maneira pela qual consigo me exprimir é pela escrita, então cá estou eu a escrever numa história que eu esperava nunca mais abrir.

A maneira como ele me tocava como se sempre quisesse mais, a maneira como ele me olhava que para além de me fazer sentir segura...fazia-me sentir amada. A maneira como ele se despediu de mim da última vez que nos vimos, quando ele me olhou nos olhos e disse que não queria perder aquilo que a gente tinha,como ele me prometeu com as suas palavras que não me iria usar. No entanto não deixo de me sentir assim porque como é possível alguém te querer tocar e fazer ainda para além disso e depois dizer que eu estou a ir depressa de mais por ter sentimentos.

Eu tenho sentimentos que SIM gostava de poder desligar, na nossa última chamada tive que morder o meu lábio e beliscar o meu dedo para impedir as lágrimas de verterem pela minha face.

Dói-me apegar tanto ás pessoas, sou sempre eu que saio magoada, todos seguem em frente e eu continuo a ser deixada para trás.

Como posso eu seguir em frente de algo que não para...

A dor dentro de mim era tão grande que eu fiz algo que nunca pensei que faria por amor, algo que na verdade esperava nunca mais fazer na vida.

Mas se o meu coração grita comigo e eu sinto um desespero como se o mundo fosse acabar, se nada parece melhorar por nada que eu faça eu sentia que não tinha outra escolha.

Toda a dor que eu estava a sentir não passava por tanto eu tentei pará-la, não o fiz por mal, nem para ninguém me notar apenas eu precisei de deixar sair o que estava a sentir da única maneira que eu conhecia.

Eu tomei dois comprimidos da minha mãe, não com o intuito de me magoar apenas queria adormecer a dor que não parava de me consumir.

Mas nada parecia resultar eu tentei ligar á minha mãe tentei contar-lhe, mas a verdade é que eu não conseguia sequer falar sobre o assunto então eu apenas deixei-a falar até ela adormecer. Quando tudo o que me restava era o ressonar da minha mãe através do telemóvel, quando o meu desespero mal me deixava respirar recorri á única coisa que achei que me poderia ajudar.

Eu não me orgulho do que fiz mas eu realmente não via outra maneira de libertar tudo o que estava a sentir.

AVISO PARA O QUE VOU DIZER PODE PERTURBAR LEITORES SENSÍVEIS.

Eu peguei o meu isqueiro e fui fumar algo que normalmente me acalma mas desta vez não resultou, então enquanto eu fumava tudo o que conseguia era olhar para a chama e pensar como seria aquela luz ardente tocar a minha pele, eu controlei-me e acabei de fumar mas sentia um velho hábito a chamar por mim, algo que eu sabia que me ia fazer descontrolar e voltar a um sítio de autodestruição. Mas a vontade não parava por muito que eu tentasse não ouvir a voz que me implorava para eu apenas me deixar ir, não fui capaz de continuar a lutar.

Eu nunca me tinha queimado nem pensava que alguma vez o fosse fazer, mas aquela dor não parava de me perseguir então eu cedi ao meu desejo mais sombrio.

Enquanto a minha mãe dormia pelo telemóvel, eu voltei a pegar o meu isqueiro mas desta vez não foi um cigarro que eu acendi. 

Eu no inicio apenas deixei o metal aquecer, encostei o na minha pele e apenas o levantei quando deixei de o sentir. Comecei a deixá-lo aquecer cada vez mais próximo da minha pele, cada vez que a minha pele se contorcia eu sentia uma espécie de um choque desde o pulso até ao cotovelo. Eu não me consegui parar então durante 40 minutos eu deixei toda a minha dor sair, pois cada ínfimo de dor apenas me distraia de uma dor tão maior.

 Quando eu finalmente parei eu já não sentia nada era como ter desligado as minhas emoções estava completamente fria por dentro. Foi como uma pausa da minha dura realidade.

Eu não vou mentir, eu arrependo-me não pela marca que deixei no meu corpo e sim pela porta que eu reabri uma porta que me tinha custado tanto a fechar.

Eu não consigo evitar que agora tudo o que consigo pensar é em fazê-lo de novo.

Realmente como é possível alguém me amar ou sequer tolerar-me quando eu nem me sei controlar.

Toda a dor que eu sentia desapareceu mas se ao menos fosse para sempre, mas eu apenas a adormeci, não a matei por tanto ela já está a voltar aos poucos a sufocante dor que me tira a respiração. Tudo o que eu queria era fazer tudo de novo mas primeiro tentei escrever aquilo que sentia pois talvez me ajudasse exprimir aquilo que sinto por palavras mesmo que não faladas.

Não sei quanto mais tempo aguento, eu só quero libertar os gritos em que a minha mente está. Só quero parar de sentir, se os meus sentimentos tivessem ao menos um botão de desligar...

Acho que é tudo por agora não vejo o que mais possa acrescentar...

PARA TODOS OS QUE ESTÃO A SENTIR ESTA DOR NÃO USEM OS MESMOS MÉTODOS QUE EU VAI DESTRUIR TODA A VOSSA VIDA ACREDITEM E NÃO DÁ PARA VOLTAR ATRÁS.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jun 02 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O diário de alguém que se quer desapaixonarOnde histórias criam vida. Descubra agora