Estou acordada há horas, observando o teto metálico da minha cela na Arca. O silêncio é interrompido apenas pelo som ocasional de passos de guardas no corredor. Faz meses que estou aqui, contando os dias desde a execução dos meus pais. A perda ainda é uma ferida aberta, mas a raiva e a determinação de descobrir a verdade – isso se reconsiderarem a minha sentença – me mantêm viva. Sinto um peso constante no peito, uma mistura de tristeza e indignação que parece nunca desaparecer.
Penso na Terra, um planeta que nunca conheci, devastado pela guerra nuclear há quase um século. Sempre achei difícil imaginar a magnitude de tal destruição. Os sobreviventes se refugiaram na Arca, uma estação espacial composta por várias espaçonaves conectadas. Três gerações já nasceram e morreram aqui, e a previsão é que a Terra só se torne habitável novamente daqui a mais duas gerações. A vida na Arca é difícil e cheia de desafios, governada por leis rígidas e punições severas. Qualquer crime, por menor que seja, resulta em execução – a menos que você fosse menor de idade. Para nós, havia um período no isolamento, mas todos sabiam que, ao atingir a maioridade, a morte era inevitável.
O conselho reconsidera a sentença quando completamos dezoito anos, uma chance de nos livrar de vagar eternamente pelo espaço, sem vida, sem rumo ou destino final. Mas nos últimos meses, eles executaram até quem cometeu os menores dos crimes. Ou seja, as minhas chances de ter um futuro diferente dos meus pais são poucas, já que o meu crime é considerado grave. Eu só acho que, se fosse tão grave assim, eles deveriam proteger mais o sistema de segurança deles porque eu não precisei de muito esforço para acessar os arquivos confidenciais da Arca. Se aquele maldito guarda tivesse chegado quinze minutos depois, talvez agora eu pudesse morrer em paz, sabendo a verdade sobre os meus pais.
Hoje, algo parece diferente. Os guardas geralmente me ignoram, mas agora, dois deles param em frente à minha cela. Um deles, um homem alto com uma expressão severa, abre a porta.
Enquanto seu companheiro tranca a passagem pela porta da minha cela, ele entra com uma maleta reforçada.
— Sintam-se em casa. – Eu brinquei, tentando esconder o medo e a confusão que cresciam dentro de mim.
Os sentimentos somente se intensificaram quando o guarda tirou da mala um bracelete um pouco peculiar. Ele era de ferro reforçado e parecia ter uma tecnologia avançada. Quando o homem alto se aproximou de mim ainda com a mesma expressão séria, eu me encolhi e recuei até bater na parede da solitária.
— O que vocês estão fazendo? – Eu me encolhia ainda mais enquanto o guarda agarrava o meu braço com o objetivo de colocar o bracelete em mim. – Não é a minha hora ainda! Ainda faltam dois meses!
Eu me debati, mas aos poucos perdi a força e a minha visão ficou turva. Só percebi o que estava acontecendo quando bati a cabeça no chão, quase completamente inconsciente. Eles haviam me sedado.
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FALLEN STARS | The 100
Teen Fiction☄️ | "Somos estrelas caídas, banidas ao abandono, sentenciadas à tragédia de um destino injusto, mas erguemo-nos das cinzas, determinados a desafiar os céus que nos condenaram." DESDE A TERRÍVEL GUERRA NUCLEAR QUE ASSOLOU A TERRA, a humanidade sobre...