Após deixar o telefone de lado, Fushiguro retorna à sua tarefa de secar seus fios pretos molhados com o secador em frente ao espelho de seu quarto. Megumi pegava-se pensando no que acabara de acontecer durante sua ligação com Yuuji. O barulho do secador não o permitia concentrar-se em seu fio de raciocínio, então, após alguns minutos utilizando-o, finalmente Fushiguro termina de secar seus cabelos espetados.
Guardando o secador, Megumi pega sua escova e começa a pentear seus fios, relembrando o diálogo que teve com Itadori na breve chamada. Yuuji parecia nervoso; Fushiguro o conhecia melhor do que ninguém, e aquela postura nervosa e ansiosa não parecia com seu Yuuji habitual.
Seu Yuuji...
Megumi riu com a linha de pensamentos; até seu subconsciente lhe pregava peças, abusando de seus sentimentos.
Fushiguro sempre foi bom em disfarçar seus sentimentos, e com sua paixão por Yuuji Itadori não fora diferente. Reprimir, esconder e contentar-se com a amizade do jovem rapaz de cabelos cor de pêssego sempre foi difícil, mas isso tornou-se pior aos vinte e dois anos. Agora, nesse momento, estava sendo muito difícil para ele ter que esconder que amava Yuuji. Ele percebeu que o amava naquele dia...
O clima frio, era inverno. Megumi havia esquecido o casaco no trabalho. Ele caminhava pelas ruas congelantes, enquanto esfregava suas mãos em seus braços, a fim de criar uma pequena atmosfera quente. Fushiguro saiu às pressas do trabalho e acabou esquecendo-se de seu casaco. Ele era um dos últimos a sair e, para seu azar, o responsável pelo fechamento acabara de sair, deixando o casaco de Megumi trancado no escritório.
Caminhando enquanto mantinha seus braços cruzados, Megumi rezava para que seu ônibus chegasse logo; entretanto, o universo havia decidido não colaborar consigo naquele dia. O ônibus demorava a chegar, e o nariz de Fushiguro já estava bastante congestionado. Definitivamente aquele não era o seu dia, era o que Megumi achava, até que os céus lhe mandaram um sinal divino.
Passando o cruzamento e parando no sinal vermelho, Itadori Yuuji pilotava sua moto. Megumi observou com atenção para ver se realmente era ele mesmo, e depois de um breve segundo a confirmação veio. Então, com um pouco de vergonha, ele resolveu acenar na direção de Yuuji, tentando chamar sua atenção e falhando, quando desistiu. Yuuji deu a curva em sua moto vendo pelo reflexo do espelho Fushiguro.
Yuuji retornou pela avenida de faixa dupla, encontrando Megumi. Itadori rapidamente tirou seu próprio casaco e deu para Fushiguro, que depois de muita insistência aceitou.
— Você tem sinusite, e está muito frio hoje. Vamos, vou te levar para casa. — Yuuji o chamou, subindo na moto.
— Você quer que eu ande nisso?
— Nisso não. Mais respeito com meu bebê. Vamos, está frio e eu não vou deixar você aqui para ficar doente. Por favor, suba e vamos. — Itadori estendeu o capacete para Megumi, que aceitou um pouco receoso.
Megumi subiu naquela coisa enorme de duas rodas; ele não compreendia como Yuuji conseguia pilotar aquilo. Ele tinha bastante medo, e Yuuji sabia disso, por isso pediu a Megumi que ficasse tranquilo. Seria uma carona rápida e sem turbulência.
Fushiguro segurou firmemente na cintura de Yuuji, sentindo suas orelhas esquentarem. Itadori soltou a embreagem aos poucos e saiu, pegando finalmente a pista com Megumi na traseira de sua moto.
O moreno tinha suas mãos na cintura de Yuuji. O vento batia em seus olhos; Megumi conseguia sentir o cheiro do perfume de Itadori devido à proximidade e ao vento. Ele cheirava a lavanda; era um cheiro fraco, mas gostoso de se sentir, Megumi adorava. Ao se aproximarem da casa de Fushiguro, Yuuji parou no último sinal do caminho. Com isso, Megumi pôde aproveitar um pouco mais o calor de suas mãos no tecido do suéter de Itadori, e com esse pensamento, o moreno direcionou seu raciocínio para outra coisa.
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𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐄𝐘𝐄𝐒, 𝗂𝗍𝖺𝖿𝗎𝗌𝗁𝗂
أدب الهواة𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗘𝗬𝗘𝗦 | Os olhos de Megumi Fushiguro eram como um oceano calmo. Profundos e belos, aquele par de olhos azuis escuros sempre fora a obsessão de Yuji Itadori. A fascinação junto da paixão secreta de Yuji por Megumi e seus olhos foi o que m...