𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐄𝐘𝐄𝐒, 𝗂𝗍𝖺𝖿𝗎𝗌𝗁𝗂

Capítulo 04: Bálsamo de jardim

Maki estava sentada na varanda da casa, aproveitando a brisa fresca do final de tarde. Ao seu lado, Megumi mantinha-se em silêncio, como era de costume, mas sua presença era reconfortante. No chão de madeira, algumas pequenas folhas secas estavam espalhadas, trazidas pelo vento, e ao lado delas repousava uma tigela de barro contendo bálsamo de jardim.

Com expressão neutra, Megumi estendia as mãos na direção da prima, permitindo que ela trabalhasse com calma. Maki, concentrada, segurava delicadamente uma de suas mãos enquanto aplicava o bálsamo em suas unhas, os traços precisos refletindo sua habilidade. Apesar de não ser algo que o jovem Fushiguro costumava fazer, havia uma estranha naturalidade na cena, como se o momento descontraído fosse uma pausa merecida na rotina atribulada de ambos.

O almoço em família havia transcorrido de forma tranquila, sem os habituais momentos de tensão que Megumi já esperava. Para sua surpresa, Mai não agiu como de costume. Desta vez, ela se manteve quieta, respeitando seu espaço pessoal, sem as provocações ou flertes descarados que ele tanto detestava.

Durante a refeição, ela comentou casualmente que estava conhecendo um rapaz, e Megumi imediatamente associou aquela inesperada mudança de comportamento à novidade. Ele não conseguiu evitar um sutil alívio ao ouvir aquilo. Finalmente, Mai parecia ter encontrado algo — ou alguém — para ocupar sua atenção, e isso significava que talvez ele pudesse desfrutar de momentos mais sossegados em sua presença.

Enquanto terminava sua refeição, Megumi refletiu que, embora Mai fosse irritante na maior parte do tempo, a ideia de vê-la seguindo em frente e crescendo à sua maneira era, no mínimo, reconfortante.

Maki terminou de pintar as unhas da primeira mão de Megumi, com movimentos eficientes, e logo passou para a outra. Enquanto trabalhava, ela ergueu o olhar para ele, notando que ele parecia distante. Seus olhos azul-escuros tinham um brilho abstrato, viajando para longe, sem se fixarem em nada específico.

Curiosa, Maki decidiu interromper o devaneio. Levou dois dedos próximos ao ouvido dele e os estalou com um som seco, arrancando Megumi de seus pensamentos perdidos. Ele piscou algumas vezes, voltando à realidade, e direcionou para ela um olhar levemente confuso.

— No que estava pensando? — perguntou ela, sem desviar os olhos da tarefa, enquanto deslizava cuidadosamente o pincel sobre as unhas dele. Seu tom de voz carregava uma mistura de curiosidade e leveza, típico da relação descontraída que compartilhavam.

— Yuuji quer falar comigo hoje à noite — compartilhou Megumi, de forma casual, sem dar muita importância ao assunto. No entanto, assim que as palavras saíram de sua boca, ele percebeu o erro ao encarar a reação de Maki. Ele se lembrou, tarde demais, que não havia mencionado esse detalhe para ela antes.

— Fushiguro Megumi! — Maki exclamou, com uma expressão de indignação exagerada. — Eu achei que fôssemos melhores amigos! Como é que você não me contou sobre isso, seu ingrato?!

O tom dramático de Maki era tão teatral que Megumi teve que lutar contra o impulso de rir. Ele sabia que, se deixasse escapar qualquer risadinha, ela poderia facilmente transformar a provocação em uma sessão de tapas. Controlando-se, ele apenas desviou o olhar, tentando parecer indiferente, embora um pequeno sorriso ameaçasse escapar.

— Eu ia contar... Só... Não tive tempo — justificou-se, um tanto sem jeito, enquanto ela continuava a pintar as unhas dele, lançando olhares desconfiados.

— Como assim? Eu te liguei ontem! Você deveria ter mencionado. Estou decepcionada com você — retrucou Maki, lançando-lhe um olhar acusador, embora sua expressão carregasse uma pitada de diversão.

— Não seja dramática, Maki. Eu só esqueci de mencionar esse detalhe. Você me conhece bem — respondeu Megumi, com um tom calmo, enquanto desviava o olhar para evitar a intensidade da acusação.