Acordar cedo em pleno domingo não era um hábito que Yuuji tinha, mas hoje era um dia importante. Hoje, ele finalmente iria se declarar para seu melhor amigo e primeiro amor. Ele estava nervoso; nervoso era pouco, Yuuji tremia mais que vara verde. Entretanto, ele deveria se acalmar; ainda eram sete da manhã e ele tinha tempo para surtar à vontade e recuperar sua energia.
Após um banho morno, Itadori enrolou-se no roupão, aproveitando a sensação boa que o banho lhe causou. Indo até a pia, o rosado não se demorou para colocar o creme dental na escova de dentes e começar a escovar cuidadosamente todos os cantos de sua boca. Ao terminar este processo, ele enxaguou a boca, em seguida se secando com a toalha de rosto.
Ao sair do banheiro, Yuuji foi até seu guarda-roupa. Ele optou por uma peça mais despojada: uma camisa amarela com um jeans claro, e não poderiam faltar seus tênis favoritos, cobrindo seus pés junto com um par de meias cinza.
Yuuji gostava do processo de arrumar-se; gostava ainda mais quando o fazia para encontrar Megumi, apesar disso deixá-lo um pouco mais agitado que o normal. Desde os quinze anos, estar ao lado de Megumi mexia com ele. Amava estar com ele, fazer coisas juntos, como assistir a filmes e séries, passar a noite acordados nas férias jogando ou simplesmente bebendo enquanto conversavam.
Megumi era importante para ele, e o medo de perdê-lo ao confessar seus sentimentos sempre foi o que mais o afligiu durante esses sete anos guardando esse sentimento para si próprio. Porém, ele teria que dar um basta; são sete anos e não sete dias. Yuuji se confessaria, mesmo sabendo dos riscos de ser rejeitado e perder seu melhor amigo e amor.
Mas é como seu pai sempre lhe disse: "Você não pode afirmar que ele te rejeitará; afinal, você não sabe sobre os sentimentos de Megumi. Experimente perguntar a ele, Yuuji."
Seu pai estava certo. Yuuji teria que admitir; Jin sabia das coisas que falava. Seu pai sempre soube da sua paixão por Megumi; ele sabia até mesmo antes de Yuuji perceber. Jin Itadori é alguém observador, por essa razão ele tinha quase certeza que Megumi também poderia sentir o mesmo que Yuuji sentia por ele. Mas Jin não falaria disso a Yuuji, a fim de não lhe dar falsas esperanças. O Itadori mais velho aconselhava e o incentivava; esse era o melhor método.
Jin sempre fora um pai carinhoso, atencioso e divertido. Mesmo após a morte de sua esposa, Kaori Itadori, quando Yuuji tinha dez anos, Jin não se restringiu ao luto. Ele viveu seu luto ao lado de seu filho, permitiu-se sofrer e superar. Agora, tudo que remete a Kaori são boas lembranças e momentos felizes. Yuuji sofreu bastante até seus primeiros dois anos de luto, mas ele tinha seu pai e seu irmão Choso ao seu lado, e claro, Megumi também estava ali consigo em um momento tão difícil de sua vida.
Desde que se lembra, Megumi sempre esteve ali, ao seu lado, nos bons e maus momentos. Era Fushiguro quem sempre segurava sua mão. Independente da resposta que terá, Yuuji estava disposto a tentar, e finalmente poder retirar essa incerteza amarga de sua boca.
Por fim, Yuuji deu uma leve bagunçada em seus fios rosados. Finalmente, ele estava pronto. Itadori pegou sua carteira e celular em cima da mesa de cabeceira e saiu do quarto fechando a porta. Caminhando até o corredor da entrada, Yuuji pegou as chaves da moto e seus dois capacetes. Posicionando o celular no ouvido, Itadori ouviu a musiquinha que tocava antes de uma Nobara brava atender a ligação.
— Nobs?
— Morreu.
— Deixa de graça, Nobara. Eu te falei que precisava de ajuda e você prometeu me ajudar. — Yuuji a lembrou, podendo ouvir um grunhido alto do outro lado da linha.
— Yuuji, não leve para o coração, mas são sete e meia da manhã, caralho! — Kugisaki deu ênfase no palavrão.
— Que agressiva, vai me bater por acaso?
— Eu deveria, você atrapalhou meu sono.
— Porra de sono, levanta e vem me ajudar antes que eu vá aí na sua casa e te derrube da cama. — Itadori arqueou as sobrancelhas, enquanto ouvia a mulher do outro lado da linha reclamar do sono interrompido.
— Eu vou mandar meu pai te deixar trancado pelo lado de fora, só para deixar de ser insuportável.
— Meu padrinho nunca faria isso comigo, ele me ama. Agora levanta que quem trabalha deitada é puta.
— Vai se foder, viado, nossa, vontade de te esganar.
Yuuji riu com as reclamações da amiga. Nobara e Yuuji se conheceram ainda crianças; eles estudaram juntos. Apesar de não terem nenhum laço sanguíneo, Nobara e Yuuji foram criados como primos, já que Nanami considerava Jin como um irmão mais velho.
— Vou escovar os dentes e tomar banho. Estarei pronta em vinte minutos; não se atrasa, senão eu te mato.
— Tá bom, Nobs, eu também te amo.
— Ai, moleque, tchau.
Itadori desligou a chamada, guardando o celular em seu bolso. Yuuji saiu de seu apartamento, checando duas vezes para garantir que havia fechado a tranca corretamente. Não demorou muito para Yuuji chegar à casa de Nobara. Um aconchegante dúplex em um bairro calmo e não tão distante do centro.
O rosado tocou a campainha e, após alguns segundos, foi recebido por seu padrinho e pai de Nobara. Nanami lhe ofereceu um sorriso contido, Yuuji o abraçou e ambos se direcionaram para a cozinha, onde Kento terminava de pôr a mesa do café da manhã.
— Nobara me contou que vocês vão às compras, mas por que tão cedo? Achei que por hoje ser domingo vocês iriam um pouco mais tarde.
— Bom, é que hoje eu tenho uma visita, sabe? — Yuuji disse meio sem jeito, coçando a nuca enquanto inclinava a cabeça para a direita. Nanami conhecia bem o afilhado e sabia exatamente o que estava acontecendo.
— Tudo bem, eu entendi, Yuuji, não se preocupe. — Nanami lhe ofereceu um sorriso singelo, o que fez Itadori relaxar.
Eles tomaram café na mesa da cozinha quando a figura de Nobara apareceu completamente arrumada na porta do cômodo. Com as sobrancelhas arqueadas, ela caminhou até o lado do pai e deixou um beijo em sua bochecha; em seguida, ela foi para o lado de Yuuji e lhe ofereceu um soco no ombro.
— Isso doeu! Padrinho, a Nobs está implicando comigo.
— Querida, não implique com seu primo.
— Ele me acordou cedo em pleno domingo, pai. A sorte dele é que não estou de mau humor; senão eu arrancaria a cabeça dele fora.
— Para isso você teria que alcançar minha cabeça; no máximo o que você pode fazer com essa altura é chutar minha canela.
— Yuuji, eu vou te matar! — A ruiva avançou em cima do rosado, o estapeando. Nanami interveio antes que sua filha matasse seu afilhado.
Após tirar Nobara de cima de Yuuji, Nanami a acalmou e os três tomaram café da manhã juntos. Rapidamente um diálogo se desenrolou com vários assuntos aleatórios sendo jogados na roda de conversa dos três. Passaram-se alguns minutos e o relógio de parede da cozinha indicava que já estava na hora de Yuuji e Nobs irem às compras.
Com um beijo na bochecha, Nobara se despede do pai, enquanto Itadori lhe dá um abraço caloroso.
— Tchau, padrinho, te vejo logo. — Yuuji se despede, sendo o primeiro a sair da casa.
— Não vamos demorar muito, pai, beijo. — Nobara fecha a porta e guarda suas cópias da chave. Parando em frente à calçada, a ruiva pega o capacete recém estendido na sua direção e sobe na moto atrás de Yuuji.
Segurando firme nos ombros dele, ela abaixa a viseira do capacete. Itadori solta a embreagem e sai rapidamente do local. Eles partem para comprar todos os preparativos do encontro de hoje à noite de Yuuji com Megumi.

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𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐄𝐘𝐄𝐒, 𝗂𝗍𝖺𝖿𝗎𝗌𝗁𝗂
Hayran Kurgu𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗘𝗬𝗘𝗦 | Os olhos de Megumi Fushiguro eram como um oceano calmo. Profundos e belos, aquele par de olhos azuis escuros sempre fora a obsessão de Yuji Itadori. A fascinação junto da paixão secreta de Yuji por Megumi e seus olhos foi o que m...