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Enquanto luto para conter as lágrimas, sinto uma presença se aproximando. É Akuma. Ele sempre parece estar onde não é chamado, como se estivesse sempre à espreita, esperando para causar mais confusão.

- S/n, você está bem? - sua voz soa preocupada, mas eu sei que não posso confiar nele.

- Estou ótima, Akuma. Só preciso de um tempo sozinha. - respondo, tentando soar firme, mas ele parece não se convencer.

- Você não parece ótima. Deixe-me ajudar. Eu vi o Sasuke. - ele insiste, seus olhos brilhando com uma intensidade que me deixa desconfortável.

Meu coração dá um salto. Sasuke? O que ele estaria fazendo aqui? Mas antes que eu possa perguntar, Akuma já está me puxando pelo braço, levando-me na direção de onde ele viu meu irmão.

Corremos por entre as árvores, até chegarmos a uma clareira. É estranho, há uma atmosfera pesada no ar, como se algo estivesse prestes a acontecer.

Então, vejo. Uma fumaça preta, densa, pairando sobre o chão. Uma fumaça que me faz lembrar de tudo o que aconteceu naquele dia terrível, quando meus pais foram brutalmente assassinados.

Meu coração parece congelar no peito. Não pode ser. Não pode ser verdade.

Quando a fumaça preta finalmente se dissipa, vejo-os ali. Os mesmos homens que tiraram a vida dos meus pais. A mesma raiva, o mesmo ódio, toma conta de mim, me consumindo por dentro.

Mas então, algo muda. Uma sensação estranha, como se eu estivesse sendo puxada para dentro de um vórtice. Tudo ao meu redor começa a girar, e eu sinto minha mente se turvando, como se estivesse sendo dominada por uma força invisível.

Agora, estou presa em um turbilhão de emoções, lutando contra o controle que Akuma exerce sobre mim. Mas, ao mesmo tempo, há uma parte de mim que se sente viva, excitada até, com a ideia de finalmente poder fazer justiça pelos meus pais.

Os homens estão ali, rindo entre si, como se fossem os donos do mundo. Mas eu sei o que eles são, sei o que fizeram, e não vou deixá-los sair impunes mais uma vez.

Com um movimento rápido, retiro as kunais que estão presas em meu coldre, sentindo o metal frio em minhas mãos. Cada músculo do meu corpo está tenso, pronto para o que vem a seguir.

- O que vocês querem aqui? - minha voz sai baixa, mas carregada de uma ameaça silenciosa. Os homens se entreolham, mas logo desatam a rir.

- Olha só o que temos aqui, menina. Parece que encontramos uma mocinha perdida na floresta. - um deles diz, com um sorriso cruel no rosto.

Sem uma palavra, avanço em direção a eles, as kunais brilhando à luz do sol. O primeiro golpe é certeiro, atingindo o pescoço de um dos homens e fazendo-o cair no chão com um grito abafado.

O sangue jorra, quente e viscoso, e eu sinto um arrepio percorrer minha espinha. Mas não posso parar agora, não quando estou tão perto da vingança.

Os outros homens tentam reagir, mas eu sou mais rápida. Desvio de seus golpes desajeitados, retalhando-os com uma precisão mortal. Cada movimento é calculado, cada golpe é desferido com uma ferocidade que eu nem sabia possuir.

Eu sinto a adrenalina correndo em minhas veias, alimentando minha fúria, minha sede de sangue. É como se uma parte escura de mim estivesse finalmente sendo libertada, uma parte que eu sempre soube que existia, mas nunca tive coragem de enfrentar.

E enquanto os homens tombam um por um, seus gritos ecoando pela floresta, eu me sinto mais viva do que nunca. Esta é a minha justiça, o meu poder, e ninguém pode tirá-lo de mim.

Quando finalmente o último dos homens cai, morto e ensanguentado, eu fico ali, ofegante e trêmula, cercada pelo silêncio da floresta. Mas, apesar da calma que se instalou ao meu redor, dentro de mim ainda há uma tempestade, uma confusão de emoções que eu mal consigo compreender.

Eu matei. Eu matei esses homens sem hesitação, sem remorso. E, apesar de tudo, não posso negar que uma parte de mim gostou disso, que uma parte de mim quer mais.

Mas então, a realidade volta a me atingir em cheio. Eu matei esses homens, mas não posso voltar atrás. Não posso desfazer o que fiz, não posso apagar as imagens que ficarão gravadas para sempre em minha mente.

Eu sou uma assassina. Eu sou uma criminosa.

Eu realmente não sou a mesma, eu jamais mataria alguém. Será que isso é a profecia? Será que eu vou destruir o mundo?

Ou isso é a maldição do ódio? Isso é meu lado Uchiha? Eu realmente nasci para ser uma assassina? Esse é meu futuro?

Sinto-me como se estivesse presa em um turbilhão de pensamentos e emoções. A adrenalina ainda pulsa em minhas veias, misturando-se com a culpa e o medo do que acabei de fazer. Não sei se sou capaz de lidar com as consequências dos meus atos, mas sei que não posso voltar atrás.

Antes que eu possa tomar uma decisão, sinto um calafrio percorrer minha espinha. Algo está errado. Algo está muito errado.

Olho ao redor, e percebo que a floresta ao meu redor parece distorcida, como se estivesse se desfazendo diante dos meus olhos. É como se eu estivesse presa em um genjutsu, mas não consigo encontrar uma maneira de quebrá-lo.

Então, de repente, tudo desaparece. A fumaça, os corpos, o sangue. Tudo simplesmente some, deixando-me sozinha na escuridão.

- Você é idêntica ao Sasuke - ouço uma voz grossa com uma risada - Você deixou se levar pelo ódio e nem percebeu que na verdade era só um genjutsu.

Genjutsu? Que voz é essa?

Eu tento me orientar na escuridão, lutando contra a confusão que ainda permeia minha mente. Quem é essa voz? O que está acontecendo?

- Quem está aí? - minha voz sai trêmula, ecoando no vazio ao meu redor.

Então, uma figura emerge das sombras, alto e imponente. É Akuma, com aquele sorriso sinistro no rosto, como se estivesse se divertindo com tudo isso.

- Akuma... o que você fez? Onde estamos? - pergunto, sentindo o medo se misturar com a raiva dentro de mim.

Ele se aproxima lentamente, seus olhos brilhando com uma intensidade que me faz recuar instintivamente.

- S/n, você não faz ideia do que é capaz, não é? Você e seu irmão são duas peas no mesmo podre. - ele diz, sua voz cheia de desprezo.

Eu aperto os punhos, lutando contra o impulso de atacá-lo. Como ele ousa falar assim do meu irmão?

- O que você quer, Akuma? Por que está fazendo isso comigo? - minha voz sai mais firme agora, determinada a não deixar que ele me intimide.

Ele sorri, como se estivesse se divertindo com a minha confusão.

- Eu não quero nada de você, mas o Mestre Orochimaru quer. E você, com seu ódio e sua raiva, é a chave para ele. - ele responde, seus olhos brilhando com uma intensidade que me deixa arrepiada.

Esse Orochimaru.. já ouvi esse nome em algum lugar..

- Você é patético, Akuma. - digo, tentando soar mais corajosa do que realmente me sinto.

Ele ri, um som frio e cruel que faz meu sangue gelar.

- Oh, S/n. Você não faz ideia do que é capaz. Mas não se preocupe, eu vou te mostrar. Vou te mostrar o verdadeiro poder que está adormecido dentro de você. - ele diz, avançando na minha direção com um brilho maligno nos olhos.

Eu recuo instintivamente, mas ele parece não se importar. Ele está determinado a me mostrar algo, e não vai parar até conseguir.

- Não toque em mim, Akuma. - digo, tentando manter minha voz firme, apesar do medo que sinto.

Mas ele não parece se importar com o que eu digo. Ele continua avançando, seus olhos fixos em mim como se eu fosse sua presa.

- Você não tem escolha, S/n. Você pertence ao Orochimaru agora. - ele diz, sua voz ecoando na escuridão ao nosso redor.

ᴏᴘᴘᴏsɪᴛᴇs | 𝐧𝐚𝐫𝐮𝐭𝐨 𝐮𝐳𝐮𝐦𝐚𝐤𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora