Valerie Walker não acredita em acasos. Não, ela acredita em destino, como poderia não acreditar? Principalmente quando ela precisou passar por aquele corredor, naquele dia, naquele horário, pela primeira vez na vida e o encontrou.
Em seu último ano...
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POV Narrador Outubro, 2023
Era domingo, um dia importante pra Oliver e Valerie, cada um em seu modo. Para Ollie pois teria sua primeira vez testando um carro de fórmula um, e para Valerie pois era seu último dia pra estudar para o trabalho mais importante do ano, o último trabalho escolar.
Em Londres, Valerie estudava há horas, incomunicável para todos que estivessem fora de sua casa. Em Silverstone, Oliver andava pelo seu quarto de hotel em ansiedade. Ambos compartilhavam o mesmo sentimento, o medo do fracasso.
Quando o celular de Valerie tocou, ela não achou que atenderia. Estava pronta pra recusar a ligação quando leu o nome de Oliver em sua tela. Sentiu um arrepio passar por seu corpo e soube que precisava atender. Largou seu caderno na escrivaninha e correu pra cama, sentia que mergulharia nas sua anotações se ficasse perto de mais dos cadernos.
── Está tudo bem? ─ foi a primeira frase proferida pela garota.
Oliver suspirou fundo, um instantâneo alívio ao ouvir a voz de sua amiga.
── Melhor agora ─ ele admitiu. ─ Faltam duas horas pro teste... Tô nervoso.
── É normal... Meu último trabalho escolar é amanhã, também estou nervosa. Então o que eu vou falar vai parecer hipocrisia, mas me escute.
Ela tirou uns segundos pra respirar.
── Você é bom no que faz e sabe disso. Está melhor a cada dia e não há motivos pra preocupação. Você vai lá, entrar nesse carro e arrasar. E independente do seu resultado, vou estar feliz e orgulhosa por você ter tentado. Você treinou a sua vida toda pra isso, e apesar de ter mais um degrau pra chegar até o seu sonho, você nunca esteve tão perto. Não desista agora.
Valerie não sabe da onde vieram tantas palavras positivas e motivacionais quando ela mesma se sentia uma bagunça de incerteza e medo.
── Você sempre sabe o que dizer ─ ele murmurou ao telefone. ─ Obrigado pelo apoio.
Oliver relaxou. Falar com Valerie era sempre um refresco, a garota sempre tinha as palavras certas e passava a sensação de um abraço quente no inverno.
── Você tava estudando?
── Eu precisava de uma pausa.
── Fico feliz de ver que você finalmente entendeu que não é um robô.
Ela sorriu.
── É o último trabalho. Por mais que seja muito importante, ainda posso ser um pouco medíocre.
Dessa vez, ele quem sorriu.
── Posso usar isso como conselho? ─ ele implica.
Valerie revirou os olhos. Ele sempre tinha um comentário na ponta da língua, mas ela sempre tinha dois.
── Faça o que eu mando, não o que faço.
── Tá bom, chefe. Mas quando eu voltar, vou querer um dia inteiro dedicado à mim.
── Se eu não tivesse esse trabalho amanhã, eu estaria aí te apoiando. Sabe disso, né? ─ Valerie fala suavemente.
── Não sei se deixariam você entrar, mas um abraço cairia bem antes de deixar o hotel. Independentemente, seus conselhos são quase como um abraço.
── Estarei mais que feliz em te abraçar quando voltar. Quarta-feira iremos todos ao cinema. Eu, você, Ethan e Maya. Espero que esteja preparado pra segurar vela comigo.
── Levarei um isqueiro ─ ele zombou, mais leve. ─ Obrigado, mesmo. Preciso ir agora, mas te mando mensagem quando acabar.
── Sempre aqui. Boa sorte, mostre pra eles que você merece uma vaga de titular.
O sorriso de Ollie foi tão grande que ela quase pôde ouvir.
── Obrigado. Sai um pouco do quarto e respira um ar puro. Te ligo mais tarde. Tchau, Rose.
── Tchau, Ollie.
E com isso eles encerraram a ligação. Era surreal para eles o sentimento que tomava conta do peito deles ao se falarem, talvez um dia entendessem o que era. Até onde sabiam, sentiam um enorme carinho um pelo outro. Mais tarde, quem sabe soubessem mais.
