I'm counting down the weeks || three

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VALERIE, Point of view.
agosto, 2023

agosto, 2023

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.✦. A distância entre a Itália e a Grã-Bretanha é de aproximadamente mil quinhentos e cinquenta quilômetros. Em dias melancólicos, parecia ser esse valor elevado a vinte.

Conheço Oliver a dois meses, passei os outros dezessete anos da minha vida sem o ter por perto, mas agora eu não sei exatamente como fiz isso. Desde que Ollie entrou na minha vida não consigo o manter longe por mais de uma semana. Acontece que já fazem duas semanas que não nos vemos, e estou prestes a sucumbir diante da saudade.

Todos haviam percebido. Minha mãe, meu padrasto e Matt já haviam me questionado durante o café da manhã, meus amigos já haviam notado e juntos decidiram que dormiriam em minha casa, até mesmo meus professores haviam perguntado se eu estava bem.

Se me perguntassem, eu negaria até o fim que o motivo de toda essa tristeza seria a distância entre Ollie e eu. Era vergonhoso que eu me encontrasse num estado de melancolia por saudades de alguém que conheci há dois meses.

Ainda consigo me lembrar de como Ethan estava preocupado ao me ver nessa manhã, antes de Maya o lembrar do motivo da minha tristeza e toda a preocupação se esvair, dando espaço á implicância. Porque eles eram assim, adoravam implicar, mas mesmo estando triste pelo motivo mais idiota do mundo, eles dariam um jeito de me animar.

Nosso trio começou no sétimo ano, quando eu havia acabado de chegar em uma nova escola no meio do ano e a professora de literatura separou a turma em grupos com quatro pessoas pra fazer um trabalho, mas três pequenos deslocados ficaram sobrando e se juntaram para fazer o melhor trabalho da sala. Foi inevitável não virarmos inseparáveis depois de um dez.

Com o passar dos anos, a relação entre Maya e Ethan mudou, e os dois confessaram que eram apaixonados um pelo outro durante o baile de formatura do fundamental, namoram desde então. Dois anos e meio se passaram desde então, e nosso grupo, por incrível que pareça, não mudou a dinâmica. Continuo sendo carinhosa e amorosa com os dois, assim como os dois são comigo. Claro que, às vezes, eu me sentia um pouco sozinha quando os dois tinham encontros ou quando havia eventos em que precisam de um par, mas eu acabei me acostumando.

Maya e Ethan são meu porto seguro, e eu os amo por isso. Um amor puro. Minha alma ama a alma deles. E serei eternamente grata por eles.

── Uno! ─ Maya grita.

── Impossível! ─ reclamo. A garota havia ganho na última rodada, e mesmo que eu estivesse ganhando de três a um, eu ainda estava inconformada com a rapidez que a rodada terminaria.

── Perdão, amor. Você não vai acabar tão rápido hoje! ─ disse Ethan jogando uma carta +4.

Obviamente eu não perdi a chance, então joguei outro +4. Ninguém esperava que Maya também tivesse um +4 na mão, mas Ethan estava preparado e jogou mais uma. E eu já estava tomada pelo desespero quando encontrei mais uma carta preta na mão.

Maya havia batido, mas continuaria no jogo até que voltasse a sua vez, como mandava as nossas regras. Desgostosa, a garota comprou dezesseis cartas, amaldiçoando todas as minhas próximas gerações, e seu namorado também não escapou das palavras rudes.

── Bati. ─ disse, três rodadas depois, sem muita emoção. Já estava cansada de jogar e minha mente começou a me sabotar, pensando em como Ollie gostaria de estar jogando conosco. Ele sempre perdia pra mim, era péssimo em jogos de cartas.

Eles entreolharam-se quando perceberam o tom desanimado que havia saído de mim, e Maya resolveu tomar as rédeas da situação enquanto Ethan guardava as cartas.

── Estou com vontade de tomar sorvete que você nem imagina o tamanho! Que tal irmos na padaria da Dona Beth e pedir um bolo com sorvete? ─ a garota sugere, já me puxando para meu guarda roupa e procurando uma blusa pra eu vestir, visto que no momento eu usava um blusão de Matt.

Não tive escolha a não ser vestir o que ela me entregou e em seguida rumamos juntos para a padaria que ficava na minha vizinhança. Dona Beth era uma adorável senhora que possui uma das padarias mais antigas de Londres. A padaria e lanchonete foi passada de geração em geração por seu bisavô, e ela era muito orgulhosa do negócio.

── Oh, minha querida, que carinha triste é essa? ─ Beth questiona quando chego no balcão.

── Estou bem, Beth! Apenas com saudades de um amigo.

── Oh, entendo. Eu sentia muito a falta de Marta quando ela precisava viajar a trabalho também. ─ a mulher compara com a história de seu casamento. ─ Mas quando menos esperar ele vai estar com você novamente. Não se preocupe, querida!

Marta e Beth se casaram oficialmente há apenas dez anos, mas vivem juntas há cinquenta. Adotaram uma única criança, Mia, que agora já era mãe de adolescente, mas eram felizes e se amavam muito, mesmo depois de meio século. Era engraçado pensar que Beth achava que eu sentia o mesmo tipo de saudades com Ollie, quando claramente eram situações distintas.

Marta e Beth se amam intensamente há mais de meio século, eu e Ollie somos amigos há dois meses.

── Não é o mesmo tipo de saudade, mas obrigada pelo consolo.

── Claro, se prefere pensar assim, docinho. Pode ir se sentar, já sei o que querem, e já sei do que você precisa. ─ Beth diz, se levantando do banco onde estava e indo pessoalmente preparar o pedido da minha mesa.

Voltando à mesa onde Maya e Ethan estavam sentados, percebi que estavam em lados opostos da mesa, e me sentei ao lado de Maya, que me puxou pra um meio abraço assim que sentei ao seu lado. A garota ficou assim até que nossos pedidos chegassem. Dois bolos com sorvete de baunilha, e um prato que eu não tinha muita certeza do que era. Marta ajudou a sua esposa a trazer os pedidos, então tratou de explicar o que tinha no meu doce.

── Beth me contou do seu caso de melancolia aguda devido à saudade, então trouxe o que alegrava ela quando Mia estava longe durante a faculdade, bolo com sorvete, creme de avelã, chantilly e morango. Uma explosão de glicose, garanto que vai ficar feliz rapidinho! ─ Marta explica sorrindo.

── Obrigada, Marta! Tenho certeza que toda essa glicose vai ajudá-la ─ Maya agradece.

── Obrigada, Marta ─ agradeço, sorrindo tímida.

Eu ainda acho que estão exagerando, estou apenas tristonha, não estou entrando em depressão por saudades. Mas, eu que não iria reclamar da bomba de doce que me deram o livre arbítrio pra comer.

Depois de comermos e conversarmos, eu realmente estava com mais energia, Marta e Beth sabiam como fazer um bom doce e alegrar o dia de alguém. As duas senhoras eram como sóis particulares, brilhavam e iluminavam por onde passavam, eram as pessoas mais gentis que conhecia.

No final do dia eu já estava feliz. Estava ansiosa pela ligação de Ollie que eu sabia que receberia por volta das nove da noite, e ao invés da melancolia que abraçava minhas noites, dessa vez havia apenas uma ansiedade boa e uma saudade que estava cada dia mais perto de ser cessada .✦.

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GO THE DISTANCE ─ Oliver BearmanOnde histórias criam vida. Descubra agora