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A quantidade — e qualidade — que uma segunda-feira pós-baile de supresas pode trazer é sempre insana. Para Betty, diferente dos outros alunos, as coisas não andavam nem um pouco boas. Se já estava com raiva de Veronica ter estado trancada com o menino que ela gostava por uma hora e supostamente terem transado nesse meio tempo, imagina quando ela chegou na escola e todo mundo só falava disso.
— Uma hora, Kevin! Uma hora! — reclamava a quase quinze minutos para o melhor amigo.
Os dois tinham tido sorte de não terem cruzado com Veronica, principalmente juntos — Kevin não queria presenciar um assassinato ou a Terceira Guerra Mundial antes das nove da manhã.
— E a tonta aqui achando que ela tinha mudado!
— Você nem falou com ela ainda. Nem com o Archie! Você deu uma chance e queria que ela fosse perfeita? Ela também é um ser humano, Betty! — Kevin terminou que procurar o que queria dentro do armário e o fechou, deixando um impacto maior no final da fala. — Vai ser o melhor 'pra todo mundo que você vá falar com ela!
Imediatamente, Betty olhou ao redor, tentando fugir, o que não funcionou: ela deu de cara com Veronica indo em sua direção. Triste e abalada, entretanto bem vestida e com um olhar esperançoso de que mudaria o final rápido da amizade para um recomeço.
— Não! Eu não vou fazer isso, Kev! — negava com a cabeça, sussurando.
— Vai sim! Te vejo na sala — ao contrário dela, respondeu em alto e bom tom, se distanciando, mandando um beijo de despedida no ar e depois seguiu o próprio caminho.
Betty não teve tempo de se preparar mentalmente para o que achava estava por vir. Veronica já estava pronta para o que seria a reação óbvia de Betty: assim que abrisse a boca, ela iria embora.
Quando Betty só suspirou e a encarou friamente, se sentiu ainda mais esperançosa.
— Eu posso falar com você? Prometo que vou ser o mais rápida que conseguir! — dava claramente para perceber o desespero na voz dela, e Betty sabia o que ela queria: perdão. — A gente não transou, ok? Nem chegamos perto! A Cheryl fez uma brincadeirinha terrível e não quis tirar a gente de lá!
Betty só pensava em duas coisas: como o dedo da Cheryl sempre estava envolvido e em como ela pôde acreditar no que ela disse naquela noite.
Veronica não se convenceu de que ela havia acreditado, então soltou:
— Eu sou literalmente claustrofóbica, Betty! Você acha mesmo que eu aguentaria ficar uma hora com o Archie, naquele cubículo, sem entrar em colapso? Eu entrei em desespero, ele entrou em desespero, foi completamente desesperador!
Um silêncio ficou entre elas, deixando-a cada vez mais nervosa. Betty teria que falar algo para que ela não explodisse de ansiedade — e o olhar dela deixava isso claro.
— Desculpa ter ficado brava, mas eu comecei a imaginar coisas e... e... — recebeu um abraço forte, acolhedor e, principalmente, restaurador.
Infelizmente, o momento teve a impressão de fim antes do que elas queriam. Um toque tão quente, numa manhã como aquela? Um sonho! Um sonho destruído por um sinal, que indicava para onde os que vagavam deveriam ir.
Veronica não parecia se importar com o som estridente. Na verdade, ela não parecia ter escutado. O que era muito, mas muito, estranho. Ela não perdia uma única oportunidade de reclamar daquele barulho altíssimo, se tivesse a mínima brecha para criticar, ela faria. Nem mesmo ouviu Betty, que a chamou algumas vezes.
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ᴡᴏʀʟᴅꜱ ᴄᴏʟʟɪᴅᴇ ▪︎ ʙᴇʀᴏɴɪᴄᴀ
RomantikDepois de ser expulsa do Olimpo por seu tio, Veronica, uma deusa de magia desconhecida, foi para uma pequena cidade no interior de Nova Iorque. Lá, encontrou um mundo novo, experiências que ficaram enraizadas na memória e claro: uma paixão repentina...