34. Questão de tempo

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Quando você espera por uma notícia boa, o tempo certamente passa mais devagar. Talvez seja alguma espécie de punição. Os minutos, horas, dias, semanas...tudo parece estar mais lento. Você sente como se estivesse com os pés grudados ao chão no mesmo lugar. Sem nenhum movimento. Sem nenhuma mudança. Tudo estaticamente igual. É sufocante demais viver assim. Porém, essa se passou a ser a realidade de Noah. Olhar o relógio com certeza se tornou seu passatempo mais constante, no qual ele não parecia executar com vontade própria.

Um mês.

Esse era o tempo de nascimento que Louis Deinert Urrea tinha, e também o tempo em que sua mãe estava no hospital. Em coma. 

Em coma. Noah odiava essa palavra. Ele nunca passou nem perto de uma realidade como essa, até agora.

Em um mês, ele passou a ser obrigado a desenvolver dois papéis: Pai e mãe. Ele teve que sustentar o pilar que unia sua família. E a cada dia que passava, a tarefa lhe parecia ainda mais difícil. Contudo, o passar do ponteiro do relógio significava apenas uma coisa: Que estava cada vez mais perto de Sina acordar.

Ele se agarrava a essa esperança.

E um mês antes, às notícias que Shivani trouxeram eram boas e ruins.

— Ela está estável. — foi a primeira coisa que foi dita pela médica. O suspiro que Noah soltou foi totalmente audível. É como se pudesse ter retirado um peso de suas costas. — Porém, tivemos diversas complicações. Sina sofreu outra parada cardiorrespiratória assim que Louis nasceu. Demorou muito para que conseguíssemos estabiliza-la. E sinceramente, não sei como...— Shivani parecia ainda em choque — Ela ter sobrevivido a tudo isso foi um verdadeiro milagre.

Noah sabia que sua esposa era forte. Ele sabia que no fundo ela não desistiria tão facilmente.

— ...mas a má notícia é que Sina não acordou. E nem sabemos quando isso irá acontecer. O corpo dela ainda precisa se recuperar de todo o acidente. E precisamos saber se ela irá corresponder corretamente aos medicamentos.

— Quanto tempo? — Any ousou perguntar.

— Eu não sei. Não há como saber. Pode levar dias, semanas ou até mesmo meses...— disse Shivani com pesar — Mas nós estamos confiantes que dará tudo certo.

— Posso ve-la? — Noah emitiu com a voz falha.

— Claro.

Shivani o conduziu até a sala em que Sina estava. Any, Josh e Joalin acharam melhor dar um tempo ao mesmo a sós. Noah teve dificuldade em se mover pelos corredores. Era como se estivesse com pesos enormes em seus pés, pois pareceu levar uma eternidade até chegar na sala de internação.

Shivani o deixou a sós.

Talvez era exatamente isso o que ele precisava.

Deitada na cama com o rosto pálido e sem cor, Sina estava. A mesma possuía diversos fios ligados ao seu corpo e rosto, monitorando cada sinal vital de seu corpo. Ao ve-la, Noah simplesmente desabou.

Foi impossível não chorar.

Um misto de alívio e dor rasgava o seu peito. Certamente hoje era para ser o melhor dia de suas vidas. O filho de ambos havia nascido com saúde. Porém, o acidente havia lhes tirado essa alegria.

Ele demorou para se aproximar, e quando o fez, chorou ao tocar a mão de Sina.

— Sina...— Noah acariciou seu rosto. — Você precisa voltar pra mim. Voltar pra Ella, e pro...Louis. — ele sorriu ao fim da frase — Amor, ele é tão lindo. Tão fofo. Tenho certeza que será um menino grande e forte.

𝐒𝐄𝐗𝐘 𝐂𝐀𝐒𝐔𝐀𝐋 (𝐒𝐄𝐆𝐔𝐍𝐃𝐀 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎𝐑𝐀𝐃𝐀)Onde histórias criam vida. Descubra agora