19. Memórias sombrias

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O coração humano funciona ao ritmo médio de 72 batidas por minuto - 104 mil por dia, 38 milhões por ano e algo em torno de 2,5 bilhões de pulsações ao longo da vida. E se Sina fosse capaz de descrever todas as vezes em que os seus batimentos entraram em um ritmo constante, como se fossem capazes de sair do seu peito, ela provavelmente levaria sua eternidade ao tentar  descrever a sensação completa.

Os seus olhos se abriram no instante em que uma lufada de ar invadiu os seus pulmões. Sua visão, ainda turva, tentou se acostumar com a claridade que ardia em sua face. Sua cabeça pesava levemente, talvez um leve latejar em suas têmporas. A alemã tentou se mover sobre a maca em que estava, mas logo notou estar dentro de uma ambulância parada, enquanto um paramédico checava o seu pulso ao seu lado.

Graças a Deus não estava em um hospital, a mesma pensou consigo mesma, enquanto tentava retirar a máscara de oxigênio que prendia em seu rosto.

— Noah...— ela murmurou, olhando ao redor e tentando avistar o mesmo.

— Sra. Urrea? Preciso que fique calma, irei chamar o seu marido — o paramédico avisou, conforme saiu da ambulância.

Em segundos, a silhueta de Noah invadiu o seu campo de visão, na medida em que o moreno aproximou-se rapidamente de onde ela estava, pousando as mãos gélidas em seu rosto.

— Ei, Si...eu estou aqui — Ele sorriu aliviado — Calma, você vai ficar bem. Foi apenas um susto. Está tudo bem.

— Noah...— Sina sentiu sua respiração acelerar, enquanto levou uma de suas mãos a barriga — O bebê...por favor, não me diga que...

— Não, não se preocupe. Ele está bem. O bebê está perfeitamente bem — a loira soltou um longo suspiro de alívio, como se fosse capaz de retirar um enorme peso de suas costas —, você se lembra do que aconteceu?

— Sim, eu...eu estava no quarto com a Ella. Eu comecei a passar mal e quando me dei conta havia desmaiado — contou Sina, arregalando os olhos e retirando a máscara de ar presa ao seu rosto — E a Ella? Onde ela está? Ela está bem?

— Calma, ela está bem. Deixei ela com a Any e o Josh. Os dois estão aqui em casa — disse Noah acariciando o seu rosto — Agora você precisa descansar, Si. Os paramédicos disseram que por conta do que aconteceu você teve uma forte crise de ansiedade, e foi por isso que passou mal.

— E-eu...eu não sei se vou conseguir descansar, Noah — Sina passou a mão em seu rosto — Não depois de hoje...— ela o encarou com os olhos marejados — A polícia já sabe o que aconteceu?

O mesmo assentiu lentamente.

— Eles detectaram o suspeito pelas câmeras de segurança. Porém, não conseguiram ver quem era — Noah  parecia hesitante, porém prosseguiu: — Eles acham que foi algum ladrão, mas absolutamente nada dentro de nossa casa foi roubado.

— Acha mesmo que foi um ladrão?

— Sina...— Ele suspirou, sabendo exatamente o que ela queria dizer.

— Você também pensou, Noah. Admita. Você também pensou nela...— Sina sentou-se sobre a maca nervosa — Não há um segundo da minha vida em que eu não pense nela. No que aquela vadia fez com nós...

Katherine está morta — Noah rebateu, sentindo sua garganta doer ao citar aquele nome — Ela morreu há cinco anos, Sina.

— Você tem certeza? Porque até onde eu sei, sem corpo...não há provas.

As palavras seguintes morreram na garganta do moreno. Ele queria poder dizer algo a mais, no entanto, sua esposa poderia estar certa, mesmo que ele negasse a si mesmo a dizer isso em voz alta.

𝐒𝐄𝐗𝐘 𝐂𝐀𝐒𝐔𝐀𝐋 (𝐒𝐄𝐆𝐔𝐍𝐃𝐀 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎𝐑𝐀𝐃𝐀)Onde histórias criam vida. Descubra agora