36. Paciência é uma dádiva

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Se é uma coisa que Sina não tinha era paciência.

Estava completamente quase uma semana em que ainda estava internada no hospital. Os médicos queriam monitora-la a todo custo, alegando que os seus sentidos e coordenação poderiam estar confusos devido ao tempo que ficou em coma. E de fato, estavam. Tinha vezes que Sina se sentia fraca e ameaçava desmaiar, principalmente após fazer algum esforço maior. E com certeza um dos piores momentos era quando acordava no meio da noite após um pesadelo, soando e sentindo seu coração quase sair do peito. Diversos flash de memórias confusas soavam em sua mente. Médicos disseram que era normal, provavelmente devido ao fato do seu cérebro estar se esforçando para tentar lembrar de tudo.

E mesmo com essas memórias, Sina se sentia vazia.

Ela sabia que algo estava apagado em sua mente, porém, era horrível não saber de fato o que era. Ela ainda levou bastante tempo para compreender e acreditar que tudo aquilo fosse real. Nos primeiros dias, se recusou a conversar ou receber visita de seus amigos. E odiou ainda mais a presença de Noah, que parecia se preocupar com ela a cada passo. A memória do antigo Noah Urrea que ela tinha era diferente. Ambos apenas se procuravam para obter prazer e diversão. Nada mais que isso. Eles não se preocupavam um com o outro. Era tudo parte do acordo.

Aos poucos, ela foi recebendo visitas. Krystian, Sabina, Sofya e Bailey tiveram mais cedo em seu quarto. E de alguma forma, a alemã se animou em ver a presença dos amigos. Mas ainda sim era estranho. Eles pareciam cautelosos com cada palavra dita. Não queria dizer muito sobre como estavam suas vidas atualmente. É como se estivessem a poupando de muitas informações. Ela sabia de certa forma pouco sobre os amigos, e principalmente pouco sobre si mesma.

Sina encarava a aliança em seu dedo. Era estranho tê-la ali, em um lugar que antes para ela ficava sempre vazio. Porém, a mesma não sabia dizer porque ainda não havia a retirado de seu dedo.

Um toque suave soou a porta, e antes que Sina pudesse ver quem é, a presença de Noah apareceu junto com uma silhueta de uma garotinha menor. Ella.

A mesma estava escondida atrás do pai. E Sina se martilizou mentalmente por não ter fingido que estava dormindo, o que foi exatamente o que fez nos últimos dias. Sempre que Noah avisava que traria Ella para que fosse ve-la, a mesma fingia estar cansada e caia em um sono profundo. Obviamente a garotinha não tinha culpa do que estava acontecendo, mas para Sina era demais encara-la. Porque de alguma forma, parecia que ainda não era real.

Mas agora, era tarde demais para fingir qualquer coisa, pois os olhos esverdeados a encaravam com muita atenção.

Mamãe?

Sina inspirou fundo. Ela ainda não estava ambientada com essa palavra.

— Ella? O que conversamos? Vá com calma. Mamãe ainda não está totalmente recuperada. — Noah sussurrou para a filha, que assentiu.

Sina observava os movimentos da filha, que se aproximou com cautela.

— Eu fiz isso pra você. — disse, erguendo um desenho em mãos.

A alemã ficou estática. Não sabia ao certo como reagir, quando os olhos de Noah a fitaram. Algo em seu semblante parecia como um pedido silencioso. Que fosse gentil com ela.

Ela inspirou fundo.

— Um desenho?

— Sim. Fiz eu, você e o papai. — Ella indagou, entregando-a. Quando seus olhos voltaram para os outros desenhos presos na parede do quarto. — Você guardou todos eles? Achei que o papai não havia te entregado.

Sina encarou a parede. Quando acordou, se perguntou porque haviam tantos desenhos infantis em seu quarto. E aos poucos, tudo pareceu fazer sentido. Ela se pegou diversas vezes encarando os rabiscos.

𝐒𝐄𝐗𝐘 𝐂𝐀𝐒𝐔𝐀𝐋 (𝐒𝐄𝐆𝐔𝐍𝐃𝐀 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎𝐑𝐀𝐃𝐀)Onde histórias criam vida. Descubra agora