Março

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Bruno acordou às 13:00 da tarde com alguém batendo palmas na porta de sua casa, ele levantou da cama xingando quem estivesse do lado de fora e foi vestir uma camisa antes de abrir a porta.

– Ai que merda não posso nem faltar aula em paz.

Ele foi até a porta, dando de cara com seu irmão.

– Valeu aí - o mais velho disse enquanto entrava em casa e passava a mão na cabeça de seu irmão - Fui na casa da Sofia e esqueci minhas chaves.

Bruno revirou os olhos e fechou a porta da frente, seguindo seu irmão até a cozinha enquanto pegava seu celular que estava largado no sofá para ver se tinha alguma notificação.

– Aproveita que chegou em casa e faz alguma coisa pra eu comer, tô com fome.

Enquanto seu irmão começava a preparar um almoço atrasado, Bruno se sentou na mesa da cozinha e ligou seu celular, vendo 10 notificações do whatsapp só de mensagens de Davi.

"Oi Bruno 😄"
"Quer ir em uma festa de aniversário comigo hoje a noite?"
"Me passa seu endereço que eu posso passar aí pra te buscar"

[ ··· ]

O garoto pálido respondeu as mensagens, aceitando o pedido de seu amigo e dando seu endereço, já fazia um tempo que ele não saia pra lugar algum a não ser a escola.
O irmão de Bruno colocou na mesa 2 pratos de miojo de carne - o melhor que existe - e se sentou na mesa junto dele.

– Ainda tá falando com aquele carinha que você conheceu no hotel? Ele tem um jeitinho de tchola.

Bruno riu e depois tentou fingir ser sério.

– Para, não tem não. Ele só é educado.

Os dois comeram enquanto conversavam sobre diversos assuntos e quando começou a anoitecer Bruno já estava pronto e esperando por Davi. Ele estava vestindo um casaco listrado das cores verde e branco junto com uma calça preta com glitter que ele ganhou de uma tia distante que achou que ele era uma garota.

Um carro vermelho com janelas escuras parou na porta de Bruno, de dentro do veículo saíram Davi e um homem alto com cabelo e barba branca.
Assim que Davi saiu do carro Bruno o observou, ele usava roupas bonitas, uma camisa lilás e uma bermuda branca com corações vermelhos.

Os 3 se cumprimentaram e entraram no carro grande, o homem alto era o pai de Davi e os levou até a festa, que era o aniversário de um primo de Davi em uma casa grande com uma piscina maior ainda. Davi saiu do carro e puxou Bruno junto, tinha muita gente naquela casa, adultos, crianças e gatos, todos pareciam se conhecer e alguns estavam olhando para Bruno.

– Quanta gente.

Bruno disse enquanto andava ao lado de seu amigo com os braços cruzados.

– Uhum, as festas dele sempre são cheias, mas relaxa.

Era uma noite fria e parecia que iria chover a qualquer momento, por sorte Bruno estava com roupas quentes.

– Amei sua calça! - Davi disse, analisando a roupa de seu amigo - Eu tenho uma parecida!

Bruno deu um sorrisinho envergonhado, ele nunca gostou daquela calça, mas por azar era a única calça limpa em seu armário quando ele foi se arrumar.

– Sério? Eu gostei da sua bermuda.

Davi sorriu e olhou para um garoto baixinho de cabelos pretos cacheados que estava na varanda da casa, onde estava o bolo e boa parte dos convidados.
O garoto de cabelos tingidos agarrou o braço de Bruno e apontou para a criança.

– Olha meu primo ali! Ei, Pedrinho!!

Ele saiu correndo e puxando Bruno com ele, os dois só pararam quando estavam ao lado do aniversariante, eles ficaram conversando por alguns minutos até que um adulto apareceu para começar às brincadeiras da festa. Ele reuniu todos os convidados e começou a falar bem alto.

– Bora lá pessoal, a primeira brincadeira vai ser esconde-esconde!

Depois de ouvir o homem falar, o conta foi escolhido e todos saíram correndo para se esconder. A maioria dos convidados se escondeu dentro da casa, mas Bruno puxou Davi para o melhor lugar possível pra se esconder: a floresta ao lado da casa.

– Tem certeza que é seguro? - Davi perguntou enquanto andava ao lado de Bruno, que segurava sua mão - Aqui é mais frio.

– Relaxa!
Bruno disse quando os dois chegaram em um pequeno riacho.
Sem dizer mais nada, ele pegou Davi nos braços pra atravessar o riacho por um caminho de pedras.

– Ô, você é levinho! - Bruno comentou.

– Não, não! Me solta, você vai me derrubar!
Davi disse e se agarrou ao ombro de seu amigo, ele sentiu uma leve dor no peito ao ser levantado, mas isso já era bem comum pra ele.

Os dois atravessaram o riacho tranquilamente, Bruno colocou seu amigo no chão e se sentou em uma pedra.

– Daqui ainda dá pra ver a casa, a gente pode se aproximar daqui alguns minutos e correr até lá quando o conta estiver longe!

Bruno disse, se sentindo um gênio por pensar em um esconderijo tão bom. Davi se sentou na grama, ao lado de Bruno e os dois esperaram alguns minutos antes de fazer o caminho de volta, dessa vez Davi atravessou o riacho por conta própria e Bruno, que chegou na frente avisou que o conta estava longe, então os dois começaram a correr até a casa, Bruno conseguiu chegar e se salvar a tempo, mas Davi corria devagar e parava pra recuperar o fôlego, então ele não conseguiu chegar antes do conta e foi o único a ser achado.

O resto da festa foi incrível para Bruno, ele comeu até não aguentar mais e voltou dormindo no carro de Davi, ao chegar em casa ele dormiu como um bebê pensando em chamar Davi para ir em algum lugar legal também.



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