Você

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Lily

— O que foi, Lily? — Alice me perguntou preocupada.

— Que horas são, Lice? — Perguntei começando a suspeitar que aquilo não era uma coincidência.

— Quatro e cinco. Por quê? — Me perguntou confusa.

— Você notou que todos esses cartões chegaram sempre em horas exatas? A uma da tarde, depois das duas e assim por diante. — Expliquei e ela pegou o cartão da minha mão.

— Parecem ser da mesma pessoa, mas ao mesmo tempo, pessoas diferentes. — Alice comentou pensativa.

Olhei para os quatro cartões que eu tinha em mãos. Sim, a letra era parecida, mas parecia estar melhorando a cada cartão. Ficando mais elegante, esticada, fina.

Eu conheço essa letra, mas de onde?

— Isso quer dizer que as cinco de tarde você vai receber outro cartão? — Alice me perguntou curiosa.

— Me pergunto até onde isso vai. — Comentei mais comigo mesma.

— Provavelmente até as sete. — Alice deu de ombros.

— E por que só depois do almoço? — Perguntei ainda intrigada.

— A pessoa só teve a ideia no almoço? — Alice sugeriu.

— Não faz sentido. — Conclui ainda tentando achar uma explicação.

Quanto mais eu olhava para os cartões, menos eu entendia. Não tinham uma cor ou formato específico, além da letra ser parecida e virem sempre em número inteiros, nada mais tinha conexão.

— Certeza que não é de James? — Alice me perguntou após alguns minutos de teorias furadas.

— Não tem sentido ser James e nem é a letra dele. — Respondi pensativa.

— Não tem nada dele aí para comparar? —  Ela me perguntou mordendo os lábios e olhando para a flor que ele me deu mais cedo.

—  Tenho alguns relatórios de monitoria no dormitório. —  Dei de ombros e ela me olhou com expectativa. —  Accio relatório! —  Apontei a varinha. —  Mas não tem como ser ele. 

— Vamos descobrir logo. —  Alice comentou animada. —  Me sinto uma detetive tentando descobrir um mistério que vai terminar em um belo romance.

—  Você deve estar com muita saudade do Frank. —  Brinquei e ela me deu um tapa no braço e ambas rimos.

O relatório chegou alguns minutos depois e Alice não perdeu tempo e já abriu.

— A letra do James é muito bonita. —  Comentou e me deu um empurrãozinho malicioso. — Foi só um comentário, ciumenta. — Respondeu rindo.

— Viu? Não é a letra dele. —  Eu disse indicando a letra caprichada e esticada de James.

Alice colocou o último bilhete em cima do relatório para vermos as letras:

—  Não são iguais, mas que são bem parecidas... —  Ela comentou comigo e com um sorrisinho de lado. — E se estivermos certas, logo outro bilhete chega. — Ela disse apontando para o relógio ali perto.

Eram quatro e quarenta da tarde.

Não podia ser James, podia? Se fosse ele, por que isso? Por que me falar coisas como "sabidinha" e "seu cabelo é legal"?

— Só não faz o estilo dele. — Comentei comigo mesma e Alice me deu um sorriso solidário.

— Devemos estar perdendo alguma coisa. — Alice parecia bem convencida da sua teoria.

Dia dos namoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora