Capítulo III - A Última Música

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"Honestidade é um portão só de ida para o inferno."
(Sub Urban)

             Hugo estava andando pelo corredor com a cabeça baixa, mexendo em seu celular. O garoto saiu do banheiro com os olhos furtivos, e a respiração um pouco acelerada. Ele ajeitou a camiseta, tentando disfarçar o nervosismo.

             Passou pela sua sala, evitando o olhar curioso de quem pudesse estar por perto, enquanto sua mente lutava para esconder o que considerava seu maior segredo, um peso que ele não sabia por quanto tempo conseguiria suportar. Foi neste momento que uma voz feminina ecoou pelos seus ouvidos, dando um pequeno susto no novato.

             ─ Você perdeu o pronunciamento do diretor ─ Rayane disse se aproximando.

             ─ Ah... sim, eu já estava indo. ─ Hugo guardou seu celular rápido, mexendo no cabelo, demonstrando não estar concentrado. ─ E você não devia estar na aula? ─ O garoto fez um riso forçado.

             ─ Bem, acho que você também não devia, já que você não foi ao banheiro para usar o vaso sanitário. ─ A garota jogou na lata, sem medir esforços para dizer que sabia o que escondia.

             O coração de Hugo foi ao céu e voltou. O olhar dela parecia penetrar em sua alma, e ele se perguntou se, de alguma forma, ela já sabia. Ele desviou o olhar, tentando manter a compostura, mas a pressão no peito aumentava.

             Sentia que a verdade estava prestes a escapar, um fio prestes a se romper, e ele desejava desesperadamente que esse momento nunca chegasse. Seu corpo ficou paralisado, mas Rayane continuou a dizer.

             ─ Victor, acredite, é bem mais fácil você colocar uma senha no celular para que ninguém veja a notificação daquele certo aplicativo. Não sei se você sabe, mas eu amo reparar em novatos.

             ─ N-não tinha notificação nenhuma, você nem mexeu no meu celular. ─ O garoto gaguejou e logo cruzou os braços. Hugo se perguntou como diabos aquela garota sabia sobre o aplicativo de relacionamento que ele usava?

             ─ O Alessandro sabe disso? ─ A garota se aproximava como um animal selvagem que acabava de achar o seu jantar. Era fácil fazer aquele garoto confessar, já que realmente ela não mexeu no celular dele. Era apenas um radar que apitou e, como um metal, Hugo caiu tão fácil.

             ─ E-eu tenho que ir embora. ─ Hugo andou em direção contrária, até que a garota continuou a falar, chamando-o à sua atenção.

             ─ O que será que ele faria se descobrisse? Que o irmãozinho dele gosta de brincar de espada no vestiário masculino? ─ Rayane falou em tom debochado.

             Hugo se virou, em direção à garota que estava gostando de vê-lo ficar nervoso.

             ─ O que você quer, garota? ─ O garoto falou com raiva dessa vez, mas falou baixo, olhando para os lados, torcendo para que ninguém tivesse ouvido.

             ─ Fala sério, eu não sei como o Alessandro pode ser tão idiota de não ter percebido. ─ A garota riu.

             ─ Porque ele não é intrometido igual a você ─ Hugo disse ríspido.

             ─ Que seja, mas eu preciso de um favor. E agora que você confirmou, não tem mais dúvida alguma. ─ Rayane olhou para a sala que ela tinha saído e depois olhou para Hugo naquele vazio corredor. Ela tinha várias ideias sobre chantagem, mas aquela que veio à mente parecia ser a mais divertida possível. Se era o que Gabriel queria, então, por ela, ele iria ter. O show dele iria realmente dar o que falar.

Sin School - A Escola do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora