Capítulo IX - Maré Alta

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"Me ame quando não merecer"
(Thaciane Pantoja)

             O dia amanheceu lentamente calmo, como se naquele momento as pessoas não quisessem sair de suas casas, ir trabalhar ou levar as crianças às escolas. Tudo permaneceu em silêncio, até naquele bagunçado quintal da casa de Cadu, que no dia anterior teve um aniversário memorável, dependendo muito do ponto de vista. O dono da casa estava caminhando em direção ao quintal, pois sabia que ali seria o lugar mais desorganizado da sua residência. Querendo ou não, Cadu tinha que fazer aquilo, então ele costumava pensar que quanto antes ele limpasse, mais rápido ele estaria livre.

             O quintal de Cadu era harmoniosamente conectado com a floresta densa, já que apenas uma cerca de madeira pintada a cor branca fazia a divisão do que era propriedade dele e o que era parte daquela enorme imensidão cheia de folhas, flores e frutos.

             ⏤ Bom dia! ⏤ Yuri disse atrás de Cadu, logo após bocejar e se espreguiçar. O mesmo estava usando um pijama de calça comprida xadrez de cores azul e vermelho tinto. O mesmo o abraça por trás de Cadu, encarando o quintal que estava uma zona. Ambos estavam na porta da cozinha, tentando buscar coragem para limpar aquela zona.

             ⏤ Por que demos essa festa? ⏤ Cadu disse levemente arrependido. Ele forçou uma carinha de choro, e abriu a porta, saindo para o quintal.

             ⏤ Vou deixar esse belo trabalho para você e vou preparar o café para nós seis. ⏤ Yuri disse até que animadinho para realizar tarefas culinárias.

             ⏤ Cinco... ⏤ Cadu disse em voz alta caminhando com uma sacola preta de lixo.

             ⏤ O que? ⏤ Yuri perguntou, apenas olhando para a porta, esperando uma resposta.

             ⏤ Nós cinco, eu vi quando a Luane saiu, só tem o Ícaro, a Lucila e o Gabriel lá em cima, Eca! ⏤ Cadu fazia uma cara de nojo quando viu uma comida estragada em um prato de plástico.

             ⏤ Ah sim! Não sabia, você tem ideia para onde ela foi? ⏤ Yuri perguntou em voz alta, lavando algumas louças que restaram da festa da noite passada.

             ⏤ Não, mas eu tenho uma...ideia... ⏤ Cadu parou por um momento, encarando aquele corpo jogado, um pouco distante do seu quintal, mas visível aos olhos, onde se via aquela roupa misturada com as folhas murchas e caídas das árvores. Por um segundo, Cadu ficou assustado, achando que não havia alma presente naquele corpo, mas logo notou a respiração lenta do mesmo, além das garrafas vazias de Budweiser.

             O garoto se aproximou, deixando a sacola quieta e abrindo a cerca do seu quintal, indo lentamente até o corpo desconhecido, que cada vez se tornou maior, e mais conhecido para Cadu. Os detalhes, o cabelo, o corpo levemente musculoso e o rosto familiar deixou claro de perceber quem era que estava adormecido nas folhas caídas.

             ⏤ Hugo?

             O belo adormecido apenas fez um gemido baixo, quando seu nome foi acionado.

             Cadu sentiu pena, pois entendendo em relação ao que aconteceu na noite anterior, provavelmente Hugo ficou sozinho e solitário, vagando pela floresta, e bebendo cada vez mais até esquecer que era um ser humano. Cadu não mediu esforços para tentar carregar aquele garoto para a sua casa, e até com certa dificuldade de peso, ele conseguiu arrastar Hugo lentamente até o sofá da sala, mesmo com as folhas ainda grudadas nas suas roupas.

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