Capítulo XIII - Autólise das Ilusões

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Dizem que você morre duas vezes.
Uma quando seu coração para de bater, outra quando dizem seu nome pela última vez.
Mas eu ainda estou aqui.
(Banksy)

             A morte sempre foi e sempre será uma incógnita para os seres humanos, enxergar um corpo sem vida é como visualizar uma árvore sem fruto, sem seu propósito. A morte não espera, sem muitas delongas, ela pode lhe levar sem você poder suplicar para ficar, sem você poder se despedir de quem você ama, assim como se despedir do que você deixou. Viver é como sonhar e morrer é quando o sonho acaba, e não se sabe como vai ser após isso.

             A visão de Cadu ficou bem turva, ele ainda observou tudo o que acontecia com bastante distância. A cena do crime, antes mesmo de se privatizar, já estava com um enorme espaço pelos alunos mais próximos.

             Ninguém queria chegar perto demais para ver, pois estava horripilante e deplorável. Rayane estava com seu rosto totalmente desfigurado e coberto de sangue, e totalmente amassado, o vestido vermelho estava sujo com as folhas secas que haviam pela floresta, perto do lago. A coroa estava ao lado, dando a entender que sim, ela tinha caído, alguém a puxou para a frente, fincou várias vezes no rosto da garota, e o amassou até ela morrer.

             Era estranho o fato que não havia algo que pudesse ser usado para fazer isso em Rayane, como se não tivesse arma do crime.
Cadu não enxergou todos esses detalhes, ele nem queria olhar para lá, se não ia acabar vomitando.

             Ele estava mal com aquela situação, e toda vez que ele olhava para a cena, só piorava.

             Como alguém teria essa capacidade de matar alguém?

             Cadu tinha certeza que Rayane não era uma boa pessoa, mas não achou que alguém pudesse tirar a vida dela pelos seus atos, ou talvez ele achasse, mas iria deixar isso para outro momento. O fato de seus amigos, e o seu namorado não estarem presentes ali, o deixou mais nervoso. De modo algum Cadu imaginou que fosse um deles, mas ele sabia que isso ia dar encrenca, já que na hora do assassinato eles não estavam lá, e ficar sem álibi para o delegado e os policiais, era um caminho sem volta para a lista de suspeitos.

             A ambulância chegou, mas logo partiram para o IML, sabendo que a garota estava morta. A polícia chegou logo depois, interditando o local e reunindo todos que estavam ali. E após informarem aos pais de cada aluno, uma investigação começou no local, onde todos teriam que voltar para o ginásio e ficarem esperando até serem liberados.

             Foi feita uma fileira de cadeiras para homens e para mulheres. E por assim, cada um foi sendo liberado, tendo em vista álibi, de pessoas ou testemunhas com provas sobre.

             Os amigos de Cadu haviam retornado, mas todos estavam distantes um do outro, sem ao menos se olharem, como se fossem desconhecidos. Yuri retornou também, queria estar sentado ao lado do seu namorado, mas a fila já estava enorme e com certeza Cadu não estava nos melhores momentos para conversar, já que sabia que ele perguntaria o seu paradeiro e Yuri infelizmente não poderia contar.

             A vez de Cadu havia chegado, ele contou que estava com Enric e após o apagão, o garoto havia sumido. Alguns alunos contaram que tinham visto Cadu bem longe da cena, na floresta, assim como todos que correram ao grito de Rayane.

             Então o garoto foi liberado, sendo assim o único do grupo que era inocente da história toda.

             Cadu passou por Yuri, mas sem dizer uma palavra.

Sin School - A Escola do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora