A paixão parte I

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Segunda fase 1924 até 1930

No Verão de 1924, a fazenda estava em festa Anna Huerta mandou matar dois bois e alguns porcos. José e os filhos estavam animados, pois Anna daria um presente especial para Inês. A expectativa era grande, já que Anna mencionou em um jantar que Inês seria uma herdeira.

— Seu pai está bem feliz que Anna disse que será a herdeira dela. – disse Isabel escovando os cabelos de Inês.

— Ela me disse que poderia ficar mais tempo na casa grande a partir de agora, que só ficaria aqui em casa, se a senhora quisesse. — falava olhando pela janela.

— Ele não veio ainda menina, e filha, agora é uma jovem mulher não pode ficar muito perto dele, nem horas e horas conversando com ele afastada de todos.

— Para mãe, eu o amo, amo como a senhora ama meu pai, e ele pode deixar de ser padre.

— Inês, agora ele é bispo, não é mais um simples padre da Colônia de Albatroz. — Isabel se aproximou da filha e segurou seus ombros. — Inês , filha, não pode ver Victoriano como homem comum. Ele é um homem de Deus, pertence a Deus e a Igreja.

— Mas eu quero ele, quero que ele pertença a mim e a ninguém mais. — a jovem saiu correndo de casa e foi o mais longe que pode ir, mas sempre era o mesmo lugar.

No celeiro rústico, iluminado apenas pela luz da lua que entra pelas frestas das tábuas de madeira. O cheiro de feno e madeira encheu o ar, Inês entrou e ficou sob a clareira, seu local favorito na fazenda toda. A luz do luar dava o ar nostálgico ao momento, ela tinha os cabelos longos e estavam espalhados no chão de madeira do local, seus olhos molhados de choro que insistia em cair mesmo ela querendo que parasse. Ela sente o coração acelerar quando ouve seus passos se aproximando. Victoriano entrou sob o olhar fixo nos dela. A tensão entre eles é palpável, como se o mundo inteiro desaparecesse.

— Não chore assim, vai ficar com os olhos inchados e vermelhos — ele se sentou ao lado dela e acariciou seu rosto. — És linda Inês, a jovem mais linda que já vi. Não pode chorar assim, me conta o motivo do seu choro.

— Você, você é o culpado dele e a sua igreja, eu te amo Victoriano, te amo e sabe disso, é só você que eu quero, deixe a igreja e se case comigo! — ela sente os braços grandes e fortes dele rotear seu corpo pequeno.

— Inês, com isso de novo, não vou me casar com você, já sou um homem comprometido com Deus e com a Igreja — ele se afasta fazendo com que ela olhe para ele. — Já falei isso antes e falei novamente antes de ir para Roma, minha vida é de Deus.

— Pro inferno com ele e com a Igreja. Eu te amo e sei que me ama — gritou tão feroz que vez Victoriano se assustar com o fato dela estar naquele estado.

— Para com isso agora, não vou tolerar uma jovem birrenta que quer o que não pode ter.

— Então vá embora daqui, vá para bem longe, não quero você comigo, não quero você na minha festa e não quero você na minha fazenda!

— Sua fazenda, vejo que Anna já contou seu presente de aniversário, mas Inês não seja tão soberba, eu sou um Bispo agora, e pela ordem eu posso ficar, inclusive por um convite feito por Anna.

Inês olhava para ele com raiva, sentia seu coração doer por amar alguém sem ser correspondida. E novamente ela se ajoelhou e chorou. Victoriano fez o mesmo ficando na frente dela e segurou seu rosto com delicadeza.

— Não fica assim pequena, eu estou aqui, e sempre estarei ao seu lado.

— Mas eu quero que fique do meu lado como homem e não como o Bispo Santos — Ele toca suavemente o rosto dela, traçando o contorno dos lábios com o polegar. Inês fecha os olhos, entregando-se ao momento. A respiração deles se mistura, e o silêncio é quebrado apenas pelo som suave do vento lá fora.

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