Amor e Desilusões

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Parte I

Terceira fase 1932 até 1940

A primavera começava a dar sinais que estava próxima e com isso o campo estava sendo preparado para a colheita, Ivan e Carlos ajudavam o pai com a administração da fazenda, Inês juntos com Isabel cuidava da contabilidade, administração das casas e dos empregados. Naquela manhã um pequeno caminhão chegou com os trabalhadores temporários para a tosquiada, e seria uma das grandes, pois Albatroz tinha mais de 500 ovelhas para o verão.

— Pai, os homens do Sr. Frank chegaram, vamos alojar eles no galpão norte, temos que avisar as mulheres que nada de sair depois do jantar, e Inês não pode ir para aquele lado sozinha. — Carlos olhou para o pai com uma certa advertência no olhar.

— Vou falar com a sua mãe, aquela moleca vai me dar trabalho que eu sei.

Inês estava cavalgando pela fazenda, era seu divertimento, ela e Vicente estavam atrás de um porco selvagem que rondavam a fazenda. Ela com sua espingarda deu um tiro de aviso alertando que havia visto o porco.

— E então pegou ele? — Vicente desceu do cavalo e segurou o corcel para que Inês descesse do dela.

— Não, mas olha aí ele — Benigno que chegava na surdina, atrás deles, deu um tiro certeiro no javali e o derrubou.

— Ah Beni, não vale, estávamos caçando ele.

— Eu sei, mas o pai mandou te buscar, não pode mais ficar sozinha por aí.

— Ela não está sozinha Beni, estou com ela! — Vicente ficou na frente da irmã.

— O pai quer os dois em casa, chegou os temporários e ele e a mãe não querem vocês dois por aí!

Inês entendeu o que Benigno dizia, os irmãos sabiam que Vicente não era atraído por mulheres e sim por rapazes, mas como naquele tempo tudo era tabu, na casa dos Huerta não era diferente. Os irmãos voltaram para casa, e ao chegar o caminhão do Sr. Frank estava parado na porta da casa sede.

— Aqui está o pagamento por trazer eles, o restante será feito depois que todos terminarem o trabalho — José entregou o envelope e um recibo para que Frank assinasse.

— Não preciso disso — falou ele entregando o recibo de volta.

— Não perguntei se precisa ou não, aqui todos que trabalham recebem e isso garante que eu te pague agora e depois. Então assine isso, ou nada feito, pode voltar e pegar seus homens — Frank olha o papel e José entendeu que ele não sabia ler. — Aqui diz que estou te pagando adiantado por 20 dias de trabalho, sendo pagamento de 50% por 35 homens e que pagarei os outros 50% no final do trabalho.

— Pode assinar, eu mesma fiz o recibo, é uma garantia, mas se quiser levar para alguém ler para você tudo bem, não é papai?

— Inês eu mandei ficar em casa. Minha filha que cuida da contabilidade, ela estudou no colégio e sabe fazer isso tudo.

— Eu entendo, obrigado. — Frank assinou, era seu nome a única coisa que sabia realmente escrever e ler, viu que no recibo tinha o nome dele e os números, isso ele sabia bem, contar o dinheiro que recebia.

— Você fica com a cópia da fazenda e nós ficamos com a sua. — José entende de mão e Frank faz o mesmo.

Vicente que estava um pouco mais afastado olhou para Frank um pouco diferente, ele ficou fascinado pelo homem. Frank era alto moreno de cabelos negros e olhos claros, sua pele era um tom de canela, uma mistura de sol e cor natural. Inês percebeu que o irmão ficou olhando para o novo capataz temporário e entrou em casa puxando o irmão. O que eles não perceberam era que havia um outro homem dentro do caminhão que olhou para Inês de um jeito peculiar. Depois que Frank entrou no caminhão para repartir o primeiro pagamento. Marcos olhou para ele e disse.

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