O "amanhã" chegara mais rápido do que imaginei.Minhas meninas e eu jantaríamos na casa alugada de Sofia e eu me sentia como uma criança que iria ao zoológico pela primeira vez, porém, seria eu o animal enjaulado, exposto ao resto do mundo.
Todas aquelas mulheres, com exceção de minha filha, sabiam do erro que cometi com a morena. Certamente, me achavam um grande de um fraco.
Eu, porém, tinha certeza de que não era esse o homem que queria que Khai tivesse como referência, mas não tinha como apagar o recente passado.
Invejava a inocência e falta de entendimento da pequena...
Como que prevendo que a ansiedade me corroía, minha mãe sentou-se ao meu lado e entrelaçou seus braços em meu corpo, sem dizer nada:
- Você acha que é uma boa ideia irmos, hoje à noite? - perguntei, analisando seus olhos castanhos correrem por cada traço de meu rosto.
- Por que não seria, sunshine? - revirei os olhos, lhe arrancando uma risada.
- Mãe, é sério! Eu me arrependi, não tenho como consertar o que fiz Sofia passar. A mãe dela estará lá. Não sei se aquele Tom estará também. Talvez ela me odei...
- Sofia não odeia você, querido! - exclamou.
- Claro que não. Ela é boa demais pra isso... - minha mãe acenou, como se fosse óbvio. - Mas ainda assim, posso te dar uma lista de razões para não irmos.
- Filho, eu fui sincera com você o tempo todo e serei agora, mais uma vez. - assenti, ouvindo-a com atenção. - Todas essas variantes não valem de nada, porque a única coisa que importa é que você conserte os erros que cometeu. E quando eu falo em consertar, não estou dizendo que você leve flores e implore para que Sofia lhe perdoe... acho até que isso é uma péssima ideia! O que quero dizer é que você precisa ficar em paz, em seu coração, e para isso acontecer, você terá de se abrir com ela. Explicar o que não explicou lá atrás, deixar que ela saiba que sente muito pela forma como agiu...
- Você estará lá comigo se tudo der errado? - mais um pouco de drama e eu poderia ser confundido com um cachorro que caiu da mudança.
- Sempre estarei com você, sun.
- Quem vai 'tá onde com quem? - Khai deixou o quarto onde estava, juntando-se a nós na sala, tão rápido que pareceu um foguete.
Puxei-a para o meu colo, distribuindo tantos beijos e cócegas quanto consegui. O som da risada dela sempre seria minha música favorita.
- Você quer ir jantar na casa da Sofia, hoje? - observei-a franzir a sobrancelha.
- Mas a Fifia não tem uma casinha no outro lugar que você disse, baba?
- De verdade verdadeira, a casa dela é perto da nossa. Você lembra?
- Mais ou menos... - confessou, com uma expressão esquisita, fazendo com que rissemos. - Mas como a gente vai jantar na casinha da Fifia se ela mora lá longe perto da gente?
Respirei fundo, pois jamais me permitiria perder a paciência, enquanto sabia que tudo o que ela queria era entender como o "mundo" funciona.
- Você era igualzinho... - minha mãe sussurrou.
- Acho que você pode se considerar vingada, então! - ela me deixou um tapa leve no ombro, logo levantando-se e tomando Khai pela mão, enquanto explicava porquê Sofia estava em uma casa aqui e que, não, não iríamos jantar perto da nossa casa.
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Estávamos no carro do aplicativo, nos dirigindo até o endereço que Helena havia passado para minha mãe.
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Hallowayn
RomanceA vida da fotógrafa Sofia Souza deu um giro quando, duas semanas antes de seu casamento, descobriu que seu noivo a traía com uma colega de trabalho. Decidida a deixar o Brasil e, junto do país, toda a decepção vivida, embarcou para a Philadelphia a...