Estávamos no final de junho e minha agenda estava bem mais tranquila do que quando cheguei a Londres. Eu ensaiava diariamente propor a Charlotte que suspendêssemos meu contrato antes do previsto, pois Adam estava dando conta tranquilamente das agendas e meu papel estava sendo – basicamente – tirar algumas fotos extras e cobrir as reuniões e outros compromissos de Davis e Felton.Não estava de maneira alguma reclamando, afinal, no auge da campanha todas as minhas ideias foram fortemente levadas em consideração e acredito que meu portfólio tenha ido de 10 a 100 em uma velocidade sem igual, porém, passada a correria inicial de lançamento, sentia que agora meu trabalho já não era tão necessário.
Tom estava em cartaz em uma peça chamada "A Child of Science", que abordava a história da Fertilização In Vitro, então, encontrava-se igualmente mais engajado neste outro projeto no que no perfume, em si.
Minha insegurança apenas me autorizava a ensaiar o pedido de voltar para casa antes do tempo. Todos os dias, antes de deixar meu apartamento, eu me olhava no espelho e ensaiava um monólogo de 10 minutos sobre minhas razões, porém, ele nunca saía do "script" e eu tinha a sensação que faria xixi nas calças, caso abordasse a diretora da marca sobre o assunto.
Naquele final de tarde, eu caminhava tranquila pelas ruas de Londres, admirando a paisagem, enquanto sentia a brisa leve do verão em meu rosto. Havia acabado de comprar um café quando senti meu celular vibrar no bolso do leve blazer:
- Hey, pumpkin... - franzi o cenho.
- Oi... - tenho certeza que soei muito desconfiada, pois o homem logo tratou de se explicar.
- Tive que mudar o número do telefone. Fumper achou que meu celular era um graveto e levou-o para dar uma volta, tomar um banho... tanto faz... no lago da fazenda.
Era bem a cara do Border Collie pegar qualquer objeto que estivesse dando sopa – especialmente quando achava que estava sendo ignorado pelo dono.
- Ah, não... você perdeu todos os episódios de Naruto que estavam no celular? - segurei o riso, mas não consegui conter o tom de deboche. Zayn levava Naruto muito a sério.
- Não seja boba! Eles estavam salvos na nuvem.
Rimos, sendo seguidos de um silêncio confortável.
Desde o encontro em Paris, havíamos nos falado vez ou outra. Não havíamos, no entanto, conversado mais sobre nós e acredito que essa página estava virada. Pelo menos, no meu caso, Paris tinha sido como o fechamento do ciclo: conversamos numa boa, nos despedimos – e que despedida, por falar nisso – e estávamos levando uma amizade leve, em nome de nós mesmos, de nossos amigos em comum e de minha proximidade com Khai.
Estava tudo de boa, de verdade.
- Então... - quebrei o silêncio – a que devo a ligação?
- Está ocupada agora para um Facetime? Preciso de sua opinião para algo.
Afastei o aparelho de meu ouvido e iniciei a chamada de vídeo.
Mesmo que as coisas estivessem indo suaves, precisei segurar a respiração ao vê-lo através da tela.
Zayn estava lindo: trajava um terno, cujo blazer era verde e preto, de veludo e uma calça do mesmo tecido, na cor verde. Longe de serem seus trajes habituais, deduzi que estava em um ensaio.
Ele estava deslumbrante, porém, sua linguagem corporal demonstrava a timidez que sempre sentia quando era fotografado.
- Wow! Deixaram você sair da Disney hoje, príncipe? - ele revirou os olhos, visivelmente constrangido. O traje dele realmente lembrava o de um príncipe de desenho animado.
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Hallowayn
Roman d'amourA vida da fotógrafa Sofia Souza deu um giro quando, duas semanas antes de seu casamento, descobriu que seu noivo a traía com uma colega de trabalho. Decidida a deixar o Brasil e, junto do país, toda a decepção vivida, embarcou para a Philadelphia a...