God & Monsters.

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16 de junho de 2014.

Fazia mais de um mês, que a London Daily tinha publicado a matéria apontando Penélope e Colin como casal, o efeito da notícia percorria como um rio prestes a secar, com alguns burburinhos na escola e também na internet, mas para as "vítimas" era como se aquilo nunca tivesse acontecido, nenhum dos dois trouxe o assunto a tona depois daquela publicação. Pensavam um no outro, com mais frequência do que gostariam, mas não ousariam admitir isso em voz alta, já era enlouquecedor demais não ter controle das memórias.
A pior parte, era aguentar Cressida Cowper e sua legião de bisbilhoteiros rondando Eloise, Penélope e Colin, desesperada para descobrir o que quer que estivessem escondendo. Suas amigas eram quase espiãs, da pior qualidade, mas espiãs, tentando colher informações pelos cantos e cabines do banheiro, até agora não tinha nenhuma informação favorável e se dependesse da capacidade de descrição delas, continuariam sem saber de absolutamente nada.

...

— Será que o professor me deixa não participar da aula? Eu não tô me sentindo bem. — Penélope estava se trocando no vestuário, quase se arrastava pelos cantos e para o seu azar, teriam três aulas de educação física no ginásio.

— Você pode tentar, mas já conhece a peça. Ele vai dizer que é 'drama e que os exercícios salvam almas cansadas e doentes' — Eloise imitou o professor, forçando uma voz aguda e estridente.

A tentativa de fazer a amiga rir funcionou, pelo menos um pouco, mas o corpo de Penélope realmente não estava nas melhores condições, a exaustão percorria por cada osso e um enjoo inenarrável perdurava em seu estômago.

— Eu tô me sentindo um celular com pouca bateria, prestes a desligar. — Concluiu ao terminar de se vestir.

— Credo, Pen. Falando assim, até parece que tá nas últimas — O pânico se instalou em Eloise, só de pensar na hipótese da amiga morrer. — Você não vai morrer, né?

— Um dia todos nós vamos, mas acho que o meu dia não é hoje, então pode se acalmar. — Penélope Confortou Eloise com um abraço, era fofo a preocupação genuína que uma tinha com a outra.

Sem disposição, mas por mera obrigação, saíram do vestuário e se juntaram aos demais alunos na quadra, para fingir que estavam interessadas no que quer que fosse o jogo. As duas chegaram enquanto os times eram divididos, de um lado estava o grupo de Cressida e do outro o de Theo, pra jogar dodgeball.

— Eu quero a Eloise. — Cressida escolheu de propósito, com a intenção de deixar Penélope no time adversário, sozinha.

Só faltou sair fumaça pela cabeça de Eloise, xingou Cressida com as piores ofensas que possam existir e atravessou a quadra reclamando, com passos tão firmes que poderiam afundar o chão. Penélope sabia que não teria como refutar, o professor era chato e Cressida mais ainda, poderiam fundar um clube de pessoas ignorantes e insuportáveis, seriam as melhores figuras representativas.

...

O placar estava empatado, faltava um ponto pra ambos times e a vitória quase foi da equipe de Cressida, se Eloise não tivesse saído correndo atrás de Penélope, para verificar se a amiga estava bem.

— Isso é injusto, a vitória é nossa! Se a princesa Bridgerton não sumisse de campo, nós teríamos conseguido. — Cressida estava indignada, reclamando na cabeça do professor, que só fingiu não ouvir e iniciou outra partida.

Dentro do banheiro, Eloise segurava os fios ruivos que caiam sobre o rosto de Penélope, enquanto a mesma estava apoiada na lateral do vaso sanitário, vomitando todo seu almoço. Respirou fundo e passou o dorso da mão na boca, sentindo seu coração saltitar.

Blue Velvet | Polin.Onde histórias criam vida. Descubra agora