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Eu ouvia vozes mas não conseguia identificar...ou conseguia? Talvez eu não quisesse acreditar.

A Alma realmente deixou ele entrar no carro?

Estava respirando apenas porquê era automático, não conseguia me mover.

"Não pense que eu estou feliz com isso. Tem sorte que ela está em estado de choque" Ouço Alma dizer.

"Tudo isso é culpa sua"

"Minha? Com licença, não foi eu que trouxe ela até aqui sabendo quem era esses caras" Alma esbravejou. "Acho que você só não contava que ela ia sobreviver"

"Você não sabe porra nenhuma, nem teria saído do lugar se não fosse por mim" A voz masculina esbraveja, não, não poderia ser ele.

Tento falar mas meus lábios não se movem, minha garganta não emite som algum e então, tudo fica escuro.

(...)

"Por quê nunca falou nada sobre isso?" Minha mãe questiona quebrando o silêncio entre nós, eu preferia não estar aqui, não queria me explicar pra ninguém, muito menos ouvir reclamações, meu cérebro doía só de ter que raciocinar, estava respirando simplesmente por ser automático.

Talvez, eu nem estivesse aqui. Não sentia que estava.

"Porque eu não quis, mãe."

"Uau, a senhorita que faz as decisões todas, poderia perder minhas duas filhas e ficaria assim no escuro" Ela dá uma risada seca, seus cabelos estavam bagunçados e seus olhos inchados de tanto chorar, era 5 da manhã e eu só queria ficar em silêncio, por quê ninguém me deixa ficar em silêncio?

"Saber não iria mudar muita coisa" Murmuro encarando o sol nascer pela janela.

"Cadê a Elena, Cecília?"

Passo a mão pelos meus fios soltando o ar lentamente de maneira brusca e a ignoro.

"Quem é você? Eu achei que eu te conhecia, que eu sabia que você estava fazendo a coisa certa e melhorando, mas-"

"Mas eu falhei, né mãe? Sinto muito não alcançar suas expectativas, sinto muito por tudo isso, tá bom? Eu não quero conversar!" Disparo a encarando dessa vez "Eu não quero conversar, eu não quero me explicar, eu não quero te ouvir, tá legal?"

Seus olhos ficam marejados e eu lhe dou as costas, voltando a encarar a janela.

"Você é igualzinha seu pai"

Suas palavras ecoam em minha mente e eu solto um suspiro longo, o sol já subia lentamente se mostrando através da neblina. " Posso viver com isso."

"Não tenho certeza se pode" Ela rebate e logo em seguida ouço a porta bater forte, pego meu celular digitando rapidamente a mensagem, esse advogado do Sr. Armstrong, me parecia um charlatão, mas algo me dizia que ele sabe muitas coisas, coisas que eram verdade..

Como o Sr Armstrong foi se envolver com um homem assim?

Sento na cama tentando organizar meus pensamentos, eu havia sido traída por Vinnie e ele estava do lado desses homens? Por que eles tinham crianças lá? O que eles fazem ali? Aposto que durante todo esse tempo ele ria do meu sofrimento, por quê ele me protegeu tantas vezes? por quê ele me ensinou tantas? E o que será que está acontecendo com a Elena agora?

Eu preferia fingir que não existia a possibilidade dela estar morta, não, ela não pode estar morta. Que ela não esteja morta.

E eu iria tirar ela de lá, nem que eu tivesse que queimar o mundo inteiro pra isso.

A porta se abre e me levanto imediatamente dando um passo pra trás "O que você tá fazendo aqui? Noah!" Grito andando cada vez mais pra trás, puxo a arma da escrivaninha e aponto em sua direção

O Efeito Cisne NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora