Algo em mim está se esvaindo
É como se eu sentisse a doença chegando, cada vez mais perto
Ela vem devagar, mas ainda sim, se faz presente
Dando sinais, indícios, provas da sua existência
São sutis, e mesmo assim, o estrago é prejudicial à minha realidade
Começou com uma tristeza absurda
Depois, virou uma sentimento reprimido
E um tempo depois era como uma coceira chata
Passeando pelo meu corpo, até que chegasse aos pulmões
Então as coizas dentro de mim, começaram a trazer pra fora o que eu reprimia contra a minha própria vontade
Primeiro a fadiga, depois o cansaço, em seguida as dores de cabeça
E logo, o mau humor
Era tanto, que qualquer coisa me causava raiva, ódio, nojo
O mundo para mim não era mais nada além de um fardo, um castigo
Que trouxera à minha vida um cargo com responsabilidades
Responsabilidades essas que eu não estava pronta pra ter
E se manifestou naquela raiva, naquele ódio, naquela mágoa que eu guardava
E dia após dia eu tentava mantê-los guardados
Mas como um copo cheio, eu transbordei, e dessa forma, acabei sem espelho
Porque ele virou apenas caquinhos aos meus pés
Minhas mãos arranhadas, o desespero estampado no rosto, o ódio cada vez mais crescente
E não satisfeita, eu despedacei ainda mais aquele espelho até me sentir relativamente melhor
E depois, o choro veio
Trinta minutos de lágrimas desesperadoras e doloridas por ter guardado algo de tamanha imensidão
Toda a raiva, a tristeza, o ódio, o sentimento de exclusão, de insuficiência, de solidão
Todos os meus sentimentos estavam ali, aos meus pés, nos meus punhos, nas minhas lágrimas
Uma doença está me atingindo
Só não sei se é algo mental
Ou só um câncer se manifestando pelas mini coceirinhas no pulmão que me acordam em crise de uma tosse catarrenta pela manhã
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Desistências E Recomeços
PoetryÉ sobre ele, mas muito mais sobre o que eu me tornei depois dele. Não há dedicatória maior do que um livro inteiro que contém os melhores poemas que já fui capaz de escrever.