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Eu preciso parar
Parar de pensar em como doeu
Mesmo que agora eu não sinta mais
Toda vez que eu lembro, parece que volto para aquele dia.

Aquele desespero de estar implorando
Aquela dor que consome quem ama demais
A dor de ter feito tudo o que eu podia
A dor de ter te revelado meus demônios.

Te contei todos os meus medos
Me entreguei muito mais do que só corpo e alma
Entreguei toda a minha existência pra você
Você me prometeu o mundo, mas me apagou dele.

Você não sabia das consequências dessa promessa
E mesmo que soubesse, você as faria mesmo assim
Porque eu fui conveniente no momento certo
E quando enjoou, você me arrancou do paraíso.

Tirou lentamente tudo de mim
Me fez sofrer horas e horas por algo assim
Tudo o que você precisava fazer era falar
Mas só teve coragem quando eu fui perguntar.

Podia ser como um curativo
Arrancasse rapidinho para a dor ser momentânea
Mas você escolheu puxar devagar
Cada dia puxava um pouco, e doía muito.

O início era o meu céu
A minha salvação
Você decidiu me levar ao inferno
E não poupou, da dor, o meu coração.

Eu me pergunto o que você sentiu com isso
Onde estão as suas marcas?
Aquelas que você dizia que ficavam
Quando você machucava alguém que amava?

Eu não valho uma marca pra você
Porque só se marca quando ama
E você nunca me amou
Qual o sabor do meu sangue? Já que você o derramou.

Eu preciso parar de pensar em como doeu
Agora já não dói, mas infelizmente eu lembro
Eu lembro de como foi sentir
Eu lembro de como foram os efeitos fisiológicos.

Acho que eu não lembro pra sofrer
Lembro pra me proteger
De qualquer coisa que eu sinta
Uso memórias como escudo, para que nunca mais volte a doer.

Deu certo, isso me impede de ir atrás de ti
Para que eu não confunda esse sentimento
Eu não consigo sentir nada, você é um tanto faz
Me protejo assim, para não voltar para esse tormento.

Talvez o paraíso seja o que nós
Não queremos ver em um mundo sujo
Talvez pessoas sujas
Entrem em nossos paraísos inventados.

Fingimos que eles são anjos
Para que não vejamos
As suas faces de demônios
É tudo um grande "talvez"
Dentro de certezas óbvias.

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