Capítulo 4

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Eu acreditava não ter realmente adormecido, que eu iria apenas tirar um cochilo, assim como eu sempre costumava tirar após almoçar e fazer os deveres, mas quando acordei, já era escuro. O Rio Han, antes visível pela janela, agora dava lugar a pequenos pontos de luz, produzidos por postes e janelas de prédios altos.

Eu escutava apenas alguns grilos cantando ao longe e o som do ar-condicionado, que eu sequer lembrava de ter ligado. A única luz que iluminava meu quarto era da tela do meu celular, exibindo que eram uma da manhã, seguido de milhões de chamadas perdidas de Jimin.

– Droga, o encontro no café... – Murmurei, a voz afetada pelas quase dez horas de sono – Poxa, acho que Jimin nunca vai me perdoar...

Desbloqueei o celular com dificuldade, a visão ainda se ajustando à escuridão, vendo que não haviam mensagens dele, apenas as diversas chamadas perdidas. Comecei a ligar para ele, mas o celular dele nem sequer recebia as ligações. Liguei três vezes, cruzando os dedos para que ele não atendesse e de cara começasse a me ameaçar, mas ele não atendeu. Desisti de ligar e resolvi mandar um áudio para ele.

– Nossa Jimin, me desculpe, de verdade – Me assustei com a rouquidão da minha voz e o modo como minha garganta estava seca e ardida – Eu capotei quando cheguei da faculdade... você conseguiu ir?

Enviei o áudio, que, assim como as ligações, não foram recebidos. Apertei meus olhos em dúvida, me perguntando se ele já estava dormindo, apesar de que quando não temos aula, ele costuma passar toda a madrugada acordado lendo. Me perguntei se seu celular estava descarregado ou sem sinal, mas rapidamente jogando o celular na cama, desistindo de tentar mandar mais mensagens.

Me sentei na cama e quase pulei de susto ao sentir o quão gelado o chão estava. Procurei pelo controle do ar-condicionado para desligá-lo. Olhei na cama, na mesinha ao lado, nada. Apenas enfrentei a sensação de que estava pisando em gelo e me levantei, sentindo o frio me atingir ainda mais. Olhei ao redor, tudo parecia normal, nos conformes.

"Então... será que Jimin me atende se eu ligar pelo computador?" Pensei comigo mesmo e me direcionei até a cadeira, sentindo o ferro dos pés da cadeira queimar de leve minha perna.

Me sentei, ligando o abajur, o computador e mais uma vez e fazendo uma chamada de vídeo para Jimin. Me observei pela câmera do computador, os cabelos totalmente pretos bagunçados caindo livremente pelo meu rosto, que estava inchado pelo longo tempo de sono. Meu moletom estava amassado e meus olhos um pouco avermelhados. Esperei por um, dois, três minutos, e Jimin não atendeu mais uma vez.

Bufei de raiva, arqueando as costas e encarando o teto acinzentado do quarto, desligando o computador novamente. Me levantei, olhando ao redor.

– Melhor eu descer e tomar um copo de água, ou minha garganta vai me matar – Resmunguei, levando uma mão até a garganta e massageando o local.

Peguei minha pantufa e calcei-a com certa dificuldade, andando em passos lentos e preguiçosos, os olhos quase totalmente fechados. Porém, senti meu pé chutar algo duro e pesado, meus dedos estalando tão alto que por instantes pude pensar que haviam quebrado.

– Aish, meu pé! – Resmunguei, pulando em um pé só e levando as mãos ao pé atingido.

Olhei para o chão procurando pelo que eu tinha atingido, encontrando um livro de capa prata. Estranhamente familiar.

– Huh? Mas... eu trouxe esse livro... pra cá?

Me agachei e peguei o livro do chão, a luz amarelada do abajur iluminando o título. Minha boca se abriu, mas não consegui falar nada. Apenas coloquei o livro sobre a mesa e comecei a folheá-lo.

Os Poemas Secretos de Yonsei (Yoonseok - JHS + MYG)Onde histórias criam vida. Descubra agora