Os Poemas Secretos de Yonsei (Yoonseok - JHS + MYG)

Capítulo 11

"Ao levantar algo, é melhor fazer junto com alguém. Até uma folha de papel".

(Ditado popular coreano)

— Me perdoe.

— Pelo que?

— Por ter dito que não aconteceria nada — Hoseok pressionou ainda mais o saco de gelo contra meu ombro, causando uma dor latente — Eu realmente tinha me esquecido completamente do seu ombro, por favor, me perdoe por isso...

Eu também não imaginei que algo pudesse acontecer, afinal meu ombro já não era mais um problema, já fazia quase um mês do ocorrido e eu apenas sentia algum desconforto quando fazia movimentos bruscos. Mas eu consegui machucá-lo num "cabo de guerra" contra a equipe dos alunos de educação física, que obviamente são muito mais fortes do que eu poderia sonhar em ser.

E quando a corda finalmente cedeu, eu despenquei numa queda horrível, batendo meu ombro com força no chão. A dor foi tanta que tive que parar na enfermaria, mas para minha sorte o tendão não rompeu de novo. Como se não bastasse, era tarde e a última vez que eu tinha comido qualquer coisa havia sido na noite anterior. Eu estava derrotado, com dor e com uma maldita fome tão grande que poderia comer um boi inteiro. Mas, mais uma vez, o garoto de pele iluminada me "salvou".

— Não foi culpa sua, eu que deveria agradecer por estar me ajudando com isso, Jung Hoseok

— Jung Hoseok? Aish, não me chame assim, é estranho... me chama de Hope — Ele afirmou, tirando o saco do meu ombro e abaixando a manga da minha blusa — É bem melhor assim

— Hope?

— Uh-huh, "esperança"— Ele sorria enquanto falava, desdobrando a manga com cuidado — Ainda doi muito?

— Ah, não, já estou bem melhor — Minha mão se moveu automaticamente até o ombro ferido, fazendo uma leve massagem circular — Muito, mas muito obrigada

O olhar de Hoseok se iluminou como se toda uma constelação estivesse ali, dentro daqueles olhos castanhos.

— Não agradeça, estou pagando por ter feito você confiar em mim — Ele cruzou as pernas e abraçou a mochila — Deveria ter deixado você decidir

A boca dele se movia delicadamente, enquanto o sorriso ainda se fazia presente, enquanto o vento deixava alguns fios espalhados pelo seu rosto

— Mas eu decidi ir com você, então é minha responsabilidade — A ênfase no "eu" fez o seu sorriso sumir, enquanto Hoseok tombava a cabeça para o lado olhando no fundo dos meus olhos, esperando que eu falasse — E aliás, eu sempre acabo esquecendo de toda essa situação com meu ombro

— Aish, tudo bem, tudo bem, mas eu ainda vou te ajudar... se sente melhor agora? — Ele questionou, com a testa franzida, e umedeceu os lábios quando concordei com a cabeça — Parece um pouco pálido, um pouco mais do que o normal

— Eu estou bem, a queda deve ter me deixado um pouco desnorteado — Meus olhos vacilavam entre a estrutura de madeira do banco e o chão de pedras intertravadas e acinzentadas

— Tem certeza — Ele parecia desacreditado, se aproximando um pouco mais de mim, e com o meu silêncio, ele colocou as costas da mãos sobre meu pescoço

Tão confortavelmente quente, sua pele era macia, muito macia, muito macia... E pensar demais naquilo estava me torturando por dentro. Ainda mais por saber que aquela sensação ia grudar na minha cabeça pelo resto dos meus dias.

Meu corpo parecia amolecer e quase fechei completamente os olhos, com uma tontura insuportável. A dor, a fome, tudo se juntava para me deixar em um estado realmente deplorável.