Departamento de Mistérios

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Na última vez que acordou olhando para o nada e pensando em Lily, tinha sido há muitos. Ainda em Hogwarts, para ser exato.

Um tempo depois dessa última vez, era raro não tê-la ao seu lado, então não precisava mais ficar devaneando sobre ela...o maroto podia simplesmente aproveitar.

Antigamente, quando devaneava, era por estar completamente apaixonado e não entender o porquê de não conseguir chegar até ela. A razão era clara, mas aquele adolescente bobão não conseguia compreender o motivo das suas aparentes tentativas de charmes não serem apreciadas. Poxa, ele era tão bom em Quadribol, tinha um cabelo estiloso, um corpo legal, um sorriso bonito. Parecia tão interessante para tantos, mas não para Lily. E aquilo o intrigava bastante nas manhãs.

O que eu posso fazer de diferente? O que ela gostaria de ouvir? Ela prefere visitar outro vilarejo ao invés de Hogsmeade?

Com os anos passando, as perguntas começaram a mudar:

Isso é culpa do Ranhoso?

E mudou mais:

Isso é minha culpa?!

Quando percebeu que era ele mesmo o problema e nenhum outro acontecimento, ele já tinha amadurecido. Não podia dizer que mudou por ela, porque o seu crescimento tinha começado internamente, mais do que o fato de alguém tê-lo feito mudar. Ele quis, aceitou e fez a mudança. Lily ver, gostar e se aproximar foi uma consequência. A melhor que poderia ter.

Mas por que ele acordou pensando nela naquela manhã tão aleatória? Não a via por alguns dias, sem notícias, sem nada. Bastou abrir os olhos e a primeira coisa que pensou, foi ela.

O fato de que tiveram conversas estranhas no último mês pode ser o motivo. Ficaram oito anos sem contato, para então aparecerem um na vida do outro. Ela com um namorado a tiracolo, inclusive.

Ou talvez o fato de Harry ter começado em Hogwarts o levava naquela viagem ao passado. Mas tanta coisa para lembrar, tantos momentos icônicos vividos lá, e tinha que pensar em Lily? Apenas nela?

Levantou e foi até a cozinha. O nascer do sol o acolheu, ainda que bem diferente do de Hogwarts ou do de Godric's Hollow. Tomou o café enquanto lia algo sobre o sangue dos unicórnios. Aquilo também estava jogando com a sua mente, deixando-o um pouco alucinado para saber mais sobre. O fato de que sentia que os centauros falavam sobre Harry, o deixava louco.

Largou o livro e se jogou contra a cadeira, olhando pela janela. Algo que sempre esteve ali no cantinho da sua mente, estava querendo se destacar: a profecia. Aquela infeliz profecia que rondava Harry, ou que Voldemort tinha decidido fazer sobre Harry.

Os marotos e Lily tinham diferentes opiniões sobre aquele tópico, sempre sendo muito debatido e repensado. Divergiam sobre muitos pontos e nunca chegavam a nenhum resultado satisfatório para ninguém, apenas em um comum acordo sobre não cutucar aquele dragão.

Desde a "suposta morte" de Voldemort na sua sala em 1981, pegou-se pensando muitas vezes se profecias poderiam mudar. Naquela noite, Harry não o derrotou, não foi marcado como o seu igual. Nenhum dos que estavam duelando com Voldemort, tinha nascido no fim de julho ou tiveram pais que o desafiaram 3 vezes. A pessoa que James pensava ser responsável pelo feitiço que evaporou Voldemort, muito menos.

Então a pergunta ainda ficava: profecias poderiam mudar? Ou eram apenas balelas? Dumbledore dizia que poderia se tornar real apenas se a fizéssemos ser real, coisa que Voldemort acreditava ser. Isso fazia ser real apenas para Voldemort ou para todo o resto?

Bom, se ele decidisse matar um garoto, todos acabavam entrando naquele barco de qualquer maneira.

Levantou-se e foi até a sua lareira. Chamou pela pessoa que ele achava ser a mais capaz de ajudá-lo naquela coisa toda.

Second Chances - JilyOnde histórias criam vida. Descubra agora