Capítulo 9

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 Depois daquela manhã, passaram-se dias, quase uma semana já havia completado. As duas estavam travando batalhas internas, confusões. Wednesday não parava de pensar em Enid e no que ela a fazia sentir, não somente algo carnal, mas também o cuidado da mais velha. Já para Sinclair, ela estava numa saia justa. Pois, tinha uma aliança no dedo, um compromisso e relacionamento com Marilyn enquanto desejava sua filha, que era a verdadeira dona de seus pensamentos e desejos.

Naquele dia no ateliê improvisado, ficaram bastante tempo em silêncio e era confortável. Somente trocando carinho e algumas carícias. Conversas amenas e provocações.
Queria ter ficado junto da morena o dia todo, mas não pôde. Depois daquilo elas se lavaram, limparam o sofá e cada uma foi para seu canto até Thornhill aparecer, no final da tarde.

A loira simplesmente nem ao menos prestava atenção no que a ruiva contava para ela sobre o trabalho, ou qualquer coisa. Apenas deixou-se levar pelos seus pensamentos numa certa morena, até a hora de dormir. Quando a mais velha se aninhava em seu peito.

[...]

Na manhã seguinte Enid despertou assustada, notando que Marilyn não estava mais na cama, o que foi um grande alívio. E agradeceu por ela não ter visto a situação em que acordou, totalmente corada, suada. Foi para o banheiro fazer suas higienes pessoais quando percebeu que estava excitada e sua calcinha estava molhada. Foi quando lembrou de seu sonho e que nem nele a morena dava sossego, mesmo assim sorriu e decidiu tomar um banho gelado.

Em seu próprio quarto, Wednesday estava jogada na cama enquanto lia alguns de seus livros de terror, esforçando-se para não pensar na loira.

Mesmo passando uma semana, talvez fosse cedo demais para admitir que estava com saudades da mulher. Era tão difícil, parecia cada vez mais impossível disfarçar o quanto queria ela para si.

Jogou o livro na cama, levando ambas as mãos até o rosto, esfregando com certa força.

— Pare de pensar nela, pare de pensar nela. — Repetia para ela mesma aquilo em um mantra.

Deu um pequeno sobressalto na cama quando ouviu batidas na porta, pedindo para que a pessoa entrasse.

Era sua mãe, ela estranhou o fato dela estar ali, pois era raro ela entrar em seu quarto.

— Que chiqueiro. — Entrou no cômodo, olhando em julgamento e resmungando. Como sempre ela achava algo para colocar defeito.

Wednesday bufou e se sentou na cama, encarando sua guardiã com desprezo.

— Você não veio aqui para falar isso, né? — Perguntou em desdém.

Ela negou e se aproximou, mantendo os braços cruzados sempre naquela pose irritante de superioridade, tentando abalar com a garota que não esboçou nenhuma reação.

— Não, eu apenas quero te falar que Enid vai embora no sábado e talvez volte para ficar de vez. Isso quer dizer que iremos noivar, depois se casar. Ou seja, em breve não terá mais lugar pra você aqui. Te quero fora de casa. — Foi direta, deixando a mais nova estática.

— Como é? Eu não posso ir embora, não tenho condições de alugar um apartamento com o salário medíocre da lanchonete. — Expôs, desesperada com a possibilidade de não ter mais onde morar. — Você não pode fazer isso. E você nem sabe se vão se casar! — Respondeu com irritação.

Engoliu o nó que se formou na garganta, não iria dar o prazer a mulher de vê-la chorando.

— Você não está entendendo, garota. Enid e eu vamos morar juntas, vamos ter um futuro, quem sabe uma família e eu não quero uma pessoa... — A olhou de cima a baixo, gesticulando. — Como você aqui. Você não é bem-vinda!

Aquilo havia sido como mil facadas dilacerando sua pele, a destruindo.
Piscou os olhos incrédula e as lágrimas vieram grossas.

— Você... Você não pode fazer isso comigo, Marilyn... Sou sua filha. — Se aproximou, parando no mesmo segundo quando a mulher recuou.

MISCONDUCT | Wenclair - PWPOnde histórias criam vida. Descubra agora