Capítulo CXCIII

343 45 0
                                    

Chegamos em casa após um breve trajeto silencioso, a tensão e a intimidade da noite ainda pairavam no ar. Ema estacionou o carro na garagem, e antes de sairmos, ela se inclinou e me deu um beijo suave e reconfortante. Senti uma onda de calor atravessar meu corpo, um contraste agradável com a brisa fresca da noite.

Sorri para ela e acariciei seu rosto, apreciando a maciez de sua pele sob meus dedos.

— Gostou da nossa noite?

Ema segurou minha mão contra seu rosto, fechando os olhos momentaneamente.

— Sim, foi bem interessante. – respondeu, abrindo os olhos e me olhando profundamente.

— O que você preferiu? – perguntei, curiosa.

Ela pensou por um momento, seu sorriso se alargou.

— Tudo. – seus olhos brilhavam com sinceridade.

— Espero que não tenha olhado demais para Serena. – falei com uma pitada de ciúmes.

Ema balançou a cabeça negativamente, um sorriso suave nos lábios.

— Foi bom ver outras pessoas como nós.

— Meu Deus! Você disse "nós"? – indaguei, surpresa.

— Não devo me incluir?

— Claro que deve! – abracei Ema com força, sentindo uma onda de alívio. — Tive um pouco de receio de você se assustar com o que vivenciou nesta noite.

— Eu diria que fiquei surpresa e até impressionada, mas não encontrei motivos para me afastar. Vi pessoas sorridentes, felizes sendo elas mesmas. Isso não me assusta.

— Ufa! Isso é bom. Muito bom. – sorri, sentindo um alívio profundo e renovado.

Ema segurou minha mão enquanto saíamos do carro e entramos em casa. A tensão e o desejo da noite ainda pairavam no ar, mas agora havia também um sentimento de conexão profunda.  Subimos para o quarto. Lá, Ema se virou para mim, seus olhos tinham uma mistura de carinho e autoridade.

— Vamos tomar banho. – disse ela, abrindo a porta do banheiro e começando a encher a banheira.

A água quente começou a encher o cômodo com vapor, criando um ambiente de conforto e intimidade. Ema se virou para mim e começou a tirar meu vestido, seus movimentos eram gentis e precisos. Em seguida, ela se despiu.

Entramos na banheira juntas, a água quente aliviou a tensão em nossos corpos. Ema sentou-se atrás de mim, puxando-me para seu colo. Suas mãos começaram a acariciar minha pele. Ela cuidava de mim com uma ternura que contrastava com a intensidade da nossa noite no clube.

— Está se sentindo bem? – perguntou ela, com a voz baixa e tranquilizadora.

— Sim, muito. – respondi, fechando os olhos e relaxando contra seu corpo.

Passamos um tempo assim, apenas apreciando a proximidade e o conforto do momento. Depois, Ema me envolveu em uma toalha macia, secando meu corpo com a mesma ternura de antes. Voltamos ao quarto, onde ela me guiou até a cama.

Ema abriu a primeira gaveta da mesa de cabeceira e pegou uma pomada cicatrizante. Ela se sentou ao meu lado e começou a cuidar dos pequenos machucados e marcas que eu havia acumulado ao longo da noite. Seus movimentos eram suaves e precisos, cada toque carregado de cuidado e afeto.

— Obrigada, Ema. – murmurei, sentindo-me profundamente grata pela dedicação dela.

— Sempre vou cuidar de você, Sarah. – respondeu ela, com os olhos fixos nos meus, transmitindo uma promessa silenciosa.

Depois de terminar de cuidar de mim, Ema se deitou ao meu lado e me puxou para seus braços. Eu me aninhei contra ela, sentindo seu calor e ouvindo o ritmo constante de sua respiração. A proximidade era reconfortante, e o cansaço da noite começou a se dissipar.

— Boa noite, Sarah. – sussurrou ela, beijando minha testa com ternura.

— Boa noite, Ema. – respondi, fechando os olhos e me entregando ao sono.

***

Na manhã seguinte, acordei nos braços de Ema, sentindo a tranquilidade e o calor de seu corpo. Ficamos um momento em silêncio, aproveitando a companhia uma da outra, até que Ema se inclinou e me beijou suavemente.

— Vamos tomar café? – sugeriu ela, com um sorriso acolhedor.

— Sim, vamos. – respondi, retribuindo o sorriso.

Descemos até a cozinha e, juntas, preparamos um café da manhã simples, mas delicioso. Torradas, frutas frescas e café. Sentamos à mesa e conversamos sobre a noite passada, relembrando as sensações que ainda estavam frescas em nossas mentes.

— Tudo o que aconteceu ontem, parece fruto de um sonho. – disse Ema, enquanto passava manteiga na torrada.

— Foi uma noite intensa. – respondi, pegando uma maça. — O que você achou do clube?

Ema sorriu, pensando por um momento antes de responder.

— Foi... diferente do que eu esperava. Achei que talvez fosse me sentir desconfortável, mas na verdade, foi muito libertador. Ver todos tão à vontade, sendo quem realmente são, foi inspirador.

— Se sente pronta?

Ema colocou a torrada no prato e segurou minha mão por cima da mesa.

— Não, mas me sinto mais confortável em expressar meus desejos, mesmo os mais estranhos. – disse Ema, sorrindo e ficando levemente corada.

— Quais? – encarei-a com curiosidade. — Me diga, e te ajudo a realizá-los.

— Às 8 da manhã, com a boca cheia de farelos de pão, não me parece um momento adequado para falar de sexo. – respondeu ela, sorrindo.

— Ah, para de mistério, amor. Daqui a poucos dias seremos casadas. É importante que eu saiba te agradar na cama. Não acha?

— Você me agrada na cama, na mesa, na banheira e, recentemente, até no carro. Estou bastante satisfeita — disse Ema em tom de brincadeira.

Ri.

— Como é boba.

Após o café, decidimos sair para correr. A manhã estava fresca e ensolarada, perfeita para uma corrida revigorante. Colocamos nossas roupas de ginástica e partimos, aproveitando o tempo ao ar livre e o exercício. Correr lado a lado com Ema me dava uma sensação de liberdade e de superação, ela era incansável.

Quando retornamos para casa, estávamos suadas, mas cheias de energia. Tomamos um banho rápido e nos vestimos, prontos para tratar dos preparativos do casamento.

— Precisamos resolver alguns detalhes hoje. – disse, enquanto nos acomodávamos na sala de estar.

— Concordo. Vamos começar com a data da viagem para a casa de campo da família da Mariana. – respondeu Ema, se acomodando no sofá.

Peguei meu celular e fiz algumas ligações, acertando detalhes essenciais. Uma das chamadas foi para Mariana.

— Mariana, tudo bem? Precisamos confirmar a data da viagem para a casa de campo. – disse, esperando a resposta do outro lado.

— Oi, Sarah! Podemos confirmar para o próximo final de semana? – sugeriu Mariana.

— Perfeito! Vamos nos organizar para isso. Você já contatou um cerimonialista? – indaguei.

— Não... Espere. – pude ouvir a voz de Daniele ao fundo, ela parecia explicar algo para Mariana. — Sim, Sarah. Temos um cerimonialista. A Daniele vai falar com você sobre os detalhes da cerimônia, ela está mais engajada nisso. Aparentemente, a minha função é apenas casar com ela. – brincou Mariana.

— Estou ansiosa para discutir os detalhes com a Daniele.

Depois de resolver mais alguns detalhes, eu e Ema decidimos ir à joalheria para escolher as alianças. Estávamos animadas e um pouco nervosas, sabendo que esse era um passo significativo.

Na joalheria, fomos recebidas por um atendente simpático que nos mostrou uma variedade de alianças. Passamos um tempo explorando diferentes estilos e materiais, discutindo o que cada uma gostava.

— Essas são lindas. – disse Ema, apontando para um par de alianças simples, mas elegantes, feitas de ouro branco com um pequeno diamante incrustado.

— Concordo, são perfeitas. – respondi, sentindo uma emoção crescer em meu peito.

Escolhemos as alianças e fizemos a encomenda, felizes com nossa escolha. Era mais um passo em direção ao nosso futuro juntas.

Quando voltamos para casa, estávamos exaustas, mas satisfeitas com tudo o que havíamos realizado. Sentamos no sofá, entrelaçando nossas mãos, e aproveitamos a tranquilidade do momento.

— Estamos realmente fazendo isso. – murmurei, sorrindo para Ema.

— Sim, estamos. E vai ser perfeito. – respondeu ela.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora