PRELÚDIO

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O garoto estava na clareira, brincando de perseguir as borboletas. Rápido nas pernas, corria alegremente pela relva, rindo alto — o riso iluminado de uma criança — quando as asas das borboletas faziam cócegas em seu rosto. Não se deu conta dos olhos amarelos que o fitavam à margem da floresta.

Se tivesse parado por um momento e prestado atenção, teria visto a figura encapuzada que se mantinha à espreita nas sombras, sorrindo largamente. Talvez tivesse ficado amedrontado o suficiente para correr de volta para a beira do rio, onde seu pai e seu irmão se encontravam, mas não foi o que aconteceu.

A figura saiu de seu esconderijo. Suas feições agora demonstravam simpatia e satisfação ao invés de malícia e fome. Colocou-se atrás do garoto e o chamou com um sibilo, e ele se virou para ver a quem tinha companhia.

— Você está pronto para o que vai acontecer? — disse a figura.

Estas foram as últimas palavras que o garoto ouviu antes de ser levado.

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