Novo Ano, Novos Encontros

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Inverno, julho de 3071

A neve caía durante a noite, incessantemente brilhando sob a luz da lua cheia; o frio congelante contrastava com o calor ardente das chamas que envolviam os soldados e civis desesperados em busca de fuga. Explosões ecoaram por todo canto, casas se transformaram em escombros, enquanto no centro do Império de Cristal, o enorme castelo cristalino desmoronava aos poucos, fragmento por fragmento.

No interior do castelo, os sons de soldados feridos gemendo preencheram o lugar. Contudo, em meio a esse pandemônio, um certo tipo de silêncio reinava sobre o topo do castelo de cristal. Na sala sem paredes, com pedestais de cristais erguendo o teto, a grande Imperatriz Amore, com a pele mais pálida que o normal, encontrava-se caída no meio de cacos de vidro e cristais. A armadura da imperatriz estava, assim como ela, envolta em fuligem e sangue.

Lágrimas escorriam pelos olhos dourados da Imperatriz. Amore havia perdido suas esperanças diante de seu império destruído, e como se não fosse o suficiente, a recente perda do marido, que partira em poucos minutos no campo, sem ao menos saber que, dentro de sua esposa, um coraçãozinho de apenas seis semanas pulsava, aquecendo a alma da mãe.

Mesmo prostrada no chão, Amore tentou se erguer e encarar aquele responsável por sua ruína. Diante dela, um homem se erguia, com cabelos tão escuros quanto as sombras que flutuavam sobre sua cabeça. Rei Sombra, ele a observava, com seus olhos vermelhos-sangue, destituídos de qualquer sinal de empatia pela Imperatriz caída. Sua espada escura como carvão, estava empunhada em sua mão, pronta para concluir seu trabalho.

- Não precisava ser assim, Amore... Você já sabia disso - declarou o rei com sua voz grave, passando a mão livre sobre a bela espada, sua voz ecoando pelo salão.

- Não venha se posar de santo agora - retrucou Amore, cuspindo sangue enquanto ainda tentava, sem sucesso, se levantar.

Sombra ergueu a sobrancelha escura que se sobressaía em sua pele pálida. Não ia mentir, estava deslumbrado com o estado da Imperatriz.

- Por favor, não venha querer me culpar por isso... Você sabe de quem é realmente a culpa disso tudo.

A Imperatriz o olhou com ódio, mantendo a cabeça erguida, sem quebrar o contato visual. Sombra riu com deboche da expressão de Amor.

- Vamos acabar logo com isso, majestade... - o rei se aproximou, falando com desgosto.

Com o rosto centrado, Sombra ergueu a espada, indo enfim concluir o que havia começado, enquanto Amore fechava os olhos e respirava profundamente, já aceitando o seu destino. No entanto, antes que a espada descesse sobre o corpo da Imperatriz, um flash de luz intensa acertou o rei, lançando-o para longe da Imperatriz.

- Afaste-se dela, Sombra! - ordenou Celestia, princesa e futura rainha de Equestria. Sua voz estava contida.

A armadura dourada realçava a pele negra da princesa, brilhando assim como sua mão, que se estendia na direção de Sombra, enquanto a outra, ao lado de seu corpo, empunhava sua espada dourada ensanguentada. Sua irmã mais nova, Princesa Luna, com sua armadura azul prateada, na qual, deixava seus olhos ainda mais azuis, mantinha-se em posição de ataque ao seu lado.

Sombra se levantou, virando-se para encarar as princesas. Não se surpreendeu com a intervenção, diferente de Amore, cuja as olhou com uma mistura de alívio e preocupação.

Sem desviar o olhar de Sombra, Celestia dirigiu-se à sua irmã mais nova com firmeza

- Luna, tire Amore daqui.

Luna assentiu rapidamente e correu em direção a Amore, retirando-a de cena. Elas desapareceram pelas portas.

Celestia abaixou a mão que emitia luz e levantou a outra com a espada. Ela sustentava sua espada com postura de aviso enquanto enfrentava a Sombra. Olhos roxos, adornados com tons de rosa, outrora gentis e felizes, se encheram de lágrimas de ódio e traição.

seis Garotas, um DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora