Sábado foi um dia bem preguiçoso.
Li algumas páginas do livro sobre as flores e fiz algumas coisas do meu cotidiano, como bordar, cozinhar alguns biscoitos (fazia quase todo dia), limpar a casa quando minha mãe fosse trabalhar, ficar ouvindo Lis, contando fofoca de pessoas que nunca vi na vida. Enfim, coisas do dia a dia.O dia passou bem rápido e o domingo chegou.
Acordando mais uma vez com a mesma frecha de luz que escapava da minha janela, clareando o meu rosto, encarando o mesmo teto branco, com cheiro de café recém-passado e terra molhada. Mais um dia da minha fatídica vida.
Levantei-me e fui em direção ao banheiro para tomar um banho.
Enchi a banheira e coloquei algumas flores de camomila.Minha mãe dizia que isso acalma a pele e aliviava o estresse, e como eu teria que ir para a festa com Lis à noite, precisaria muito disso.
Me afundei naquela água, e o mundo se silenciou. Meu Deus, como eu amava esse som.
E quando subi de volta, fui bombardeada por notificações, vendo o nome de Lis estampada nelas.
Não gostava de ligações, ela sabia disso, então era comum me mandar vários áudios e mais de 30 mensagens de uma vez.
Flor de Lis<3
online- FLORAA
- FESTA HOJE.
- Não.
- ESQUECE
- E ME MANDA FOTO DA ROPA
- toupa
- Roupa.
- OBRIGADA POR IR.
- A gente vai de Uber, eu bati meu carro na última vez que saí.
- Tá no concerto ^^
- Se quiser que eu te ajude a se arrumar, eu ajudo.
- Beijos
- Bom dia.
Dei uma risada pequena vendo as mensagens, era engraçado ler porque eu conseguia imaginar a voz dela falando daquele jeito, com todo aquele entusiasmo.
Coloquei uma roupa confortável e quente e tomei café. Minha mãe estava no mesmo lugar de sempre, cantarolando a música do ratatouille em alemão.
Sorri curto ao vê-la assim.
Sabendo de tudo que ela passou, de tudo que enfrentou, é gratificante ver ela em paz e bem, apesar que, é louco imaginar que tudo que sei da minha mãe, é quando eu estive com ela, não sei do seu passado, e ela sempre evitou dizer, talvez por que seja a época em que ela encontrou meu pai, ou de decepções amorosas, ou foi quando ela cortou o vínculo com meus avós.
Sempre quis saber mais, mas sempre que eu insistia, dona Amélia olhava para mim de uma maneira não ameaçadora, mas que me fazia ficar quieta sem ao menos dizer uma palavra, dom de mãe.
A cozinha estava quieta, tirando a música que tocava no rádio velho de fundo.
- Festa hoje, certo, filha?
- Nem me fale, já tomei banho de camomila.
- Sabe, eu estava olhando seu armário, percebi que a maioria das suas roupas estão velhas.
- Que nada, mãe, e só costurar, fica novinho depois.
- Flora... Sabe que eu queria ter condições de te dar muito mais, meu amor, mas as coisas no restaurante estão tão paradas ultimamente.
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POR ONDE ANDA O POETA?
RomanceOutono, uma época linda para se apaixonar, para viver, para se despedir, para encontrar. Flora Schmit, uma garota simples, de vida monótona, se vê intrigada por um poeta que pouco se fala e pouco se vê. Um escritor misterioso, uma jovem mulher obs...