10. A Árvore

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Fortes gotas de chuva atingiram o rosto de Draco e turvaram sua visão, mas as luzes distantes da vila de Hogsmeade guiaram seu caminho.

A Firebolt de Harry era incrível; Draco não sabia que alguém poderia voar tão rápido. Quando voavam juntos, sempre tinham que ter cuidado. Não havia necessidade de ter cuidado agora. Ele estava em Hogsmeade no que pareceram segundos. Um mergulho brusco o colocou bem na frente do Três Vassouras. Ele não foi cuidadoso o suficiente e quase atropelou Madame Rosmerta, que acabara de sair. Ela tropeçou e empalideceu quando o viu. Ela sacou sua varinha.

— Você! — ela gritou. Seus olhos se arregalaram. — Essa é a Firebolt de Harry Potter? Seu ladrãozinho nojento -

— Desculpe — Draco disse - uma coisa inútil para dizer a alguém que ele manteve sob a Maldição Imperius, mas não havia um momento a perder. Algo bateu em sua mão quando ele desaparatou. Ele se viu em frente ao portão de ferro da Mansão Malfoy sem a Firebolt. Rosmerta deve ter arrancado aquilo da mão dele. Draco amaldiçoou, mas não havia tempo para se preocupar com isso.

Ele começou a correr. Foi uma maravilha que ele não tenha caído e quebrado a perna. A velha estrada de cascalho agora não passava de um caminho estreito coberto de lama.

Ele irrompeu na Mansão, temporariamente perplexo pela escuridão. Parecia que não havia ninguém em casa. Era possivel. Mãe estava determinada a manter viva sua vida social. E pai... Quem diria? Ele tinha que conversar com os Aurores todas as noites, sem exceções.

Tudo bem. Se Draco tivesse que ir ao Ministério, ele iria ao maldito Ministério. Mas talvez não. Ele precisava ver a árvore primeiro. Talvez a esmeralda dele ainda estivesse nela. E ele sabia onde seu pai guardava a chave do cofre.

Com a intenção de chegar à sala de estar, quase não percebeu que a porta do escritório do pai estava entreaberta. Uma luz fraca e bruxuleante infiltrou-se no corredor.

Draco recuou, empurrou a porta e entrou. Afinal, seu pai estava aqui, em sua capa de viagem, com um copo de uísque na mão. Acabou de voltar ou estava prestes a sair, Draco não tinha certeza. Ele parecia indisposto, com cabelos oleosos e pálidos. Obviamente bêbado.

— Ah, Draco, que sorte — seu pai falou lentamente. — Você quase não me encontrou. Então, afinal, você decidiu vir. Certamente demorou muito tempo para que o conteúdo de minhas cartas fosse compreendido. Não importa. Desde que você esteja aqui agora.

— Nunca li suas cartas — disse Draco.

Os olhos de seu pai se estreitaram.

— Oh? Reconsiderou por conta própria? Sem ceder a ameaças, é claro. — Ele riu. — Muito bem. Eu acreditarei se você quiser.

Draco não tinha tempo para isso.

— Como você fez isso? — ele perguntou.

Seu pai ergueu uma sobrancelha.

— Perdão?

— Foi ideia sua ou você apenas forneceu a maldição que transformaria Harry Potter em pedra?

Uma expressão de puro deleite passou pelo rosto de seu pai. No segundo seguinte, ele parecia furioso.

— Cala a sua boca! — Ele olhou ao redor. — Eles poderiam estar nos vigiando. O que você está pensando, fazendo uma acusação como essa? Meu próprio filho.

Mas era tarde demais. Draco teve sua confirmação. Seu pai não conseguiu esconder o prazer que sentiu ao pensar que funcionou, que Harry era pedra agora.

— Todo esse esforço — Draco disse, a voz vibrando de raiva. — Marcar um encontro com Ainsworth em Gringotts? Subornar alguns goblins para desviar o olhar? Arriscar uma sessão de perguntas com Veritaserum. É complicado. Não é fácil conseguir o antídoto, e a Oclumência poderia ter falhado. E Ainsworth poderia ter sido pego. Poderia ter falado. Teria falado... — A mente de Draco se clareou. — Ah, é claro. Todos esses Aurores jovens e inexperientes ao seu redor. Você chegou a um. Escolheu o elo mais fraco. Chantageou-o? Subornou-o? Ele fez tudo isso por você. Ele até matou o Ainsworth por você. — Seu pai não conseguiu esconder a expressão presunçosa; Draco sabia disso muito bem. — Todo esse risco. Por quê? Harry salvou você. Salvou nós três.

Beholden | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora