Sol do Meio-dia

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Sob o sol do meio-dia

Não sei o que disse, mas lembro de minha mãe,

Na máquina de costurar, enquanto eu ali estava, sem temer.

Provei a consequência de falar sem pensar,

Um tapa nos lábios, e ela seguia a costurar.

Percebi o sangue escorrer, senti o sabor,

Com apenas 4 anos, nunca esqueci essa dor.

Depois, dizem que ansiedade é frescura, mas quem suportaria,

Uma tapa na boca, dada por um gigante que antes acariciaria?

Convivi anos com aquela taquicardia incessante,

Hoje, a terapia da escrita me ajuda, o Amor me liberta.

Sigo livre como as borboletas, consigo ver tudo por inteiro

O nascer do sol do meio-dia agora fora desse cativeiro.


Ônibus

Nunca fui fã de ônibus,

desde menina,

Aos seis anos,

em um ônibus lotado, a sina.

Tão gorda, eu só queria um lugar para sentar,

Mas no equilíbrio no tumulto,

Eu não conseguia encontrar.

Acabei sentando no chão,

ignorando os olhares,

Minha mãe dizia:

"Quando chegarmos, menina, ah, vais pagar"

Mas eu sonhava com um carro,

um meio de me levar,

Sabia que meu pai podia realizar,

mesmo que me repreendesse ao chegar.

E quando menos esperava,

lá estava eu,

No banco de trás de um fusca,

a caminho da escola, ao meio-dia.

Sentada como uma princesa, grata pelo meu pai,

Sabia que sempre podia contar com ele,

sem mais agonia.

Pois ele transformava os momentos difíceis

em lembranças queridas,

E me mostrava que,

mesmo nas dificuldades, havia saídas.

Então, ao ver o sol do meio-meio-dia, quero expressar,

A gratidão por meu pai, que sempre esteve lá para me amparar.

Consequências

Minha velha mãe, astuta raposa,

Lembro do dia em que a tia pendurou uma língua de sogra no mural,

Eu queria, sentia que aquilo me pertencia.

No recreio, me uni a uma amiga,

Ambas bolamos um plano audaz:

Esperar todos descerem do trenzinho e,

ao portão, dizer: "Esqueci a merendeira!"

Mas era para pegar aquela língua,

DiurnosWhere stories live. Discover now