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Entramos no quarto e quando vi a mamãe deitada naquela cama de hospital, senti um arrepio, uma energia meio pesada e uma tontura.

John B: - aqui é frio, né? - ele anda calmamente.

Maya: - é...

A enfermeira entrou junto com a gente e começou a falar.

Enfermeira: - aqui diz que ela sofreu um infarto, certo? - ela olha para a prancheta e nos olha para ter certeza.

John B: - o doutor disse que sim, antes de trazê-la pra cá, ela reclamou muito de dores do peito e uma dificuldade enorme para respirar.

Aquilo me deu um nó na garganta.

Enfermeira: - entendi, você são o que da paciente? - ela me olha.

Maya: - filhos. - queria poder falar mais alguma coisa, mesmo não tendo o que falar, mas, não consegui.

John B: - ela é filha biológica e eu sou só de consideração...

Enfermeira: - adotado, entendi. - ela volta a olhar para a prancheta. - ela sofreu algum estresse? É uma pessoa muito nervosa? Ela é bem nova, não é comum acontecer isso com pessoas dessa idade.

John B: - a tia Cloe é uma pessoa bem calma, duvido muito que tenha sido o estresse.

Enfermeira: - também pode ter sido a alimentação... - eu a interrompi.

Maya: - não. - respondo a última hipótese - ela estava estressada sim, ontem a noite, cheguei em casa e a escutei em uma ligação, estava muito nervosa e disse palavras horríveis... Fiquei até preocupada, como o John disse... A mamãe é uma pessoa bem calma.

Enfermeira: - sabe do que se tratava a ligação? Ou com quem ela falava?

Maya: - não, ela disse que não era importante, ou algo do tipo...

Enfermeira: - eu aconselho a vocês tomarem ciência do assunto tratado nessa ligação, isso pode ter sido o gatilho de estresse ou até mesmo de preocupação.

John B: - acha que ela vai acordar por agora?

Enfermeira: - acredito que não, está completamente dopada pela medicação.

Maya: - obrigada... Quando ela acordar, vamos poder ir para casa, certo?

Enfermeira: - vocês sim, a mãe de vocês não. Ela vai ter que ficar, vamos fazer alguns exames e algumas revisões, mas logo logo ela estará em casa.

John B: - mas, pode ficar alguém aqui, não é?

Enfermeira: - só maior de idade.

Maya: - só você, John...

John B: - tudo bem, mini Maya, eu fico com ela durante o dia e você vem nos horários de visita...

Enfermeira: - vou deixar vocês a sós, se quiserem trocar a visita, fiquem à vontade.

...

Ok, agora eu tenho que descobrir com quem a mamãe falou naquela noite e o assunto que eles estavam tratando.

John B: - vou trocar de lugar com Jj, ok?

Maya: - ok.

...

Ver a minha mãe naquela situação, que sensação horrível. Saber que ela poderia ter morrido, com quem eu iria ficar? Não tenho pai, nem avós e muito menos tios ou tias! Ia ficar com o John B? Meu Deus!

Maya: - é mamãe, que susto... Vai ficar tudo bem, tá? Logo logo você sai daqui... - pego na mão dela.

Um silêncio toma conta do lugar e derrepente lágrimas escorregaram pelo meu rosto, uma sensação de tristeza e desespero tomou conta de mim, queria parar de chorar e me manter firme, mas não estava conseguindo.

Tudo por nós dois.Onde histórias criam vida. Descubra agora