Of Crimson Joy | Tradução - Dramione

Capítulo 6

"Fomos projetados para amar e quando o fazemos, algo de bom se desenvolve dentro de nós. Nos sentimos limpos, ricos, completos. Melhor ainda, ficamos menos preocupados com o que sentimos e mais preocupados com a vida dos outros."

Larry Crabb

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A primeira vez que Draco retornou a Hogwarts desde sua fuga apressada, como um trêmulo destroço de dezessete anos, foi na véspera de seu vigésimo segundo aniversário.

O antigo castelo há muito havia deixado de ser a magnífica estrutura de sua adolescência. As torres desmoronaram e caíram, apenas algumas conseguiram resistir à tempestade que se alastrou. Se a Primeira Batalha de Hogwarts a deixou machucada e deteriorada, a Segunda e a Terceira a dizimaram. Havia poucas áreas do local onde era seguro entrar, e mesmo essas eram, na melhor das hipóteses, duvidosas. Somente depois que a pedra cedeu e a grama murchou e morreu, e a Floresta Proibida fosse a única característica reconhecível dos outrora belos terrenos, é que a luta pelo território finalmente mudou de direção.

Três anos depois, o pouco que ainda existia do edifício foi arrebatado pelas garras gananciosas de vinhas e ervas daninhas grossas e pegajosas. A Ordem foi enviada para investigar luzes estranhas que piscavam atrás das janelas da torre tarde da noite. Na pior das hipóteses, eles esperavam alguns Comensais da Morte desonestos, talvez um ou dois desertores. Mas o que encontraram foi um grupo de quase vinte crianças selvagens, aparentemente órfãs da guerra e que se juntavam num esforço para sobreviver. Eles haviam ocupado a maior parte do sétimo andar, o único andar que permaneceu praticamente ileso pelas horríveis batalhas que abalaram o resto do castelo. Os pequenos vagabundos também pintaram grafites na maior parte das paredes.

Os retratos estavam abandonados em suas residências habituais, rasgados pelas costuras, e as molduras foram roubadas para serem usadas como lenha.

Draco atribuiu à genialidade de Alvo Dumbledore o fato de seu antigo escritório ter permanecido intocado. Era estranhamente surreal estar ali no centro daquela sala circular, uma espessa camada de poeira abafando qualquer som que ele pudesse ter emitido. O poleiro de Fawkes estava onde sempre esteve e Draco meio que esperava ver o fiel pássaro voando pela janela a qualquer momento, aguardando o retorno de seu mestre.

Mas já se passaram muitos anos desde que Fawkes foi visto e ele não voltara mais. A maioria dos Chefes abandonou seus quadros. Na verdade, Draco só reconheceu um ou dois deles restantes. Phineas Black cochilava desconfortavelmente contra seu corpo. McGonagall lançou um olhar distraído antes de retornar à sua papelada. Dumbledore estava tão imóvel em sua cadeira que Draco pensou que ele estava dormindo até perceber que os olhos do homem estavam bem abertos.

De todos os retratos que Draco tinha visto do homem idoso, ele achou que esta era uma representação particularmente pobre. As linhas estavam borradas. Seus olhos eram apenas de um azul opaco, sem nada da clareza penetrante que tinham em vida. Até mesmo sua expressão parecia estranhamente branda para que Draco sentisse algo mais do que um eco de culpa em seu estômago pela pintura do homem que ele havia efetivamente matado. O homem no retrato parecia velho, Draco percebeu – o que Dumbledore poderia ter se tornado quando sua idade finalmente o alcançasse, mas não o homem tão amado pela Luz.

Seus olhos se moveram para contemplar brevemente o resto da sala e ele se lembrou com surpreendente clareza da última vez que foi chamado a este mesmo escritório. Deve ter sido em algum momento durante o quinto ano. Ele e Pansy foram pegos se beijando quando deveriam estar na aula. Ele fechou os olhos e lá estava o sorriso mal disfarçado de Pansy, e a voz de Dumbledore era um zumbido monótono ao fundo.