Cap. 18 | Passado, Presente e... Futuro. (Part. 1)

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Samanun Anatrankul;

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Samanun Anatrankul;

A luz invade sutilmente o quarto, através de uma pequena fresta na cortina, conforme o sol nos presenteia com a graça da sua inconveniência. Sigo imóvel, afagando com uma das mãos os fios de cabelo de Mon, ainda adormecida sobre o meu peito, enquanto seguro o celular com claridade mínima na outra, torcendo para nenhum desses fatores incomodasse ao ponto de fazê-la despertar.

Quando seus pesadelos começaram, pensei que seriam ocasionais como os meus. A prova de que fui precipitada veio na madrugada seguinte, e nas suas sucessoras, quando os assisti retornarem para atormentá-la.

A única maneira que encontrei para ajudá-la foi cumprir com o que havia prometido: estar ao seu lado quando acordasse.

E eu fiz.

Nos últimos dias, estive presente todas as vezes em que aquele par de olhos assustados abriram e só se acalmaram ao me encontrar. Vi, mais vezes do que gostaria, seu corpo relaxar com o agarre forte dos seus dedos na manga do meu moletom, como se quisesse se certificar que eu permaneceria ali.

Presenciar, na madrugada do segundo dia, a respiração dela se estabilizar ao deitar próxima a mim, e a calma do sono retorna apenas ao me abraçar, me levou a realização do motivo por trás das noites agitadas. Notar que a minha presença a trazia paz foi a prova que faltava para assimilar – e aceitar – que a solução e a causa nem sempre estão em lados opostos, mas coabitando um mesmo espaço.

Eles terem começado após a exposição do nosso suposto relacionamento publicamente ajudou a chegar a essa conclusão. Eu, esse relacionamento e o progresso na nossa aproximação causaram mais efeitos em Mon do que imaginei serem capaz de causar. Mesmo lidando da melhor forma naquele momento, e contornando bem os antigos boatos, me arrependo de não ter dado mais tempo para a aparição de uma segunda opção.

Em contraste com as noites conduzidas por pesadelos, nossos dias têm sido calmos. Não apenas isso, também paramos com a regressão causada pelo constrangimento. E posso dizer que notar essa evolução foi definitivamente o ponto alto da minha semana até então. Quando Mon chega cansada dos ensaios para o showcase, e quer um abraço, apenas vai até mim e pede por ele. Estamos cada dia mais transparentes com a preocupação e cuidado que mantemos uma pela outra, e parecemos estar bem com isso.

Bem, parecemos.

Não tocamos em assuntos sensíveis, como passado e futuro. Não sei ao certo em que pé estamos, nem em qual iremos um dia ser capaz de chegar, e talvez seja por isso que estejamos funcionando bem. Sem conflito. Sem discussão. Apenas a paz da ignorância.

Passando distraidamente as mensagens que surgiam na tela do celular, sem de fato lê-las, sou arrancada dos meus pensamentos pelo susto que o toque alto e estridente do celular – que jurava estar silenciado – me causa.

O gemido de dor que me escapa, ao sentir o aparelho bater no meu nariz sem piedade, ecoa em conjunto com o grunhido incomodado de Mon, que se remexe e reforça o aperto do braço na minha cintura, ao ter o sono atrapalhando pelo ser corajoso que resolveu ignorar o meu pedido para que não me ligassem pela manhã.

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