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Hermes

Tudo estava pronto para nossa viagem!

Ágata e Catarina ficaram extremamente resistentes com a visita das vendedoras que chamei, mas com bastante insistência da minha parte aceitaram as roupas, sapatos e acessórios, comprei também roupas e sapatos para meus sobrinhos. Os bebês gostam muito de mim, mas as mães os afastam da minha cia como se fosse fazer mal a eles, tento manter a paciência com elas e entender que a palavra confiar é difícil de estar entre nós três. Mesmo Catarina se mostrando disposta a confiar em mim, sei que tenho um longo caminho a percorrer.

– O jatinho é uma cortesia da família García, espero que se sintam à vontade e qualquer necessidade que tenham, peço que me chamem!

Catarina tomou um remédio e dormiu durante a viagem, Ágata cuidou dos bebês, percebeu que elas haviam combinado antes.

– Catarina tem medo de viagens aéreas?

– Sim e também porque seu irmão a violentou dentro de um jatinho como esse e Cassius a drogou pela primeira vez, dei dois comprimidos para ela, assim vai dormir a viagem inteira sem pesadelos.

Zeus “comprava” mulheres para vender ou até mesmo colocar no Olímpia para serem prostitutas como todo traficante de pessoas, ele dizia que a dívida tinha que ser paga pela compra feita, portanto elas nunca saiam vivas de lá.

– Catarina foi uma protegida dele?

– Sim, Zeus nunca teve outra protegida antes, era apenas amante de Dana que era a que mandava em todas, mas seu irmão jamais permitiria uma protegida no seu caminho portanto tratava minha irmã como um lixo sendo agressivo e cruel. Além disso, por muito tempo seu irmão considerava protegidas uma distração. No entanto, mudou de ideia com Catarina.

Ágata segurava Hércules nos braços com carinho enquanto Aurora dormia no bebê conforto, ele tinha os olhos azuis da mãe, ele olhava para mim e instantemente sorria.

– Compreendo! Meus irmãos não eram muito próximos de mim, sei mais sobre vocês do que sobre eles. Minha mãe tentou de tudo para me manter longe deles e do meu pai, deu certo já que eles morreram e eu estou vivo.

– Garanto a você que não perdeu nada em não conhecer seus irmãos tão intimamente digo isso por experiência própria. Cassius é meu irmão, fui criada com ele até um certo tempo, mas depois nós nos afastamos, quando voltou, estava diferente, ele se tornou uma pessoa estranha para mim depois que cresceu. No começo ele vinha até Olímpia visitar nossa mãe e a mim, mas depois de um tempo aconteceu alguma coisa e parou de nos visitar, depois o vi mas já tinha 13 anos e mamãe já estava morta.

Ágata falava do irmão com um certo ressentimento e era nítido como o fato dele ter a vendido para o meu irmão deixou marcas profundas em seu coração.  Lembro quando o Cassius chegou em nossa casa, meu pai o tratava com muita crueldade, percebi com o tempo que tanto Zeus como Ares faziam coisas para que Cassius sofresse.

Minha mãe percebeu a maldade que os meus irmãos faziam, então ela disse que se eles não parassem de fazer isso era ela que discipliná-los, é claro que eles não levaram a sério o que minha mãe disse. Pensavam que estavam imunes já que meu pai sempre passava a mão na cabeça deles. No entanto, um dia minha mãe cansada das maldades deles fez algo muito cruel para uma mãe fazer, mas a entendo sem julgamentos.

Meus irmãos eram alérgicos a alguns tipos de alimentos, portanto todas as vezes que eles faziam qualquer coisa para prejudicar Cassius, ela colocava de forma sutil alguma substância que eles eram alérgicos e eles passavam mal durante o dia inteiro. Não sabiam que era ela porque minha mãe sempre teve uma postura muito submissa ao meu pai, eles jamais iriam imaginar que ela faria algo assim, mas minha mãe fez.

Ficamos um bom tempo conversando, pela primeira vez, Ágata parecia mais aberta a me ouvir e consegui ter uma conversa extremamente sadia com ela. Conversamos sobre todo tipo de assunto, alguns envolviam a Olímpia, ela comentou como era a vida lá, como se alimentavam e até como um homem conseguia uma protegida.

– Lamento pelos abortos, você pensa como seria sua vida se as crianças estivessem vivas?

– Sim, mas não gosto de pensar nisso, sinto falta dos quatro como se uma parte de mim tivesse morrido com eles. Pensei muitas vezes se poderia tê-los aqui seria diferente, mas também sei que talvez tê-los vivos comigo seria terrível para eles.

Ágata e Catarina não choram com frequência qualquer pessoa que passou, pelo que elas passaram ficariam se lamentando, mas elas não fazem isso. Apenas seus olhos demonstram a profunda tristeza que foi viver no Olímpia e tudo que perderam vivendo lá.

– Imagino, mas agora você tem Aurora e sei que minha sobrinha é tudo que você sempre quis, me desculpe, sei que não gosta que a chame de sobrinha.

– Fique tranquilo, Hermes, já percebi que você é um chato insistente que não aceita bem negativas. Mas eu não estou brava com você, muito pelo contrário, as crianças gostam de você por mais que eu e Catarina tentemos afastá-los de você, parece que nossos filhos não se importam e continuam querendo ficar perto de você. Para mim, Hermes, é muito complicado confiar principalmente confiar em uma pessoa que é tão ligada a alguém que me fez muito mal, mas preciso aceitar que se as crianças que são puras e inocentes conseguem ver que você é um bom homem, porque eu e Catarina não podemos mudar de ideia?

Ela sorriu para ajeitando Hércules em seu colo, protegendo o bebê como se fosse uma mãe atenciosa, fechou os olhos calmamente como se fosse dormir, mas logo se pronunciou.

– Desde os 13 anos não tenho um bom sono, portanto, vou apenas descansar minha mente, mas estou desperta!

Só de pensar que ela não tem um sono bom por causa de Ares, meu coração se aperta, Ágata era uma criança que não teve chance, a oportunidade de ser feliz foi tirada dela como também sua infância, mas vou mudar tudo isso.


Catarina Onde histórias criam vida. Descubra agora