Epílogo

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Algumas semanas depois

Catarina

Minha viagem para o Brasil foi a melhor escolha que fiz, pude pensar e refletir em minha vida, passei um tempo com Iago que foi muito bom para conhecer melhor meu irmão. Dante ligou algumas vezes, e assim que o vi na casa de Alessa liguei para Iago vir me buscar, eu não poderia continuar convivendo com o homem que foi o principal responsável pela minha desgraça.

— Irmã, não vai embora, por favor. Ele já foi embora, e não vai perturbar você.

— Não, Alessa. Ele é o pai dos seus filhos, é perfeitamente normal ele querer ficar aqui perto deles. Eu vou com meu irmão, passar um tempo com ele, tudo bem?

Ela ficou triste contudo aceitou minha decisão, sei que deveria ter aberto meu coração para perdoar Dante como Alessa fez, mas ainda é difícil para mim. Durante todo o tempo que fiquei aqui na fazenda pude entender melhor sobre mim.

Os dias que passei sentada em frente a cachoeira observando a natureza pude refletir na minha vida. Hércules também amou estar perto da natureza como também com sua priminha, sei que sente falta de Aurora e dos tios, mas preciso ficar um tempo aqui até ter a mente totalmente sã para voltar.

Cheguei na casa de Iago sendo recebida com muito amor e carinho por todos. Meu irmão é cercado de pessoas que o amam e tem por ele uma grande estima. Gosto de ficar mais quieta observando tudo ao meu redor, no fundo, a solidão sempre foi uma cia agradável para mim.

Hércules consegue ser mais sociável, diferente de mim que tento sempre ser, falhando miseravelmente no processo de ser mais sociável. Os meses passaram rápido, por fim, resolvi voltar para Itália.

Meus irmãos me receberam com carinho, estava com saudades deles e da minha sobrinha. Ágata se casa no próximo mês, por isso vim para ajudá-la com os preparativos, Hermes está muito ocupado com a construtora, mas também ajuda com o que pode.

Estou com Hércules dormindo em meus braços, ele tem quase três anos, é um menino bom e dócil apesar de sua aparência ser totalmente de Zeus, não se parece em nada com o pai em sua personalidade. Ouço passos atrás de mim, estou sozinha aqui em casa, estranhamente não tenho medo.

Sei que não é Ágata, muito menos Hermes, ambos estão fora de casa e iriam demorar para chegar. Algumas habilidades que adquiri por conta da cegueira ainda permanecem em mim até hoje, como não esquecer o perfume e a forma como a pessoa anda.

Ele coloca as mãos no meu ombro como se estivesse esperando alguma reação, Hércules continua dormindo alheio a presença dele aqui. Fiquei calma como se já soubesse que ele viria mais cedo ou mais tarde.

— Cassius, boa tarde, como vai?

Seu silêncio parecia o prelúdio de algo ruim, mas eu não tenho mais medo, na verdade, meus sentimentos confusos se tornaram uma grande massa de nada dentro de mim. Ele me abandonou duas vezes, e agora como das demais ocasiões voltou como se nada tivesse mudado.

— Eu preciso de você, Catarina. Esses meses foram os mais horríveis da minha vida, não teve um dia que não pensei em nós.

Respirei fundo pensando no passado que parecia distante, de uma garota que se deixou iludir e ser arruinada por um homem sozinho, perdido e humilhado. Cassius foi forjado no mesmo ferro quente que eu com a diferença principal de que cada um sofreu o que tinha que sofrer e resolveu seguir caminhos totalmente opostos.

— Cassius, você fez uma escolha e deve lidar com ela. Eu soube que voltou para Grécia, e deve retornar, não quero você.

Ele se coloca na minha frente observando Hércules dormindo, ele sabe que não é seu filho, e vejo como isso o faz sofrer.

Catarina Onde histórias criam vida. Descubra agora