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Sandro

— Papai, posso brincar com a prima?

— Claro, filho, vai se divertir.

Sei que Aurélio está apaixonado por Ágata, a questão é que talvez tenha agido de maneira precipitada impondo o arranjo de casamento a Hermes. Sua irmã não está preparada para isso, e eu deveria ter presumido isso.

Gosto de me ocupar com os problemas dos meus irmãos, assim não penso tanto nos meus. Enganei Violeta, a fiz acreditar que era outra pessoa e no final quando descobriu tudo não teve outra opção a não ser ficar. Eu tive medo e agi movido a esse sentimento, fui covarde em muitos aspectos, mas principalmente por não querer admitir a verdade: Violeta sempre se manteve fiel a nós, mesmo quando pensou que eu estivesse morto.

Meu filho está brincando com a prima, mas ele já percebeu que eu e sua mãe não estamos bem, tentamos parecer um casal feliz perto dele porém meu menino não é bobo. Violeta está conversando com Graciela perto das crianças, Paolo está praticamente comendo a mãe da sua filha com os olhos enquanto bebe mais um copo de uísque, logo se não interferir fará um novo escândalo.

— Já chega de beber, Paolo! Vai para o seu quarto, tome um banho e vai dormir.

— Eu não vou! Você não manda em mim, irmão, pode até ser o mais velho, mas não manda em mim.

Ele tentou me dar um soco se levantando da cadeira próxima ao bar quase caindo em cima de mim, segurei Paolo abraçando meu irmão.

— Eu levo você, irmão. Não vou deixá-lo passar vergonha mais uma vez mostrando sua embriaguez, a família já está comentando.

Coloquei um dos braços dele no meu ombro subindo as escadas até o seu quarto, Graciela percebendo a movimentação foi me ajudar mesmo que não precisasse.

— Graciela, você não tem obrigação alguma com Paolo. Toda essa situação é constrangedora demais, além dessa bebedeira dele temos que lidar com aquela mulherzinha. Ainda bem que minha mãe proibiu que ele trouxesse ela hoje.

— Eu sei que não tenho obrigação com ele, mas é o pai da minha filha. Helena se sente mal ao ver o pai assim, é triste vê-lo se acabar dessa forma. Sandro, eu queria tanto que fosse diferente, o problema é que seu irmão não aceita o que houve no passado, pensa que deve se vingar de mim quando no fundo nosso amor era impossível.

Graciela já foi alvo do julgamento do meu irmão por tempo demais, ele está cego pelo que houve no passado, a culpa por não terem ficado juntos mesmo que isso tenha sido uma escolha somente dele.

— Pode ir, eu cuido dele.

— Não. Eu fico, vou cuidar dele, vê-lo desse jeito me corta o coração. Pode ficar tranquilo!

Decidi sair do quarto, Paolo não tem condição de fazer nada contra Graciela no estado que se encontra. Violeta está com as crianças, ela ainda usa roupas pretas, no fundo, acredito que para ela nosso amor morreu.

Eu ainda a amo, e por este amor vou respeitar seu desejo de nunca mais tocá-la por mais difícil que seja para mim. Violeta vem em minha direção séria como sempre, até que nosso filho Alessandro segura sua mão, seu sorriso aparece, ela sabe fingir na presença do nosso filho.

— Helena vai ficar com sua mãe, podemos ir para casa?

— Claro, querida. Alessandro, você não gostaria de dormir aqui na casa da vovó Sara?

Ele começou a pular comemorando dizendo que sim, correu em direção de Helena e minha mãe para avisar que ficaria aqui. Violeta fez uma cara péssima, ela usa Alessandro de escudo como se tivesse medo de ficar sozinha comigo.

Catarina Onde histórias criam vida. Descubra agora